Hospital São Jorge, Morro dos Prazeres
Solto um longo bocejo, esticando os braços para me espreguiçar. A última semana foi um verdadeiro turbilhão de acontecimentos.
Estava trabalhando mais do que descansando, e as poucas horas que tinha de folga do hospital eram divididas entre meus clientes na clínica particular e as visitas esporádicas a Jorge no abrigo.
Cada dia no hospital era um desafio novo, com casos complexos e urgentes que exigiam toda a minha atenção e energia.
Os turnos de doze horas frequentemente se estendiam, transformando-se em maratonas de atendimento.
Quando finalmente conseguia uma pausa, dirigia-me rapidamente para a clínica, onde meus pacientes me aguardavam, e depois, corria para o abrigo para ver Jorge.
As visitas a Jorge eram os momentos mais preciosos do meu dia. A freira responsável pelo abrigo havia me dito que ele estava se habituando bem ao local.
Clara, a coordenadora, tinha feito tudo ao seu alcance para localizar a mãe do menino, mas até agora, sem sucesso.
Cada vez que via Jorge, sentia um misto de alívio e tristeza. Ele estava seguro e bem cuidado, mas ainda havia uma incerteza sobre seu futuro que me preocupava profundamente.
Hoje, em particular, senti o peso de toda essa correria. Olhei para o relógio e percebi que tinha apenas alguns minutos antes de ter que sair novamente.
Fiz uma nota mental para ligar para Clara e agradecer pelo cuidado extra que ela estava tendo com Jorge.
Decidi também que, neste fim de semana, faria algo especial com ele, talvez uma visita a um parque ou uma tarde de jogos, algo para aliviar a tensão e proporcionar a ele um pouco de alegria
Enquanto me preparava para sair, ouvindo a tranquilidade do hospital que finalmente parecia respirando um pouco de calma, batidas firmes na minha porta me tiraram do meu foco.
— Entre — digo, fechando o laptop com um clique suave, tentando disfarçar a frustração com o súbito atraso em meus planos.
A porta se abre e Henrique, um dos residentes, entra com um olhar preocupado. Ele carrega uma pasta em uma das mãos e um bloco de notas na outra.
— Doutora Diana, preciso de uma avaliação para uma cirurgia — diz ele, e eu levanto a sobrancelha, um sinal claro de surpresa e curiosidade.
— Henrique, você sabe que eu não faço cirurgias — afirmo, tentando manter a voz firme e clara.
Levanto uma sobrancelha, o que costuma ser um sinal de que estou firmemente resolvida.
— Eu entendo, doutora, mas Dr. Fabio está em uma cirurgia com o Dr. Antonio e não pode sair. O Dr. Cesar está preso no trânsito — Henrique explica, com um tom de urgência crescente.
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Lei do Amor | Capitão Nascimento
عشوائيRoberto Nascimento é um capitão do BOPE, um homem cuja vida foi consumida pela carreira militar. Sua dedicação ao trabalho o levou a sacrificar não apenas seu casamento, mas também a convivência com seu filho. Esse sacrifício constante o tornou um h...