Meia hora antes
Olho o relógio na sala de emergência; já passa das duas da manhã. Estou exausta e preciso dormir um pouco.
Caminho pelo corredor, os passos ecoando no silêncio da noite. Ao passar por Henrique, aviso-o de que vou descansar um pouco.
— Vou dormir um pouco, Henrique — digo, tentando disfarçar o cansaço na voz.
Ele acena com a cabeça, compreensivo. Continuo meu caminho até o vestiário, buscando um momento de paz e descanso.
Quando estou quase lá, um garoto aparece à minha frente. Ele está pálido, os olhos arregalados de medo.
— Você é médica? — ele pergunta, a voz trêmula.
— Sou, sim — respondo, sentindo uma pontada de preocupação. — Precisa de ajuda?
— Preciso. E você vai vir comigo — ele diz, encostando uma arma na minha barriga.
Meu coração dispara. A pressão fria da arma contra minha pele me faz congelar. Tento manter a calma, respirando fundo.
— Ok, tudo bem. Vamos com calma — digo, tentando manter a voz firme e tranquila. — Para onde quer me levar?
Ele me puxa pelo braço, e sinto a arma pressionar mais forte. Caminhamos rapidamente pelo corredor, minhas pernas trêmulas, mas forçando-me a seguir em frente.
— O que está acontecendo? — pergunto, tentando entender a situação.
— K7 foi baleado. Ele mandou chamar a senhora — o menino diz, a voz urgente.
Ele me empurra em direção a um carro estacionado, e em seguida, saímos em disparada pelas vielas escuras do morro. O carro corre por ruas estreitas e esburacadas, forçando-me a me segurar no banco para não ser jogada de um lado para o outro com os solavancos.
Finalmente, chegamos a uma casa precária. Sou empurrada para fora do carro e conduzida com pressa até a entrada, onde homens armados me observam com olhares desconfiados. Passo pela porta estreita, sentindo a tensão no ar.
— Vai, caralho — o menino me empurra novamente, me forçando a entrar na casa.
Ouço uma tosse vindo de um dos quartos. Sigo o som, meu coração batendo forte, e entro em um quarto pequeno e mal iluminado. Lá, encontro um homem gemendo de dor, deitado em um colchão velho. Sangue mancha o chão e as roupas dele, uma visão horrível.
— Vai, doutora — sinto a pressão fria de uma arma contra minhas costas, empurrando-me para frente.
Aproximo-me do homem ferido, Kaio, o dono do morro,, que está tentando estancar o sangramento com uma camiseta suja.
— O que aconteceu exatamente? — pergunto, tentando manter a calma enquanto avalio a situação.
— Tiroteio. Ele levou um tiro na barriga — O garoto responde, sua voz grave e cheia de preocupação.
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Lei do Amor | Capitão Nascimento
De TodoRoberto Nascimento é um capitão do BOPE, um homem cuja vida foi consumida pela carreira militar. Sua dedicação ao trabalho o levou a sacrificar não apenas seu casamento, mas também a convivência com seu filho. Esse sacrifício constante o tornou um h...