Código Azul

Capítulo 36

Seattle, Washington
2007

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Pelo menos é o que dizem...
Ele criou as aves do céu, as feras da terra, olhou pra criação e viu que era boa.
Depois Deus criou o homem, e tudo foi ladeira a baixo desde então.

A história diz que Deus criou o homem a sua própria imagem, mas não há provas disso.
Afinal, Deus criou o sol, a lua, as estrelas. E o homem só sabe criar problemas.

E quando o homem arruma problemas, o que é quase o tempo todo, ele se volta ora algo maior que ele mesmo. Para o amor, ou religião, tentando achar algum sentido.
Mas para um cirurgião, a única coisa que faz algum sentido é a medicina.

Derek havia arrancado Mark e Alina da cama às 5:00 da manhã com uma ligação, dizendo que eles deveriam encontrá-lo no trailer, no mato que ele chamava de casa.

— Eu não aguento mais andar Derek, é sério. —Alina disse, dobrando-se sobre os joelhos, tentando respirar o ar gelado que cortava seus pulmões. — São seis da manhã, e você já me obrigou a andar mais que um maratonista.

— Tá levando a gente onde em? — Mark perguntou, puxando a namorada pela mão.

— Estamos cada vez mais dentro do mato, se eu soubesse que iríamos caminhar não estaria usando minhas botas novas. — Alina rebateu.

— Por que se preocupam tanto com o destino? Por que não curtem a caminhada? — o Shepherd perguntou.

— Porque estamos usando sapatos de no mínimo trezentos dólares. — Mark rebateu, fazendo Alina acenar positivamente.

— A Meredith disse que não quer que eu saia com outras. — o Shepherd confessou, respirava profundamente.

— Isso é bem óbvio. — Alina disparou, segurando a mão de Mark para subir a pequena ladeira.

— Ela sabe que andou flertando com a Rose? — Mark perguntou.

— É bom que saiba, porque eu não vou esconder isso dela. — Alina disse, recebendo uma encarada do Shepherd.

— Ótima amiga você em. — ele disse, cruzando os braços.

— Não vou ficar no meio de vocês, porque amo os dois. — ela rebateu, percebendo a expressão dele se suavizar. — Então se resolvam ou vão acabar me matando.

— Não tem nada entre a Rose e eu. — Derek disse, acabando de subir a ladeira.

— Acho bom que não tenha. — Alina disse, apoiando as mãos na cintura com cansaço quando parou ao lado do Shepherd.

— O que vocês acham? — ele disse, dando uma volta completa com os braços abertos.

— Que a Rose gosta de você. — Mark constatou, fazendo Alina rir da distração do namorado.

— Não...da vista. — Derek disse, apontando mais uma vez a vista da cidade iluminada abaixo da montanha.

— Mais mato...mas não deixa de ser bonito. — Alina disse, cruzando os braços com um sorriso no rosto. — É quase poético.

— E o que é que estamos vendo? — Mark perguntou, abraçando Alina por trás quando a brisa fria soprou neles.

— A vista da minha casa nova. — o Shepherd disse sorrindo, ele parecia feliz.

— Já era hora mesmo de se mudar daquela lata velha. — a Koracick disse, sentindo o movimento do peito do Sloan quando ele riu.

— Você vai ter um quarto, provavelmente a Cristina também terá. — Derek disse, arrancando um sorriso da amiga.