Código Azul

Capítulo 61

Seattle, Washington
2009

Médicos são treinados lentamente, primeiro praticamos em sapos, depois em porcos, depois em cadáveres, e só depois em gente viva. Os professores são implacáveis conosco, nos criam como se fôssemos seus filhos, e um dia, sem dó nem piedade, nos chutam pra fora do ninho.

Ano novo, vida nova, problemas antigos.

O casamento e a lua de mel de Mark e Alina se estenderam até as festas de fim de ano, e após um mês viajando, eles estavam de volta. Aquele dia seria o primeiro de volta ao trabalho. E os dois estavam mais que ansiosos.

Os residentes estavam reunidos no vestiário, Richard estava de pé diante da porta. Uniformes em azul marinho entregues a cada residente do quarto ano.

— Eu levo muita fé em vocês, muita fé. Foi por isso que eu escolhi vocês. Eu treinei vocês. Conheço o trabalho de vocês e sei que são capazes, é por isso que hoje é diferente. Hoje vamos tirar as rodinhas, vamos soltar a mão do guidom. — Richard disse, olhando um a um seus residentes.

— Uniforme novo? — Meredith perguntou, esticando o uniforme azul escuro diante dos olhos.

— Uniforme de titular. — Richard respondeu. — Hoje serão titulares, tomem decisões, tomem a frente, mas não vacilem.

Alina arrancou a blusa do uniforme sobre a cabeça, trocando pelo uniforme novo. Cristina ainda estava sentada, encarando o uniforme azul escuro nas mãos.

— Os Staffs estão aí, estamos basicamente só mudando de uniforme. — Alina disse, tocando o ombro da Yang.

— Não tem que se preocupar. — Meredith garantiu.

— Como foi a lua de mel? — Cristina perguntou, desviando o assunto.

— Incrível, conhecemos muitos lugares, culturas, em fim... coisas de lua de mel totalmente planejadas pela minha mãe. Mas nós já estávamos loucos pra voltar ao trabalho. — Alina sorriu, olhando as amigas.

— Que bom que está tão feliz em voltar Koracick. — Richard disparou, chamando a atenção dos residentesmais uma vez.  —Vamos lá... Yang e Kepner vão pra cárdio. Karev e Grey, plástica. Avery e Koracick, neuro.

— Vamos lá? — Alina disse, se aproximando de Jackson. Ele apenas acenou, saindo depois dela.

Os dois deixaram o vestiário em silêncio, caminhando na direção do elevador. Não era um silêncio bom ou confortável, era estranho e um pouco constrangedor. O elevador chegou e eles entraram, ainda em silêncio.

— Então, agora vão ter chamar de Doutora Koracick Sloan? Ou de Doutora Sloan? — Jackson perguntou, olhando na direção dela.

— Que? Não! — Alina respondeu, franzindo as sobrancelhas. — Continuo a Doutora Koracick, só isso. Eu acrescentei o sobrenome do Mark ao meu, mas não vou tirar o nome do meu pai. — ela sorriu, olhando Jackson em seguida. — Quero ser conhecida pelo sobrenome do meu pai. Você ainda vai ver Doutora Alina Koracick escrito nos livros de medicina.

— Que bom, seria estranho te chamar de forma diferente. — ele disse, desviando o olhar.

— Jack, eu queria te pedir desculpas. Sabe...pelo dia do casamento. — Alina falou, olhando o chão do elevador fixamente. — Por te pedir que entrasse comigo.

— Tudo bem, não foi nada. — ele respondeu, olhando na direção dela. Mas os olhos... esses estavam vermelhos. Como se segurasse as lágrimas com toda força.

— Foi sim, mas eu estava surtando, estava desesperada e não pensei direito. — ela disse, desviando o olhar. Prendendo uma mecha de cabelo atrás da orelha. — E como uma forma de compensar meu egoísmo, não vou competir hoje. A cirurgia é sua, e eu te auxilio.