Capítulo 11 - Faca

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Hospital São Jorge, Morro dos Prazeres

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Hospital São Jorge, Morro dos Prazeres

Solto um longo bocejo, esticando os braços para me espreguiçar. A última semana foi um verdadeiro turbilhão de acontecimentos.

Estava trabalhando mais do que descansando, e as poucas horas que tinha de folga do hospital eram divididas entre meus clientes na clínica particular e as visitas esporádicas a Jorge no abrigo.

Cada dia no hospital era um desafio novo, com casos complexos e urgentes que exigiam toda a minha atenção e energia.

Os turnos de doze horas frequentemente se estendiam, transformando-se em maratonas de atendimento.

Quando finalmente conseguia uma pausa, dirigia-me rapidamente para a clínica, onde meus pacientes me aguardavam, e depois, corria para o abrigo para ver Jorge.

As visitas a Jorge eram os momentos mais preciosos do meu dia. A freira responsável pelo abrigo havia me dito que ele estava se habituando bem ao local.

Clara, a coordenadora, tinha feito tudo ao seu alcance para localizar a mãe do menino, mas até agora, sem sucesso.

Cada vez que via Jorge, sentia um misto de alívio e tristeza. Ele estava seguro e bem cuidado, mas ainda havia uma incerteza sobre seu futuro que me preocupava profundamente.

Hoje, em particular, senti o peso de toda essa correria. Olhei para o relógio e percebi que tinha apenas alguns minutos antes de ter que sair novamente.

Fiz uma nota mental para ligar para Clara e agradecer pelo cuidado extra que ela estava tendo com Jorge.

Decidi também que, neste fim de semana, faria algo especial com ele, talvez uma visita a um parque ou uma tarde de jogos, algo para aliviar a tensão e proporcionar a ele um pouco de alegria

Enquanto me preparava para sair, ouvindo a tranquilidade do hospital que finalmente parecia respirando um pouco de calma, batidas firmes na minha porta me tiraram do meu foco.

— Entre — digo, fechando o laptop com um clique suave, tentando disfarçar a frustração com o súbito atraso em meus planos.

A porta se abre e Henrique, um dos residentes, entra com um olhar preocupado. Ele carrega uma pasta em uma das mãos e um bloco de notas na outra.

— Doutora Diana, preciso de uma avaliação para uma cirurgia — diz ele, e eu levanto a sobrancelha, um sinal claro de surpresa e curiosidade.

— Henrique, você sabe que eu não faço cirurgias — afirmo, tentando manter a voz firme e clara.

Levanto uma sobrancelha, o que costuma ser um sinal de que estou firmemente resolvida.

— Eu entendo, doutora, mas Dr. Fabio está em uma cirurgia com o Dr. Antonio e não pode sair. O Dr. Cesar está preso no trânsito — Henrique explica, com um tom de urgência crescente.

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