A morte nunca me assustou, para mim, sempre foi um mal inevitável, vai acontecer com todos nós um dia, mas eu não esperava que a minha morte estava tão perto assim.Eu nunca quis morrer de verdade, nem mesmo quando eu só pensava em suicídio, eu não queria acabar com minha vida, eu queria acabar com todo o meu sofrimento.
Sempre achei a morte curiosa, oque acontecia após ela? Vida pós morte? Você apenas dormia? Seu espírito vagava? Oque de fato acontecia?
Eu não tinha mais salvação, minha morte aconteceria, os próprios médicos informaram isso, eu estava esperando por isso desde de manhã quando informaram que não tinham mais oque fazer por mim.
Os remédios não faziam mais efeito, o tratamento foi falho, parece que meu mundo caiu, toda a esperança desmoronou.
Por mais que eu não acreditasse mais que viveria e nem tivesse possibilidades para isso, uma pontinha dentro de mim ainda me imaginava saindo daqui viva, eu me imaginava tendo um futuro, vivendo tranquilamente ao lado do meu marido e morrendo velhinha ao lado dele.
Eu sabia que as cartas e vídeos seriam entregues, Doprê se encarregaria disso, ele não me decepcionaria e faria isso por mim assim como eu havia pedido a ele.
Desde que a Vitória veio aqui e me pediu desculpas, ela começou a me visitar com frequência, viramos amigas de novo e isso parece que me deixou mais leve, não existia mais odio nenhum no meu coração, parecia que tudo que existia em mim agora era paz.
Tudo parecia estar se encaminhando para uma morte tranquila, mas eu não queria acreditar nisso.
Hoje meus amigos já haviam vindo e me feito uma visita, eu abracei todos, dei um beijo no meu namorado que talvez será o último assim como os abraços. Pela manhã, Nicolas ficou o tempo todo abraçado comigo.
Barreto ficou praticamente o tempo todo ajoelhado segurando a minha mão e orando, algumas vezes alguns amigos meus se juntavam com ele.
Nicolas chorou feito uma criança grande, ficava me abraçando e beijando meu rosto e pescoço, antes de ir embora, ficamos um tempo sozinhos, conversamos, choramos e nos declaramos um para o outro.
Todos choraram ali, alguns mais que outros, mas todos ficaram tristes, a maioria dos meninos saia para fora do quarto para chorar, eles não queriam que ninguém os visse demonstrando "fraqueza".
Eu não chorei nenhuma vez na frente deles, não queria fazer eles se sentirem piores me vendo chorar, mas quando eles saíram, a história foi outra, eu chorei como nunca antes, chegou ao ponto de eu ficar sem respirar direito até mesmo com o oxigênio, entrei em um verdadeiro pânico, para o meu azar, as enfermeiras viram e eu tive que tomar mais remédio para "melhorar" era oque elas diziam, mas elas só me doparam mesmo para não sentir mais nada.
E realmente parece ter funcionado, já que eu não tive mais nenhuma reação, só conseguia ficar olhando para o teto sem fazer nada, não conseguia me mexer para nada.
Deveria ser um crime oque fizeram, se eu sobrevivesse até amanhã, eu concerteza falaria isso para a Kauane e ela denunciaria essas mulheres, dar um remédio para amenizar acho que tudo bem, mas me doparem ao ponto de eu nem conseguir me mexer? Isso era uma palhaçada.
Por mais que eu estivesse dopada, parecia que eu sentia tudo mais que antes, sentia o soro entrando nas minhas veias, sentia o oxigênio entrando nos meus pulmões, sentia tudo com mais intensidade, eu sentia como se estivesse morrendo.
Nada estava certo comigo, parecia que eu tinha ingerido alguma droga pesada.
Fechei meus olhos por alguns momentos, tentando me recuperar, quando abri, vi o Nicolas na minha frente na maca.
Tão real...
Tão real para uma alucinação.
- Helo, você ta bem? - eu escutava a voz dele ecoando na minha cabeça enquanto via a imagem embaralhada dele na minha frente.
- Nic? - eu perguntei, mesmo sabendo que não era ele, morrer vendo o rosto do amor da minha vida não parecia uma ideia tão ruim assim.
- Amor, você precisa descansar - ele dizia, a voz parecendo tão distante enquanto eu vía ele tão perto.
Eu sabia que nada daquilo era real, eu só estava muito doida, mas eu não queria simplesmente dormir, eu faria de tudo para ver o rosto dele o máximo de tempo, morrer vendo o rosto que eu tanto gosto não é uma má ideia.
- Dorme, pode dormir - ele chega perto de mim, encarando meus olhos.
- O Nilo - eu falo com dificuldade, direcionando meus olhos até o ursinho de pelúcia que ficava ao meu lado.
Fiz um grande esforço, mas consegui pegar a pelúcia, abracei o urso, estava com o cheiro do meu namorado, eu acho que não poderia morrer sentindo um cheiro melhor que esse.
Olhando para cima, eu ainda via o meu namorado, bom, uma alucinação pelo menos.
Senti meus olhos fechando lentamente, como um sono me atingindo, nada mais me prendia.
Só então eu entendi, eu nunca quis morrer de verdade.
O ar não chegava mais aos meus pulmões, então, memórias felizes começaram a passar pela minha cabeça, coisas que eu nem lembrava direito, mas aquele momento me fez lembrar. Meu primeiro beijo com o Nic, minhas brincadeiras com meus amigos, eu e a Lili no mar, o Magrão e eu jogando videogame, o Doprê me levando nas costas, eu e o Jota incomodando a Kakau, a Kauane e eu nos maquiando, Barreto no mercado incomodando a Kakau, a Maria e a Levinsk dançando comigo. Depois de sete minutos, todas memórias pararam junto com meus batimentos cardíacos.
Eu estava morta.
Tudo que eu fui e seria algum dia, acabou.
Talvez em outra vida, eu consiga ter um futuro feliz.
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Salvação 2 - Nicolas mc.
Teen FictionHeloísa achou sua Salvação assim que encontrou Nicolas, mas você já escutou que a sua Salvação também pode ser a sua perdição? Um relacionamento é feito de aprendizados e lições, mudanças e companheirismo mas sera que dois adolescentes conseguem c...