Capítulo 18 - Dor

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Hospital São Jorge, Morro dos Prazeres

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Hospital São Jorge, Morro dos Prazeres... duas semanas depois.

Suspiro, passando as mãos pelos cabelos e tentando amarrá-los em um coque apressado. Caminho para a sala de emergência, o peso emocional do dia ainda pesado sobre mim. 

Ao entrar, encontro o Capitão Roberto Nascimento, seu rosto sério e os braços cruzados, uma imagem de determinação e controle. Outro dos seus presos estava na nossa emergência.

Parecia que o Rio de Janeiro não tinha outro hospital.

— Boa tarde — digo, colocando as luvas enquanto me aproximo. — O que temos, Doutor Henrique?

— O nariz está quebrado — ele responde, a expressão de dor evidente no rosto do homem.

— Como quebrou? — pergunto, fixando os olhos no homem.

— Eu caí, doutora — ele diz, a resposta quase automática.

Sempre era a mesma história. Eles sempre "caíam". É um padrão que eu já conhecia bem, um truque que muitas vezes escondia uma verdade mais complicada. 

Viro o olhar para Beto, que está na sala, observando com uma expressão de desconfiança e cansaço. 

— Dê um analgésico, confira se não há sangue no pulmão e, se estiver tudo bem, pode liberar — digo, tirando as luvas e sentindo o peso emocional da situação. 

A decisão da madre sobre Jorge ainda estava ecoando em minha mente, e cada movimento parecia mais pesado do que o normal.

Minha voz soava cansada, um reflexo não apenas da fadiga física, mas do desgaste emocional profundo que eu estava enfrentando. 

O pensamento de não poder mais ver Jorge me consumia, a dor da separação era quase insuportável. 

Quando Beto e eu voltamos para casa naquela tarde, o ambiente estava carregado de uma tristeza silenciosa. 

Eu me fechei no banheiro, o chuveiro ligado, a água quente escorrendo sobre mim enquanto eu chorava, um pranto infantil e desesperado.

Estava tudo indo tão bem, parecia que a vida estava finalmente se alinhando de uma maneira que eu poderia suportar. E agora, de repente, parecia que eu havia perdido tudo de uma vez.

O dia, que começou com uma promessa de alegria e novas memórias, havia se transformado em um lembrete doloroso de que a felicidade era efêmera e frágil. 

— Você está bem? — Beto perguntou, segurando meu braço com uma leve pressão, seu olhar cheio de preocupação e dúvida.

— Eu... — comecei a responder, mas um grito desesperado interrompeu minha fala, preenchendo a emergência com uma urgência.

Corri em direção ao som, encontrando um jovem, provavelmente com cerca de 20 anos, segurando a mão de um menino que parecia ter a mesma idade de Jorge. O garoto estava pálido, seus olhos arregalados com uma expressão de pânico.

Lei do Amor | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora