Rastreando Ultron

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E depois de 3 meses, eis que retorno! Juro que não é por mal essa demora toda, mas escala 6x1 mata qualquer um...

Agora a jiripoca pia, porque Ultron está à solta e o time está por um fio de pularem na garganta uns dos outros... As tensões vão escalonar!!

Sem enrolação, boa leitura!!!





      
    O time silenciou por algum tempo, ante as novas informações. Ultron estava construindo algo grande com o Vibranium, mas seu acesso a armamento nuclear fora limitado. A Inteligência Artificial tinha um inimigo. Mas esse inimigo era aliado, ou mais uma ameaça?
    — Honestamente, chefe, achei que ia ter mais do que isso. – Natasha encolheu os ombros, tensa.
    — Eu tenho: vocês. E tenho a pessoa que achou essa anomalia, de olho em qualquer novidade. – Fury tocou a tela do datapad, e a chamada se iniciou no viva-voz:
    — Você ligou para a divindade dos entraves tecnológicos. Qual sua aflição, mortal? – a voz de VI soou na sala, fazendo Lucy abrir um sorrisinho de reconhecimento, enquanto Fury, Clint e Natasha reviravam os olhos:
    — Sempre isso, VI? Está plagiando a Penélope Garcia. – Clint brincou com o colega mais jovem.
    — Ela é quem me plagia, Gavião, sou mais antigo que a série. A propósito, preciso te devolver a flecha.
    — Que flecha?
    — A que acertou meu coração, Cupido.
    — Merda, VI, na frente da minha esposa? – Barton brincou de volta.
    — ai, puxa, era segredo? – VI não conseguiu segurar mais o riso. – Desculpa, Barton, provocar vocês é o ponto alto da minha semana. Ajuda a desestressar com a possibilidade de morte iminente.
    — Vou te arranjar um passatempo, pivete.
    — Agente V-06, chega de brincadeira. Está gastando nosso tempo. – Fury ralhou, embora todos ali soubessem ser tão eficaz quanto dar uma bronca em Tony.
    — Okay, Nick... Estraga-prazeres. Bom, traduzindo para linguagem normal, alguém está rodando um software de codificação que altera constantemente os códigos de acessos nucleares, mais depressa do que Ultron consegue descriptografá-los. Pensei que eram apenas as ogivas dos EUA, mas está rodando ao mesmo tempo na Rússia, China, Índia e mais uma galerinha detentora desse tipo de armamento que eu não posso citar nomes, mas todos sabem quem são. – o datapad abriu um mapa-múndi Tentei rastrear a origem, mas vem de IPs múltiplos e simultâneos, então... Ou o Anonymous botou toda a equipe para trabalhar, ou temos um rival para o Ultron.
    — Conseguiu acessar a rede central do Nexus, em Oslo? – Tony indagou, a mente trabalhando a mil.
    — Minhas credenciais só operam dentro dos EUA, sr Stark. Chequei o que consegui, mas precisaria acessar de dentro.
    — Eu vou para Oslo, então. Continue monitorando por fora, e me avise de qualquer mudança enquanto estou a caminho; vou te passar códigos de varredura para minha rede de transmissão de satélites, vai te dar cobertura mais ampla, provavelmente o Ultron se infiltrou também. Se achar anomalias, me chame na hora. – ah, a falta que JARVIS fazia...
    — E o que sabe sobre o que Ultron está construindo? Conseguimos localizar esse cara? – Clint insistiu.
    — Ele está em todo lugar. Na internet, no mundo... – VI respondeu. – Ele fica criando corpos mais aprimorados para si mesmo.
    — Corpos humanoides... – Tony franziu o cenho. – Não faz sentido. A forma humana é biologicamente pouco eficiente.
    — Quando o programaram para proteger a humanidade, vocês erraram feio. – Natasha suspirou, tamborilando os dedos sobre o desenho que Lila lhe dera.
    Banner estava silencioso por todo esse tempo, mas enfim pareceu entender:
    — Proteger, não... Evoluir. A humanidade precisa evoluir. É isso o que ele está tentando fazer. – um estalo. O passo adiante na humanidade... – Alguém falou com a Ellen Cho, nos últimos dias?
   
    *
   
    — Vou levar Nat e Clint. — Steve declarou para Tony, acoplando o escudo às costas.
    — É só reconhecimento, vou até a Nexus e nos encontramos assim que puder. Se Ultron estiver construindo um corpo, vai ficar mais poderoso que qualquer um de nós. Que todos nós.
    — Um androide projetado por um robô... Sinto falta de quando eu era a coisa mais estranha feita pela ciência.
    — Vou deixar o Banner na Torre... E levar a Romanoff. A pequena – ele reconsiderou – digo, a criança. – Tony riu quando Natasha esfregou a ponte do nariz com o dedo do meio.
    — Coisa feia, Romanoff! Temos crianças no recinto!
    — Pro inferno, vocês três. – A espiã colocou um casaco em Lucy, que tinha um beicinho. – Chegando na Torre, fique o tempo todo com o dr Banner. Logo estaremos de volta.
    — Se proteja, Mama. Não lute com os Maximoff, de novo. Eu... Queria ir junto, mas não fui muita ajuda...
    — Vou evitar confrontos o quanto puder. Tudo vai acabar logo, prometo, e você já fez demais, até aqui. Agora, vá com o Nick e obedeça. – Natasha deu um beijo na fronte da filha e observou enquanto Fury levava a menina e o cientista para seu carro. Poucos minutos depois, Clint e Steve se juntaram a ela; deixariam Tony em Oslo, e de lá voariam para Seul.
   
   
   
    New York, dois dias depois
   
   
    Lucy desceu correndo as escadas ao ouvir a chegada do quinjet, mas paralisou quando viu apenas Clint descer da nave, empurrando o Berço até o laboratório; seus pezinhos se atrapalhavam nos degraus enquanto ia para junto dos tios, a tempo de ouvir a conversa:
    — Se a Nat tivesse morrido, Ultron estaria esfregando isso na nossa cara... – Tony interrompeu a frase ao ver a afilhada, cuja voz saiu quebrada:
    — Cadê Mama e Papa...?
    — O Capitão está procurando sua mãe... – Clint tinha o semblante derrotado, como se os últimos dias o tivessem envelhecido uma década; abaixando-se sobre um joelho, o arqueiro abraçou a menina. – Ela está bem. Vamos achá-la.
    Lucy se afastou, atordoada, os olhos ardendo... Olhou para o tio, e viu as iris cinzentas escurecidas, lágrimas retidas atrás das pálpebras...
    — Ache a Mama. Você precisa achar a Mama, tio Clint...
    — Eu vou. É uma promessa. Sua mãe já sumiu outras vezes... Daqui a pouco Ultron vai entrar em contato perguntando o que queremos para aceitar aquela aranha louca de volta.
    A tentativa deu certo, arrancando um leve sorrisinho da menina, que se agarrou o tio. Os últimos dias vinham sendo simplesmente... demais. Muito além do que todos eles conseguiam lidar, e Lucy era só uma garotinha. Barton sentia seu peito dilacerado, e segurou a pequena contra si como faria a Cooper ou Lila:
    — Desculpe, baixinha. Desculpe por tudo isso... – Ele encarou Tony e Banner. – A Nat vai tentar comunicação por vias analógicas. Vocês cuidam do berço, eu vou achar a Romanoff.
    – Vai. Lucy, você nos ajuda, okay? – Tony chamou a pequena, estendendo-lhe a mão; após um breve momento de hesitação, a criança aceitou e segurou os dedos do tio, adentrando o laboratorio.
    O espaço tinha todas as bancadas afastadas, o vão branco e cinza dominado pelo objeto em forma de caixão que vibrava com o que parecia ser energia própria. Aproximando-se do berço, a garota franziu o cenho: reduziu a intensidade de seus bloqueadores e se aproximou mais. O objeto emitia uma fraca luminosidade amarelo-ouro, pulsando com uma frequência baixa e suave...
    — Estão ouvindo isso? – Lucy perguntou, encarando o objeto. Era como um zumbido baixo, mas não apenas ruidoso... quase como uma melodia. Uma frequência que... esvaziava tudo. Sua mente parecia se acalmar e esvaziar de qualquer coisa externa àquela vibração, e por instinto a pequena se aproximou ainda mais.
    – Deve estar ouvindo ruído do campo eletromagnético, Lucy... – Banner sugeriu, checando os monitores do corpo sintético; contudo, conforme a menina se aproximava, pequenas oscilações se manifestavam no campo gerado pelo que quer que estivesse ali dentro.
    – Não... eu conheço ruído de fundo, isso é... diferente. – A mãozinha dela tocou a tampa, e os monitores apitaram com a intensidade da resposta da gema no interior! Tony imediatamente a puxou para trás.
    – Lucy! – Assim que ela foi afastada do berço, a gema retornou aos níveis normais de energia. Os cientistas franziram o cenho, e Stark a colocou atrás de si. – Okay, sem tocar em nada potencialmente reativo, certo?
    – Está sonhando. O que quer que esteja ali dentro... Está vivo. – Lucy sussurrou. – Está falando comigo...
    – E o que está dizendo, Lucy? – Banner se abaixou, preocupado.
    – Não tenho certeza... – Ela se afastou, por segurança, mesmo que seu cérebro parecesse coçar de ansiedade por descobrir mais. – Vão destruir isso, agora?
    Banner ia responder, mas Tony respondeu em antecipação:
    — Então, Bruce... Sobre isso...
    Um momento de silêncio, e então Banner e Lucy se manifestaram em conjunto:
    — Não!
    – Pensem...
    — Não! – Banner insistiu. – Foi exatamente aqui que tudo começou! Eu estou num loop temporal!
    – Temos nossa chance, não podemos simplesmente desperdiçar isso! – Tony tocou a tampa do berço. – O cara rival de Ultron? Recriptografando os códigos nucleares? Eu o achei!
    Tony acenou com a mão, e uma conhecida holografia alaranjada se manifestou. JARVIS.
    – Ultron desintegrou a interface de JARVIS, mas não seus protocolos. Esse tempo todo ele veio vencendo Ultron, impedindo-o de destruir a Terra.
    — Quer que eu te ajude a colocar JARVIS nisso?? – Havia incredulidade na voz de Banner.
    — Não. Eu quero ajudar você a colocar JARVIS no corpo de Vibranium. Estamos fora da minha alçada, bioengenharia é a sua área.
    Por um momento houve silêncio, e então Lucy se manifestou com veemência:
    — Foi exatamente assim que tudo começou! A equipe está confiando em você, e você vai enfiar uma faca nas costas deles outra vez! Foi a sua brincadeira que fez a minha mãe estar desaparecida, talvez morta!!! – A menina explodiu. – Que quase nos matou uma dúzia de vezes na última semana!!
    — Lucy... eu sei. Eu errei, mas estou tentando consertar isso. JARVIS é uma interface completa, está nos ajudando mesmo enquanto estava desintegrado... – Stark segurou as mãos da afilhada. – É a nossa única chance de sobreviver. – Ele encarou Banner. – Eu sei o que vão dizer, mas já estão dizendo. Somos cientistas loucos. E podemos consertar o que estragamos, antes que tudo fique fora de controle.
    Lucy balançou a cabeça. Sua voz estava entalada em sua garganta, o medo paralisando-a quanto a qualquer decisão dos tios. Parte de si a empurrava em direção a chamar Clint e delatar o ocorrido... Mas e se fosse sua única chance? JARVIS desde sempre protegera e cuidara da equipe...
    — Lucy... Confie em nós. Vai dar certo. – O bilionário abraçou a menina. – Nós vamos contar.... assim que estiver tudo feito. – Afastando-se uns centímetros, ele a encarou nos olhos. – Seu sonho... o que a Maximoff te mostrou... Eu também vi, Lucy.
    — Não se atreva a me manipular, Stark. – A garota sibilou. – Sou uma criança, não idiota. Eu sei o que está em jogo, mas foi a sua tentativa de fugir da sua visão que fez essa merda toda!!
    A criança se afastou, apertando as mãozinhas contra os flancos, e olhou duramente para Tony:
    — eu não vou contar nada... ainda. Mas se alguma coisa der errado, tio Tony, você vai ser o responsável. – Ela segurou um soluço. – Não posso perder vocês... Nenhum de vocês. E se aquela coisa for mais um monstro... eu vou dar um jeito de destruir, mesmo se custar a minha vida. E a responsabilidade vai ser sua. Tenha muita noção disso. Não posso perder mais ninguém. Não vou perder.
    — Nem eu. É por isso que vai dar certo.
   
    *
   
    Natasha acordou com a sensação de milhares de agulhas se enterrando em seu corpo, a cabeça pesada e latejando; movimentou as extremidades, aliviada em senti-las, e captou um sem fim de ruídos metálicos, cliques, batidas... Engrenagens que giravam e rangiam como os gritos de condenados, um bafo fumegante de vapor e óleo queimado a permear o ar que entrava por seus pulmões, tornando-o grosso e pegajoso... O chão vibrava sob si como as cordas esticadas de um violino, de tal forma que ela podia sentir os barulhos, muito antes de os ouvir... Sua cabeça pulsava com dor surda, e finalmente conseguiu forçar seus olhos a se abrir; estava em alguma espécie de porão ou caverna, rodeada por peças de metal e maquinaria operante. Ultron se debruçava sobre uma mesa na qual jazia mais um corpo cibernético, trabalhando nas partes, enquanto uma cascata de metal fundido escorria por uma calha em direção a um leito profundo... Um brilho laranja intenso irradiava do peito do ciborgue e das partes acopladas a ele, e a espiã não conseguiu se impedir de respirar uma fração de segundo rápido demais ante a dimensão daquele novo corpo, denunciando seu estado desperto.
    – Eu não tinha certeza se você ia acordar, mas esperava que sim. – A voz do androide soava mais leve do que ela lembrava, quase macia, e com fortes notas melancólicas. Seus olhos âmbar avermelhados se voltaram para a mulher, enquanto ele continuava a mexer nas peças metálicas sobre a mesa. – Eu queria lhe mostrar... Já que não tenho mais ninguem.
    Natasha olhou em redor, as dezenas e dezenas de braços robóticos construindo, soldando, encaixando, fundindo... Rangidos e cliques e batidas e clangor de metal no metal permeavam o ar, impregnado com vapores de graxa e óleo. Centenas de androides perfilados, saindo um após o outro das mesas de montagem, seus olhos se acendendo quando os reatores arc eram inicializados... Deus! Um pequeno exército comandado pela AI! A espiã sentiu calafrios, a respiração acelerando ante todas as implicações possíveis daquilo, todas elas calamitosas. Testando seus membros, Romanoff ergueu a cabeça e ombros do chão, mas o mundo girou, impedindo-a de ficar sequer de joelhos; der'mo... provavelmente uma concussão. Sentindo seu corpo tremer internamente, de esforço e medo, a mulher manteve os olhos sobre Ultron, tomando gradualmente maior consciência do estado do próprio corpo: o rosto latejava e a bochecha direita inchava com o que viria a ser um hematoma, braços e pernas doloridos da luta e da brusca aceleração sofrida quando Ultron a puxou com violência para fora do quinjet, certamente tendo sido ali que seu cérebro chacoalhou na caixa craniana. Fora de condições de correr, ou de lutar, pelo menos naquele momento... Quase podia sentir o leve edema encefálico.
    — Eu penso muito sobre meteoros; a beleza deles. Sua inevitabilidade e pureza. Um instante apenas e... "bum"! A vida recomeça do zero. Uma nova era a ser construída. – embora o androide não pudesse propriamente sorrir, seu gestual mudou para denotar um deboche sarcástico ao se endireitar e caminhar em direção a Natasha; a russa conseguiu manobrar o corpo e se sentar, mãos e pés apoiados no chão, se fosse necessário  recuar mais, músculos tensos e prontos a agir.
    — Eu deveria ser novo. – Ultron seguiu com seu monólogo. – Eu deveria ser muito bonito. As pessoas me olhariam e veriam redenção, esperança... – O tom sonhador cedeu lugar a uma inflexão frustrada e raivosa. – Em vez disso, verão terror. – Mais um passo adiante, e Natasha recuou alguns centímetros, agulhadas alfinetando seus nervos. — Vocês conseguiram me ferir, eu reconheço e admiro isso. Mas como diz um homem que conheço, aquilo que não me mata...
    Uma mão metálica agarrou a cabeça do corpo robótico, esmagando-a, enquanto outra agarrava peças na altura da cintura e, com um puxão violento que fez fagulhas escaparem para todos os lados – uma cena brutal, em que fios se agitaram como artérias rompidas, eletricidade e faíscas e óleo escuro escapando e jorrando dos mecanismos partidos como sangue a esguichar – partiu ao meio a figura robótica, revelando atrás de si um novo corpo de Ultron, maior, mais forte, com mais energia percorrendo seus veios de Vibranium... A selvageria do movimento e o avançar brusco do inimigo fez Romanoff recuar até sentir uma parede às costas, para dentro de uma cela anexa...
    — Apenas me fortalece. – O androide finalizou, agarrando a grade e deslizando-a até que se fechasse, encarcerando a espiã. Como medida de segurança, o robô soldou a tranca e dobradiças, impedindo que fossem abertas novamente. – Não se preocupe, não vou te matar ou ferir. Não ainda. Eu quero que seus colegas venham, preocupados e desorganizados, ao encontro do próprio fim. Eu os exterminarei, e você verá acontecer. E então eu a libertarei de sua agonia, quando você queimar com o seu mundo... Com sua filha. – Um ronco baixo e cacofônico se fez ouvir, e a humana percebeu ser o equivalente mecânico de uma risada. Seu rosto se torceu em medo e raiva, enquanto via Ultron se curvar para olhá-la nos olhos através da grade. – Mas você e eu sabemos, agente Romanoff: a morte é o destino final de tudo que é orgânico. Pelo fogo ou pelo tempo, tudo vai ser consumido, cedo ou tarde. A morte é apenas a libertação das dores e angústias, e o descanso para todos cujo propósito deixou de existir. Dreykov lhe ensinou isso.
    — Você deixou passar a parte em que todas as grandes obras humanas, de pedra e madeira e metal, cedo ou tarde também se corroem pelo tempo. – Sua voz soou ofegante com a dor latejante em sua cabeça; ela lembrava dos ensinamentos. Muito mais do que queria. – O metal tampouco sobrevive para sempre.
    — Não preciso sobreviver para sempre, Agente Romanoff. Apenas o bastante para cumprir minha missão... e me recriar em outras formas. Mas você não estará lá para ver. – A figura humanoide se ergueu, afastando-se da cela, deixando Natasha sozinha.
     Imediatamente, os pensamentos da espiã se voltaram para a praticidade; tinha de avisar aos demais que estava viva, e encontrar uma forma de escapar dali. Não havia tempo para sentir medo ou dor.
   
    *
   
    — Stark, Banner, parem! – Steve Rogers irrompeu na sala, acompanhado dos gêmeos Maximoff. Lucy saiu do banco onde acompanhava o progresso da transferência de JARVIS para a matriz neural do corpo no berço, e todos puderam ver seus olhos faiscarem e se iluminarem com um brilho índigo ao se virar para os oponentes com expressão selvagem. – Não sabem o que estão fazendo!
    — E você sabe? — Banner retrucou, ácido, prosseguindo com o experimento. – Ela não está na sua cabeça?
    Wanda claramente se mostrou envergonhada e desconfortável, voltando-se lara o cientista:
    — Eu entendo que esteja com raiva...
    — Estou com muito mais que raiva. Eu poderia te estrangular, e nem precisaria ficar verde para isso. – Lucy ainda não havia visto o tio daquele jeito, mas compartilhava de seus sentimentos.
    — Vocês brincaram com nossas mentes. – A garota rosnou, e se virou para o pai. — Está com eles?! Perdeu a cabeça de vez, pai?
    — Eles estão contra Ultron. Lucy, não se meta...
    — Já estou nisso até o cabelo, desde o começo de tudo! Tio Tony está nos dando uma chance. É arriscado, mas é uma chance. A única que temos.
    – Foi ele quem iniciou tudo isso, já esqueceu?!
    – E estou tentando consertar! Não sabe o que vai acontecer... – Stark começou a se defender.
    Pietro revirou os olhos e, com uma volta rápida demais para alguém impedir, desconectou todos os cabos de energia do Berço, interrompendo o processo.
    — Não, não. Continuem... – Sua fala foi interrompida quando o vidro abaixo de si se estilhaçou, fazendo o garoto cair para o andar abaixo, onde Barton o dominou com facilidade pelo fator surpresa.
    — PIETRO! – Wanda se sentiu agarrar pelas costas por Banner, cuja pele estava queimando enquanto o Hulk apenas aguardava um deslize para escapar:
    — Me irrita agora, vai... – Banner rosnou; Steve tentou intervir, e um pulso de energia vindo de Stark o arremessou para trás!
    — Papai!!!! – Lucy olhou para Steve por um momento, apenas para se certificar de que o homem se encontrava bem, e correu para o Berço. Que os adultos segurassem a briga, enquanto reativava a máquina!
    A Feiticeira usou seus poderes para afastar Banner de si, enquanto Stark e Rogers se engalfinharam em um combate corpo a corpo, e assim que religou os cabos de energia, a menina se voltou para todos... Sua família combatia como se fossem inimigos, e ela simplesmente não tinha como tomar lados! E entrar no meio seria suicídio! A vontade furiosa de impedi-los emanou como pura energia quando sua voz bradou:
    — CHEGA!
    A sala toda ecoou e vibrou, o ar savudiu com pura estática, e por um longo momento todos se viram paralisados e caídos obre os joelhos enquanto as ondas psíquicas da garota inibiam seus controles sobre os próprios corpos, o campo magnético distorcido causando pequenos curtos circuitos em seus neurônios,  incapacitando a todos. Tudo ficou suspenso, cada um no laboratório prostrado em quatro apoios, e os olhos da menina encontraram os do pai; seu coração partiu ao ver ali a única coisa que jamais desejara causar: medo. O tipo de olhar que ela jamais esperara ver em sua própria família. Isso por apenas uma fração de segundo, antes que, com uma torrente de relâmpagos, Thor irrompesse naquele espaço, canalizando para o berço toda a energia de uma tormenta de raios.
   
    *
   
    — talvez eu seja um monstro. Não acho que saberia, se fosse. Mas temos pouco tempo, e precisamos ir. – Visão estendeu o braço, alcançando Mjolnir para Thor. Por um momento todos apenas observaram, perplexos,  antes que o asgardiano pegasse o objeto.
    — certo... – Todos pareciam ocupados processando os últimos eventos, e Steve foi quem assumiu a situação:
    — Três minutos para se prepararem, depois decolamos. – Ele encarou Barton. – Notícias da Nat?
    — Tenho as coordenadas dela. Ultron a tem na fortaleza de Strucker. – O arqueiro informou, enviando para o sistema do quinjet as coordenadas exatas.
    – Enquanto vocês esvaziam a cidade eu...
    – Eu vou até ela. – Lucy disse, não em tom de pergunta ou sugestão.
    – Você fica aqui, Lucy. – Rogers estabeleceu, firme, mas a menina não se curvou:
    — Para de ser meu pai, agora, e pense cono o líder dessa equipe: você tem uma arma, e o mundo está no fio da navalha, não é hira de poupar ninguém. Eu vou. Se Ultron vencer, vou morrer de qualquer jeito. Sou pequena e posso usar campos eletromagnéticos para causar pane em maquinaria. Eu entro na fortaleza, acho minha mãe e com sorte causo uma pane geral no que está produzindo mais robôs. Vocês cuidam da briga em campo aberto, que eu não dou conta de peitar por muito tempo.
    — Isso é perigoso!
    — Se vocês acham que podem vencer Ultron, e eu coloquei todos no chão, então não sou eu quem está com problemas. – A garota respirou fundo. – Ainda não entendeu? Eu não estou pedindo, Capitão. Minha mãe está lá, e eu vou. O mundo que eu vivo está por um fio, e ficar esperando não é só covarde, é a coisa errada. – Os olhos dela se incandesceram azuis, e ela viu Steve mudar seu semblante para apreensivo e mesmo temeroso, a mão se apertando no escudo. – Está realmente com medo de que eu te ataque?
    — Você não tem sido você, nisso tudo.
    — Eu diria que tenho sido eu mesma, mais do que nunca. Cansei de brincar de ser criança e fingir que não sou a mutante que me fizeram pra ser. Mas eu nunca atacaria minha família. Então, se me dá licença, eu vou seguir o exemplo do meu pai e fazer a coisa certa, mesmo que todo mundo me mande fazer a errada. – A criança se afastou e olhou por cima do ombro: estamos esperando o que?
    Steve sentiu os pés pregados ao chão... Natasha em poder de Ultron, o mundo sob ameaça iminente de destruição, a equipe por um triz de se partir, e agora Lucy... ele não queria sentir medo da filha, mas havia nela aquele lado... aquilo que nunca deveria haver em uma criança. Ele tentava lembrar que ela nascera e crescera na HIDRA, mas ainda assim... Sim, ele tinha medo. Medo de que estivessem errando, e tornando Lucy uma ameaça, em vez de uma heroína. E ao mesmo tempo, odiava a si mesmo por ter medo e duvidar da filha. Odiava a si mesmo por deixar a mulher que amava ser levada pelo ciborgue, quando ela mesma o havia salvado durante o confronto! Por ser incapaz de manter o time unido através de opiniões divergentes e se ver forçado a entrar em confronto com Stark e Banner! Mais uma vez ele parecia falhar com absolutamente todos que confiavam nele! Mais uma vez estava deixando alguém que amava "cair". A culpa pesava como uma garra de aço... Merda, não conseguia controlar sequer a filha de dez anos, como podia liderar uma equipe?! Não... não era hora de dúvidas. Estavam no ponto definitivo... Agora precisavam ir até o fim e sem hesitar.
    — Não  se culpe por não me controlar, Capitão. – Lucy se virou para ele por sobre o ombro. — Eu sou sua filha, afinal. Alguém já te controlou? – Os passos que eram geralmente saltitantes e alegres agora eram pesados e quase uma marcha. Não sem muita dor, Steve sabia que a filha simplesmente parara de fingir. Aquela era Lucy Romanoff. E apesar do receio sobre como tudo aquilo poderia mudar sua garotinha, uma segunda análise o acalmou... Lucy era, de fato, a mistura dele e de Natasha. E estava agindo como tal. O pensamento trouxe algum alívio, pelo menos para aquele momento, e o resto ele lidaria depois.
    A equipe se dirigiu ao arsenal; os gêmeos pareciam incertos quanto a como se prepararem, mas ninguém os repreendeu quando pegaram itens dos Vingadores para se equipar. Enquanto Maximoff amarrava tênis de solado grosso e Wanda abotoava a jaqueta, Lucy se encostou na parede ao lado de ambos, já enfiada em seu traje camuflado e com seus bloqueadores reserva, que podiam atuar na contramão e servir de amplificadores de ondas. Ela dera a ideia, e Tony fizera o projeto.
    — Espero que estejam mesmo do nosso lado. – A garota começou, surpreendendo os gêmeos: como aquela ratinha podia ser tão abusada?
    — Não estamos do seu lado. Estamos contra Ultron. – Wanda respondeu, seu sotaque carregado.
    — Serve, por ora. – A menina tinha o semblante duro como nenhuma criança deveria, e estacou na frente de ambos, barrando seu caminho. – Eu mataria vocês pelo que fizeram com a minha família.... Mas em Sokovia vocês tiveram a chance de nos matar, e não fizeram isso, e agora nós realmente precisamos de ajuda... Então estamos quites. Vou tentar fazer um juízo a partir das suas atitudes daqui pra frente. Só... Olhem por cima do ombro, se forem fazer alguma merda. – Como se para ratificar o que dissera, ela deixou mais uma onda de vibrações se espalhar pelo ar, causando pontadas nos cérebros de ambos, uma pressão que parecia impedir até o ato de respirar, rápido demais e inesperado demais para ser impedido, enfraquecendo suas pernas para que caíssem sobre os joelhos, mas durando apenas um segundo. Apenas um aviso, antes de os soltar. – E mexam logo essas bundas: vamos decolar.
    Enquanto a pirralha subia a rampa, Pietro olhou para a irmã incrédulo, e ouviu Wanda perguntar:
    — Aquele hamster ruivo realmente nos ameaçou? Quer dizer... Ela nos AMEAÇOU???
    — Aparentemente. – ele deu um breve sorrisinho ao se dirigir para a nave. – Gostei da fedelha. Ela parece você.
    – Ela é perigosa, Pietro. – Wanda sussurrou, segurando o braço do irmão. – É só uma criança, mas torceu meu feitiço, na África do Sul e o usou contra mim...
    – Vamos resolver o problema com Ultron, e depois fugir para bem longe, recomeçar nossa vida, está bem? – Pietro beijou a cabeça da irmã e apertou sua mão. – Vamos ficar bem, os dois. Eu prometo. Fazemos o que temos de fazer e... Depois damos nosso jeito. Como sempre.
    A equipe estava toda reunida no quinjet, e após um segundo de hesitação, os gêmeos se uniram a eles. As coisas haviam mudado radicalmente, naquelas poucas semanas.
   
   


E aiii, genteee????

Steve tem uma mini-terrorista que aprendeu com o pai e a mãe a ser uma mula empacada... definitivamente ser líder dos Vingadores é mais fácil que ser pai de pré-adolescente, ksksks. Mas deem um desconto, a guria passou por mais coisas nesses dias do que nos dois anos anteriores inteiros.
Sobre a Nat, já aviso que a fuga dela vai ser BEM diferente do que foi no filme (aqui ela não é a princesa na torre, esperando salvamento.)

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