Capítulo 26 - Doutora

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Morro do Turano, Rio de Janeiro

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Morro do Turano, Rio de Janeiro

Já se passaram três dias desde esmurrei Fraga, e eu não via ninguém além da minha guarnição. Os dias se arrastaram em um turbilhão de atividades incessantes, e eu me encontrava imerso em uma rotina que se resumia a armas, viaturas e homens fardados. 

A pressão e o peso da responsabilidade estavam começando a se manifestar fisicamente, e eu mal tinha forças para levantar a cabeça.

Eu não estava dormindo, as noites se transformando em uma sucessão de pensamentos inquietos e insônia implacável. O cansaço se acumulava, cada dia mais profundo, e a falta de descanso estava começando a afetar não apenas meu corpo, mas também minha mente.

As refeições eram quase inexistentes; a comida parecia sem gosto e sem importância diante da avalanche de tarefas que se apresentavam.

Diana não atendia minhas ligações nem respondia às minhas mensagens, e o silêncio dela parecia uma confirmação dolorosa de que as coisas estavam irreversivelmente rompidas entre nós.

A angústia de não saber o que ela estava pensando, se estava bem ou se estava apenas se afastando ainda mais, era um peso adicional em meus ombros. 

Rafael também estava fora de alcance, sua ausência uma sombra constante na minha mente. As tentativas de contato com ele foram igualmente infrutíferas, e a preocupação com seu bem-estar se misturava com o sentimento de culpa por não ter conseguido proteger o que mais importava para mim.

Me encostei na parede fria, observando o sol se pôr através da janela, suas últimas luzes projetando sombras longas e distorcidas no chão. O ambiente estava imerso em um tom vermelho alaranjado, e a atmosfera parecia carregada de tensão e desespero. 

O garoto, que estava amarrado e com a boca sangrando, continuava com a cabeça enterrada no saco, sua respiração ofegante e desesperada.

02 tirou o saco da cabeça do menino, permitindo que ele buscasse desesperadamente o ar que lhe faltava.

Seus olhos estavam arregalados e cheios de pânico, e ele tentava recuperar o fôlego, a dor visível em cada movimento.

— E aí, filho? — perguntei, a voz baixa e fria, enquanto observava a cena. — Disse que ia ser pior se eu voltasse.

— Eu não menti, senhor — ele respondeu com uma voz trêmula e desesperada.

— Bota no saco de novo — ordenei, meu tom impiedoso enquanto observava os dois homens colocarem o saco sobre a cabeça do garoto mais uma vez. 

O som abafado da respiração dele ficou mais intenso e angustiado, e eu pude ouvir os pequenos gemidos de sufocamento.

O ambiente parecia estar carregado de uma tensão opressiva. Enquanto o garoto lutava por ar, o rádio que estava preso ao meu cinto começou a chiado e emitiu um chamado.

Lei do Amor | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora