Os aliados de Ultron

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Cheguei com mais um capítulo, gente!!!! Espero que se divirtam, porque aqui a coisa esquenta.
Estou evitando me estender nas cenas que estão no filme, pelo menos as que não modifiquei, então as coisas aqui vão um pouco mais rápido!
Por favor, deixem seus comentários, que isso ajuda a promover e a engajar a história!
Também ajuda a motivar a autora!




    — Ultron fugiu pela internet... — Explicou Banner, exasperado.
    — Teve contato com tudo: arquivos, câmeras... Sabe mais sobre nós do que sabemos um do outro. — Natasha informou, verificando a violação de segurança dos arquivos, incluindo os que mantinha encriptados. A ideia de um adversário que a conhecia daquele modo a preocupava profundamente, e não podia negar a vontade atual de esfregar o rosto de Stark em asfalto fumegante. Playboy filho da put... A AI havia inclusive corrompido inúmeros dados vitais...
    — Está nos seus arquivos, internet... E se ele acessar algo como códigos nucleares? — Rhodes parecia dividir com Natasha e os demais a vontade de arremessar algo no Homem de Ferro.
    — Tenho que fazer algumas ligações... — Tony pontuou. O mundo estava em urgência. Na ânsia por proteger toda a Terra, talvez houvesse criado uma ameaça que superasse qualquer outra.
    — Se ainda tiver telefone. — Lucy se manifestou, sentada no colo de Steve. O rush de adrenalina, somado ao uso de seus poderes naquela intensidade a deixara exausta, e Thor e Steve se revezavam em segurar a pequena. — Não tô ouvindo sinal de nada, e o que ainda funciona está com interferência.
    — Faz sentido, ele disse que nos queria mortos... Ou melhor, extintos. — Clint tentava falar com Laura pela décima oitava vez, de celulares diferentes, e finalmente conseguira enviar uma mensagem, apesar de as ligações ainda não terem voltado.
    — Ele também disse que matou alguém... — Steve tinha os braços cruzados e expressão severa. — Quem mais estava na Torre?
    — Não havia mais ninguém, no prédio.  — Maria Hill balançou a cabeça, pressionando gelo contra a lesão em seu ombro.
    — Na verdade, havia... — Tony acionou um holograma, revelando a interface destruída de Jarvis.
    — Isso... É loucura... — O tom de voz do dr Banner deixava claro a perplexidade e horror. — Ultron podia ter assimilado JARVIS, isso não foi estratégia, foi... raiva.
    Ninguém esperava que Thor irrompesse subitamente e avançasse contra Tony, agarrando-o pelo pescoço; Clint não pareceu afetado, mas fez uma brincadeira:
    — E tá se espalhando...
    Alheio ao comentário, o asgardiano segurou o Homem de Ferro no ar; Steve segurou seu braço em alerta, e perguntou em tom firme:
    — O Legionário?
    — Perdi o rastro a 150 km para o norte. Ele tem o Cetro. De novo precisamos recuperá-lo!
    Silêncio se abateu sobre a equipe por alguns segundos; crises e problemas eram comuns, mas quando as coisas saíam ao controle daquela forma...
    – Não entendo... — Foi a primeira vez que a dra Cho se manifestou. — Você construiu o programa. Por que quer nos destruir?
    Alguns momentos de silêncio, e subitamente Tony irrompeu num acesso de risos; Banner lhe sinalizava de forma negativa, mas isso não o impediu.
    — É engraçado para você, Stark?! – Thor estava furioso, mas dessa vez foi Lucy quem o segurou, puxando-o para trás pela mão. O deus suspirou e levantou a garotinha no colo.
    — Não... Claro que não... É terrível... Né...? — Mais um acesso de risos.
    — Poderia ser evitado, se não brincasse com o que não entende!!! — Dessa vez saiu como um grito, e Lucy cobriu os ouvidos, fazendo o alienígena ter de controlar novamente. Incerto sobre ser capaz de se manter calmo, ele devolveu a garota ao chão, mas esta não saiu de perto do tio, querendo garantir que este não partiria para cima de Tony.
    — Desculpe... Foi engraçado. Principalmente por não entenderem porque precisamos disso.
    — Tony, essa não é a hora...
    — Vai rolar e mostrar a barriguinha sempre que rosnarem, Banner?
    — Só quando crio um robô assassino.
    — Não criamos!!! Não estávamos nem perto de uma interface!!
    — Claramente alguma coisa vocês fizeram certo. E fizeram bem aqui. Os Vingadores deviam ser melhores do que isso! — Steve o censurou, chegando mais perto.
    — Alguém lembra de Nova York? Eu levei um míssil por um portal, e uma horda alienígena estava invadindo por um buraco no espaço...
    — Se você salva uma pessoa de ser atropelada, você não ganha o direito de jogar o carro em cima dela, padrinho. — Lucy se manifestou, sentada na bancada.
    — Somos os Vingadores. Podemos acabad com traficantes, mafiosos... Mas e quando a próxima horda vier? E quando os Vingadores não forem o suficiente? E aí o que vai ser? Como planejam dar um fim àquilo?
    — Como vencemos em Nova York. Juntos. — Steve respondeu, assertivo.
    — e se perdermos?
    — Também faremos isso juntos. — Aquilo silenciou Stark, e Steve se voltou aos demais. — Thor está certo. Ultron está nos desafiando, e precisamos contra-atacar antes que esteja pronto para nós. O mundo é enorme, então temos de reduzir a superfície de varredura e cobrir as frentes.
    Natasha estava sentada ao notebook, aparentemente já ocupada muito antes que Rogers falasse algo; ela se voltou para os rapazes:
    — E estão perdendo tempo por quê?
    — espera... Desde quando está funcionando? — Tony perguntou.
    — Enquanto vocês discutiam, a instabilidade reduziu e consegui estabilizar o roteamento trocando a antena de retransmissão. — Lucy pegou outro notebook e se sentou com a mãe; estava longe de ser uma hacker, ainda, mas ser uma telepata vivendo com espiões e Tony Stark lhe ensinara a encontrar informações. Natasha a teria mandado ir dormir, mas agora o único lugar seguro para a filha era junto a si. Literalmente.
   
    *
   
    Uma pesquisa mais extensa revelara que Ultron eliminara o Barão Strucker, e todas as referências cruzadas indicavam que estava atrás de um velho conhecido de Tony: Ulysses Klaw, também conhecido como Garra Sônica. Um traficante de armas detentor de quantidades nada desprezíveis de Vibranium, o metal mais versátil do planeta, roubado diretamente do país de Wakanda. Se Ultron pretendia se aprimorar, bem, Vibranium era sua melhor opção, o que significava que tinham de chegar ao traficante no menor tempo possível. A equipe se preparou e, poucas horas depois, cruzavam o Atlântico em direção a Joanesburgo, África do Sul. Os contatos de Tony se mostraram muito úteis na localização do criminoso, afinal.
    — Se os aprimorados estiverem com Ultron, e acredito que estejam, teremos de tomar cuidados redobrados — começou Steve, dirigindo-se aos amigos – a garota Maximoff pode criar ilusões e mexer com nossas mentes, então é importante não deixar que se aproxime.
    — E o irmão é um miseravelzinho ligeiro, precisamos pará-lo antes que nos veja, ou não temos chance contra ele. – Completou Clint, o qual vistoriava o próprio equipamento em seu assento no quinjet. Tony se ocupava da cadeira do piloto, e Banner procurava maks informações acerca do Vibranium, para melhor entender o que viria a seguir. Natasha estava debruçada sobre os arquivos dos Maximoff, e Thor caminhava pela aeronave de modo impaciente: voar sozinho seria mais rápido.
    — Se a garota Maximoff quer jogar joguinhos mentais... Eu posso cuidar dela. – Lucy se manifestou, o que imediatamente chamou a atenção de todos.
    — Fora de cogitação — Steve declarou — Você fica no quinjet, longe de perigo. Sokovia já foi perigo o bastante.
    — Eu me saí muito bem, em Sokovia, e contra Ultron também! E telepatia é literalmente a minha área de especialidade, coisa que ninguém mais aqui controla! — A menina protestou, para espanto de Steve. — Eu não sou de porcelana, e todo mundo tem que ser útil, nessa crise.
    — Temos Ultron solto e a Lucy na pré-adolescência. É o fim do mundo... – Banner comentou casualmente, fazendo a criança revirar os olhos:
    — A "pré-adolescente" se virou muito bem no meio de um borbardeio e ataque a uma base militar, mesmo que ninguém se lembre.
    — Lucy, não vou discutir. Você fica no quinjet. O primeiro passo de um bom agente é saber seguir ordens... – Steve começou, ao que Lucy devolveu:
    — Como você cumpriu ao libertar os Howling Commandos das mãos da HIDRA, atrás de linhas inimigas? — A pequena estava decidida, e suas palavras desarmaram Steve por um momento, amtes que Natasha assumisse:
    — seu tio Stark fez algo que achou conseguir, e nos colocou nessa encrenca. Quer ajudar? Fique com o dr. Banner no quinjet, preste ajuda médica se alguém se ferir e mantenha o Hulk sob controle ele tentar sair. Precisamos ter backup numa missão, e esse vai ser o seu papel. Se algo der errado, você segura o Grandão antes que ele saia.
    A garota deu de ombros e assentiu:
    — Pelo menos vou ser útil.
    — Atenha-se ao seu papel e prove que podemos confiar em você. – O Capitão insistiu, ignorando o beicinho emburrado da menina. Ah, a adolescência estava chegando cedo demais...
    — Claro, Capitão. – Lucy cruzou os braços e ficou quieta. Odiava ser uma criança. Detestava que sentissem que precisavam protegê-la de tudo, mesmo quando era capaz de participar. Ela já não provara ser mais que capaz de se defender e ser uma ameaça aos inimigos? Pfff!
    Balançando a cabeça com um sorriso divertido, Natasha se abaixou diante Lucy:
    — Corta essa, mini-Rogers. Vai ter muito tempo para se meter em brigas, eu prometo. Só não agora: você e Banner são o único backup que temos. – Sem esperar por resposta, ela se juntou a Steve no fundo do quinjet. — Se tivesse seus genes, não era tão parecida com você, sabe?
    — Eu nunca...
    — Você nunca o que, Steve? — Natasha riu. — Um pirralho magrelo e asmático que puxava briga com pessoas duas vezes maiores, e que tentou se alistar seis vezes, para depois se permitir ser cobaia em testes para lutar na guerra. Aquela coisinha repetiria cada um dos seus passos, sem nem saber a história.
    – Isso não me tranquiliza, Nat. Nem um pouco.
    — Vá se preparando, "paizão". A adolescência não vai demorar, e você vai querer muito que o pior que ela apronte seja sair com alguém.
    Clint abafou o riso ante a expressão de Steve, enquanto os sensores do quinjet acusavam a aproximação do destino; afivelando a aljava, o arqueiro chamou:
    — Todo mundo pronto? Eu tenho um favor a devolver pro molequinho ligeiro.
   
    ***
   
    — Por que toda missão que você está junto acaba em tiroteio, Nat? – Clint perguntou no comunicador, abaixando-se atrás de um caixote metálico. — Sério, eram robôs! Como virou uma troca de tiros com mercenários?
    — Vai à merda, Barton!
    — "Mama, Daidí não gosta desse palavreado". — Lucy provocou.
    — Até você, pirralha? – Steve protestou enquanto lançava o escudo contra um atirador infeliz que não o percebera a tempo.
    Romanoff atirou contra o mercenário que alvejava Barton, e se escondeu novamente atrás da tubulação, projéteis ricocheteando ao seu redor; Ultron escapara em meio ao caos, brincando com a equipe como um gato com roedores. Conectado à internet, a Inteligência Artificial estava vários passos à frente... E onde estavam os Maximof...?
    — Equipe, a garota aprimorada tentou entrar em minha mente – Thor alertou, soando raivoso e preocupado – Não acho que a mente humana poderia resistir. Felizmente, eu sou... Mais... Forte...
    O modo como a voz de Thor sumiu fez Natasha sair de seu esconderijo, saltando sobre os ombros de um mercenário em traje blindado, torcendo-lhe o pescoço com uma alavanca das pernas e, tomando-lhe o fuzil, disparar contra mais dois soldados contratados antes de abandonar os corpos e correr para o deck inferior do navio abandonado: se Wanda tivesse Thor sob seu controle, a equipe estaria com sérios problemas, e precisava encontrar o amigo antes que algo pior acontecesse!
    Saltando sobre um corrimão para entrar nas escadas, ela não chegou a ver a origem da névoa vermelha que nublou sua visão, sentindo os joelhos cederem enquanto se agarrava à barra de ferro para não despencar, sentindo sua visão se borrar e turvar, confusa... Balançou a cabeça e ficou em pé, mas as imagens ondulavam como água, as cores se distorcendo... Sentia seus pés parados, mas via-se descer as escadas do navio... Não, não do navio... Os degraus não eram mais de metal enferrujado, e sim de madeira polida... A porta carmesim diante de si a encheu de terror, mas seus pés se moviam por conta própria, e com pavor viu suas mãos abrirem a passagem, enquanto mergulhava na escuridão profunda.
   
....
   
    — O vidro é como as brasas: caminhem firmes e continuamente, e não as ferirá de modo significativo. — A Treinadora tinha uma vara nas mãos, e indicou à primeira garota da fila que iniciasse o percurso sobre o leito de vidro moído. Natasha era a quarta da fila, e estremeceu, seus pés descalços se encolhendo quando viu a primeira garota gritar quando apoiou o peso sobre os cacos. A vara desceu nas costas da menina, que tentou prosseguir, mas ao terceiro passo caiu sobre as mãos e joelhos, os cacos agora se lhe enterrando nas palmas e pernas enquanto uivava....
    ...
    A garota à sua frente tremeu e saiu da fila, tentando fugir; dois passos depois, um estampido, e a colega caiu ao chão com um furo de projétil em sua nuca...
    ...
    Natasha abriu os braços tentando se equilibrar sobre os cacos, respirando através da dor enquanto cada passo lacerava a sola de seus pés...
    ...
    Apenas um dia após a provação do vidro, as meninas tiveram seus pés enfaixados enfiados em sapatilhas e voltaram ao balé.
    — Vai machucá-las... – Natasha sussurrou para a Treinadora.
    – Apenas as fracas. Você não tem nada a temer: é feita de marfim.
    ...
    Natasha dançou. E dançou. E dançou enquanto suas sapatilhas se encharcavam de sangue, mas não se atreveu a parar.
    ...
    Ela disparou com ambas as mãos. Uma. Duas. Dez vezes. Atingiu repetidamente o mesmo ponto do alvo, até abrir um rombo na madeira.
    ...
    O prisioneiro se agitou, amarrado e de cabeça coberta por capuz. Natasha hesitou por apenas um segundo, e então atirou.
    ...
    Escuridão... Apenas o cheiro do homem sobre si, o calor do corpo contra o seu, e o vazio em que se colocava para não sentir nada. Discretamente, retirou a faca do travesseiro, e golpeou seu alvo.
    ...
    – É seu último teste. Celebraremos após a cerimônia de formatura.
    – E se eu falhar?
    – Você nunca falha.
    ...
    — Desleixada. Fingindo falhar. A cerimônia é necessária para que ocupe seu lugar no mundo.
    — Eu não tenho lugar no mundo.
    — Exatamente.
    ....
    Seu corpo amarrado e aberto na mesa de cirurgia era remexido... Não havia dor, mas sentia o toque invasivo, mãos dentro de seu corpo de formas que a natureza não planejara, modificando-a por dentro na violação máxima de seu corpo e vontade... Seus nervos anestesiados não respondiam, mas ela sentia, e tentava com todas as forças recuperar o controle numa luta muda, ouvindo os sons molhados de suas vísceras sendo manipuladas, até que tudo estivesse terminado... Até que tudo nela houvesse sido podado e lapidado para que não fosse nada além da arma que haviam desenhado.
    ....
    Ela recebeu as novas recrutas da Sala Vermelha, ainda sujas do sangue das companheiras abatidas na primeira seleção, assustadas e chorando. Separadas por cor, idade e origem. E no meio de todas, uma menininha ruiva. Natasha a reconheceu. Incapaz de socorrê-la, deu à filha a única misericórdia possível: um tiro entre as sobrancelhas, vendo-a cair sem vida, mas a salvo do horror da Sala Vermelha.
    ...
   
    *
   
    Banner chamou de novo e de novo no comunicador, mas Clint foi o único a responder:
    — Tenho de achar os outros, doutor. Você e Lucy... – Algo interferiu na comunicação, emudecendo o sinal, e a garota de nove anos se ergueu, sentindo algo.
    Lucy removeu os bloqueadores enquanto Bruce tentava ressintonizar os comunicadores, e sentiu ativamente duas presenças, enquanto a rampa do quinjet era baixada sem receber nenhum comando.
    — Tio Bruce, pra trás. – A menina ordenou, firme, seus olhos brilhando índigo enquanto energia se acumulava em sua pele, pronta para disparar um ataque mental contra os gêmeos. E quando as duas figuras dos adolescentes pisaram no primeiro centímetro da aeronave, a menina sibilou – Fora daqui.
    – Olha só... – Wanda inclinou a cabeça, reconhecendo a garota. – Além de invasores e fascistas, os Vingadores agora recrutam bebês. Você mente bem.
    — Eu não quero machucar vocês. Saiam enquanto podem. Não precisam fazer isso. – Estática estalava nas mãos e olhos da criança, que se postava com pose ameaçadora contra os dois jovens muito maiores que ela mesma.
    — Lucy, pra trás. – Banner tinha sua pele tingida de verde ao empurrar a sobrinha para trás de si, mas no mesmo instante a Feiticeira moveu a mão. A névoa vermelha, contudo, não atingiu o médico, pois a menina agarrou sua panturrilha e, com comandos mentais, o teve inconsciente: seu trabalho era manter o Hulk controlado, e não falharia nisso.
    — Você está começando a ser irritante. – O rapaz Maximoff se manifestou, e no instante seguinte tinha a criança de joelhos, braços torcidos às costas enquanto a segurava no chão – Não queremos machucar você, mas não vai ficar...
    A frase nunca foi concluída, pois Lucy o atingiu com uma descarga neuralgésica que fez o corpo do jovem parecer queimar! Pietro gritou de agonia e a soltou, e a próxima coisa que Romanoff sentiu, antes de poder coltar sua atenção à outra oponente, foi uma pressão intensa na cabeça, enquanto o feitiço de Wanda se impunha a si, a mão da sokoviana segurando sua nuca como um torno de metal. Por instinto, ela lutou, e a névoa vermelha se tornou violeta enquanto escarlate e índigo se mesclavam, antes de a criança sentir suas forças serem superadas pelas da garota mais velha, e sucumbir a um sono como o que impusera a Bruce Banner.
    Com a criança inconsciente, Wanda tomou alguns segundos para se recuperar, e então seguiu para o homem desfalecido. Hora de soltar o Outro Cara.
   
    *
 
    Antes de desfalecer, enquanto enfrentava Wanda Maximoff, a menina viu algo: cenas, imagens confusas. Duas crianças. Um prédio. Uma cratera. Um míssil a poucos centímetros de seu rosto, com o logo das Stark Industries. E então a escuridão a consumiu.
    Em seu pesadelo, Lucy era apenas uma presença imaterial, sem corpo. Sua consciência podia apenas presenciar os fatos, enquanto via sua família lutar e perder contra inimigos sem rosto. Um a um, eles sucumbiam. Seus corpos batiam contra o chão e ali jaziam, despedaçados, ensanguentados, os olhos abertos completamente vazios enquanto a encaravam, e ela podia apenas assistir. Nem mesmo seus gritos ecoavam... Impotente, viu as pessoas a quem amava terem suas luzes extintas, enquanto sentia como se sua alma estivesse sendo dilacerada de dor!! Ela gritou e chorou, chamou-os, mas nenhum som saía enquanto tudo o que queria era deixar de existir apenas para interromper aquela dor!
    Ela se sentiu ser sacudida, e acordou de súbito com Tony segurando-a enquanto ela mesma se debatia e gritava em pânico. A visão do rosto do padrinho a fez cair em lágrimas e se agarrar desesperadamente a ele:
    — TIO TONY!! — Afastando-se para poder vê-lo, segurou seu rosto como se para se certificar de que estava realmente ali.
    — Está tudo bem, Coisinha. Estou aqui, todos estão. Foi um pesadelo, você está bem. — ele a abraçou e levantou no colo, deitando-a numa das poltronas da nave, e nesse momento a pequena olhou ao redor, ainda acossada pelos calafrios e angústia decorrentes do pesadelo.
    Os Vingadores estavam... Acabados; muito mais do que apenas rostos abatidos, olhares vagos e expressões de dor, eles emitiam... Frequências que iam da dor e medo à raiva e asco. Autoaversão, culpa, dúvida, raiva, dor... Tudo isso atingiu a pequena como um caminhão-tanque a plena velocidade, e instintivamente ela religou seus bloqueadores, tentando parar a dor que sentiu!
    — O que... O que aconteceu...?
    — A garota Maximoff derrubou o time todo. — Foi tudo quanto Tony explicou.
    — O Hulk...? — Ela se desesperava ante a possibilidade de Wanda haver conseguido...
    Tony balançou a cabeça, suspirando:
    — Ninguém conseguiu escapar dela. Eu vi as filmagens, você... Foi incrível, mini-aranha. Mas eles foram demais para qualquer um de nós e, em dois... Você não tinha chance. Nenhum de nós teria.
    A garota olhou para baixo, chocada, envergonhada, culpando-se ao mesmo tempo em que sentia o chão escapar sob seus pés... Não... Sua família era composta por heróis... Eles nunca perdiam! Como podia...
    — Quantas vítimas?
    — Não, Lulu. Não faça isso consigo mesma. Foi Wanda Maximoff, não você, nem o Banner.
    Ela mal conseguia processar tudo o que estava acontecendo, suas emoções amortecidas com a sobrecarga... Mesmo os bloqueadores telepáticos apenas filtravam tudo o que recebia, e entre o choque dos demais e o próprio, ela sentia uma crise de ansiedade acelerar seu coração, a necessidade de se mover, andar, chutar, gritar... fazer qualquer coisa para dar vazão àquilo!! NÃO! ISSO ESTAVA ERRADO!!
    Levantando-se da poltrona abraçando a si mesma, ela agitava as mãos no ar, respirando ruidosamente e tentando controlar de alguma forma a vontade de gritar e chorar. Geralmente o colo de alguém a ajudava, quando o mundo era demais, mas naquele exato momento, até mesmo sua família era demais. Olhava para seus rostos e via os flashbacks de suas versões cadavéricas, então correr até os pais e os checar não era possível, sem piorar tudo... Tony tentou abraçá-la, mas a pequena se esquivou e ajoelhou no chão, balançando o corpo freneticamente. Tony conhecia a sensação, e se ajoelhou junto a ela, sem a tocar:
    — Lucy, é uma crise de pânico. Vai durar alguns minutos, depois vai passar. Se concentra na minha voz. Apenas nisso. Vai ficar tudo bem.
    Por longos minutos ele a guiou através da crise de pânico, enquanto os colegas ainda se encontravam atordoados e semiconscientes, apenas. Clint não tinha opção senão manter a aeronave no ar, sem a possibilidade de usar o piloto automático, pelo risco de Ultron sequestrar qualquer forma de rede à qual se ligassem.
    Enfim a crise se abrandou, e Lucy conseguiu respirar novamente: olhando para Tony, descruzou os braços doloridos e acariciou o rosto do padrinho, antes de se levantar e ir para junto de Thor, Natasha e Steve, os quais pareciam... Catatônicos. Sem querer ver o que quer que estivessem experimentando em suas mentes, ela enviou um suave pulso de estímulo, então outro e mais outro, apenas sinais para que retornassem à realidade. Era tão estranho fechar-se a eles, mas... Naquele momento, seu próprio pesadelo já a atordoava para além de seus limites. E sua mente parecia enfim processar uma informação perturbadora e angustiante: sua família não era invencível, nem imortal.
   
    *
   
    Clint e Steve amapararam Natasha para fora da aeronave. Embora andasse sozinha, Romanoff claramente estava dissociando, ainda em choque. Os dois homens se entreolharam, e a pergunta muda de Steve foi respondida com um olhar de Barton. O que ela havia revivido? Tudo. Se ela ia ficar bem? Sim, mas ia levar algumas horas mais. E ambos queriam esfolar Wanda Maximoff viva por fazê-la reviver tudo...
    — Nat. NAT! – Clint a chamou, sacudindo seu ombro, e recebeu um olhar enrijecido enquanto a espiã parecia retomar algum controle:
    – Estou bem, Clint. Steve.
    — Bem é a última coisa que você está. – Rogers mantinha a mão na cintura dela.
    – Só... um banho frio e volto ao normal. — Era o maior número de palavras que dizia desde o ataque da garota Maximoff. Eles a viram sacudir a cabeça, respirar fundo e se recompor, claramente colocando a máscara de Agente Romanoff. Okay... Pelo menos por agora, ia servir. Mas depois teriam de verificar os danos reais.
    Lucy vinha no colo de Tony, e quando viu a mãe reagir, desceu e correu para ela; Natasha sentiu o coração apertar e um nó se formou em sua garganta, fazendo-a ajoelhar e apertad a filha com força nos braços, sussurrando:
    — Me perdoa. — A maioria pensou que Natasha pedia perdão por haver congelado daqiela forma, em vez de cuidar da pequena, e ela também estava se desculpando por isso... Mas assim que tocou a face da mãe, Lucy entendeu o principal motivo, e respondeu:
    — Foi só um pesadelo, Mama.
    — foi. Vem cá. – A espiã pegou a filha no colo, e com a mão livre segurou o braço de Steve, o qual a envolveu pela cintura. Ia ficar tudo bem. Mesmo que agora não soubessem exatamente como isso aconteceria, iam resolver isso... Juntos.





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