Capítulo 62

1.3K 166 49
                                    

Seattle, Washington
2009

O corpo humano é um sistema altamente pressurizado. A pressão arterial é a força com que o sangue pulsa nas artérias, é importante manter essa pressão regulada. Uma pressão muito baixa pode causar fraqueza ou desmaios. Mas quando a pressão sobe demais, é que os problemas aparecem.

Alina estava encostada na porta do quarto de visitas observando Callie, que ainda chorava sobre a cama, de pijama, descabelada e cheia de lenços de papel e garrafas de uísque. Já havia completado uma semana que Arizona foi embora para a África, e nos últimos minutos, no meio do aeroporto, terminou com a Torres. Alegando que ela não queria ir, e que estava destruindo o sonho de Arizona de ajudar as criancinhas doentes da África. Desde então, Callie se enfiou no quarto de hóspedes de Mark e Alina, e não saiu mais.

— Callie, quer café? Eu acabei de fazer. — Alina perguntou.

— Não, valeu. — Callie respondeu.

— E comer? Quer comer algo? — Alina insistiu.

— Você não tinha que ir ao hospital hoje? — Callie perguntou, enterrando o rosto no travesseiro.

— Atingi oitenta horas e o chefe me mandou pra casa ontem a noite. — Alina confessou. — Bom, estou lá em baixo se precisar.

Alina desceu as escadas, pronta pra olhar mais café na cozinha. Seu celular em cima do balcão vibrou, chamando sua atenção. O contato salvo como "Amor" brilhava no visor.

— Oi amor, que horas acaba seu plantão? Já tô com saudades.

"Oi meu amor, vou até a noite hoje. Talvez a gente possa fazer alguma coisa diferente hoje, tô morrendo de saudade."

— Esqueceu da nossa hóspede?

"Droga! Como tá a Callie?"

— Péssima, enfiada lá no quarto ainda. Não quer comer, e recusou até café. A Arizona acabou com ela, parece até que tá doente. Ela vomitou duas vezes hoje de manhã, e tá abatida.

"Isso é um saco. Mas amor, te liguei pra contar uma coisa. Tá sentada?"

— Não. Por que? Tá me assustando.

"Então senta. A Cristina pediu demissão ontem."

— Que? Como? Por que?

"Não sei dos detalhes, só sei que ela se demitiu. Talvez deva ir falar com ela."

— Não nos falamos desde a discussão no terraço.

"Amor, ela é sua irmã. Precisa fazer alguma coisa."

— Eu sei. Obrigada por me contar.

"Não foi nada. Até mais tarde, te amo."

— Também te amo.

Alina encerrou a chamada, mas ficou parada olhando a tela do celular em choque. Cristina havia pedido demissão, cirurgia era a vidade de Cristina Yang, se ela havia desistido, as coisas estavam piores que Alina imaginava.

Ela respirou fundo, olhando ao redor da cozinha pensando no que fazer. Olhou pra cima, se lembrando que no quarto no segundo andar havia outra de suas amigas destruída. Então ela se levantou da cadeira e subiu as escadas, marchando com autoridade até o quarto que a Torres ocupava.

Alina entrou acendendo a luz, abriu as cortinas para o sol entrar e puxou a coberta de cima de Callie.

— Alina! — Callie gritou, encolhendo as pernas.

Código Azul Onde histórias criam vida. Descubra agora