Capítulo 08 - Cardiopulmonar

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Clinica Liberte-se

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Clinica Liberte-se

_ Ele conseguiu tirar você de mim – Lídia diz, olhando por cima dos óculos, o olhar dela misturando tristeza e desapontamento.

_ Eu não aceitei, Lídia – digo à minha chefe, tentando manter a voz firme. – Eu só estou te contando porque... – ela me interrompe antes que eu possa terminar.

_ Porque você já está decidida. Se não fosse aceitar, não estaria me falando – ela afirma, sua voz carregada de uma certeza amarga.

A acusação dela confirma o que eu estava sentindo. Eu amava a clínica, era um lugar bom para trabalhar, onde cada dia trazia novas oportunidades de aprendizado e crescimento. As risadas dos colegas, os pacientes agradecidos, a sensação de fazer a diferença, tudo isso fazia parte do que eu adorava ali.

Mas quando vi a situação do hospital, o desespero nos olhos dos médicos, a falta de recursos, o sofrimento dos pacientes, senti uma urgência que não podia ignorar. Era como se uma chama tivesse sido acesa dentro de mim, uma necessidade de fazer algo mais, de ajudar de uma forma que eu não podia na clínica.

_ Eu sei que parece que estou te traindo, Lídia – digo, dando um passo à frente, tentando alcançar o coração dela. – Mas eu preciso fazer isso. O hospital precisa de mim, eles estão precisando de ajuda de verdade. Eu não poderia viver comigo mesma sabendo que virei as costas para essa situação.

Lídia suspira, tirando os óculos e esfregando os olhos com cansaço. Por um momento, vejo a vulnerabilidade por trás da fachada de chefe dura. Ela sempre foi uma mentora e amiga para mim, e deixar a clínica era um passo longo e doloroso.

_ Diana... vá, prefiro que trabalhe com Fábio, que é um excelente profissional, do que com um maluco – ela diz, sua voz carregada de uma resignação triste. – Sempre soube que um dia ia te perder para planos maiores.

_ Vou continuar trabalhando aqui, só que não todos os dias – digo, tentando encontrar um meio-termo. Lídia concorda com um aceno de cabeça.

Nesse momento, o telefone dela toca, a voz da secretária ecoando pelo aparelho.

_ O senhor Roberto Nascimento – a secretária anuncia. Seguro um sorriso ao ouvir o nome.

_ Sim, já atendo ele – Lídia diz, me olhando com um olhar que mistura carinho e uma ponta de saudade. – Vai pra esse bendito hospital e me faz um favor, manda o meu ex pro quinto dos infernos.

Eu rio, levantando-me. Abraço Lídia com força, sentindo a familiaridade e a segurança que ela sempre me proporcionou. Ela foi minha professora na residência e me ofereceu o trabalho na clínica assim que me formei. Foi ela quem abriu portas para mim, e eu sabia que nunca poderia agradecer o suficiente por isso

_ Quer que eu chame o paciente? – pergunto, ainda segurando o abraço. Ela confirma com a cabeça, um sorriso suave nos lábios.

Caminho em direção à porta, cada passo parecendo mais pesado do que o último. Abro a porta e encontro Roberto sentado na sala de espera. Sorrio para ele, tentando esconder a mistura de emoções que borbulha dentro de mim.

Lei do Amor | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora