01 - Luto antecipado.

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POV: Sheik.

Tentando me manter aquecido em meio ao frio súbito e estranho que tomava Gerudo Town toda vez que o sol se escondia para a lua aparecer, esfregava minhas próprias mãos na esperança de deixá-las numa temperatura agradável para mim, pois nem as luvas me ajudavam.

Na medida em que eu chegava mais perto da casa dela, estranhamente me senti com menos frio, muito provavelmente pela fogueira a poucos metros de distância dali. Duas guardas gerudo na entrada, erguendo suas lanças para mim, eu já gravei seus nomes, Elara e Maris. Fechei os olhos, respirei fundo e abaixei minha máscara e cachecol.

Sheik: -- Sou eu. -- Falei sem emoção, elas já me reconheciam então a regra contra os homens frequentarem Gerudo Town não se aplicava quanto a mim.

Elara: -- Boa noite, Senhor Sheik. -- Me cumprimentou, fazendo uma reverência com sua cabeça. Já estava acostumado com este tratamento, embora não achasse necessário tamanha formalidade quanto a mim.

Maris: -- Creio que já está um pouco tarde para o senhor estar chegando, não acha? -- Revirei os olhos com indiferença, eu já estava esperando por essa pergunta.

Sheik: -- É a melhor hora para mim, querida. -- Passei por ambas as duas, empurrando o portão, entrando logo em seguida. Algumas das chaves principais eu tinha, pelo menos as que eram necessárias para onde eu queria ir. Aos poucos passei a andar lentamente, distribuindo de forma leve o peso dos meus pés sobre o chão, evitando qualquer pressão capaz de causar algum rangido ou ruído que possa eventualmente acordar algum dos moradores da casa. Com passos praticamente silenciosos, introduzi a chave na entrada da fechadura do jardim deverás artificial, onde o corpo dela descansava... ou ela mesma.

Vendo seu rosto, sua pele com seus tons vibrantes destacam mais ainda sua beleza. Suas bochechas não perdiam o rubor natural que ela tinha que ia até a ponta do pequeno nariz. Ela parecia uma pintura a óleo, facilmente uma obra de arte com todas aquelas flores de diferentes tons ao redor dela e do quarto, que começaram a nascer e crescer desde os primeiros dias depois que seu longo sono se iniciou.

Era imperceptível sua respiração, mas seu corpo nunca deixava de ser quente. Sempre com uma expressão facial serena, típica de alguém que está apenas dormindo calmamente, porém eu não conseguia me sentir bem com isso, ficava ansioso.

Eu tinha que me acalmar.

Agindo de acordo com o mal-costume que eu adquiri para distrair minha mente, dos bolsos do casaco que estava usando retirei um pedaço de papel fino, do mesmo bolso um pacote com algumas ervas. Transferi as pequenas folhas trituradas para o papel e o enrolei, em seguida queimei a ponta com um fósforo, que risquei no chão para acendê-lo.

Levei o cigarro que eu acabara de fazer até meus lábios, senti a tensão de meu corpo se aliviar enquanto eu puxava seu conteúdo para mim, até precisar soprar para expulsar a fumaça indesejada. A partir daí tudo estaria legal, se não fosse por alguém para acabar com minha calma.

Sheik: -- Ayra... -- Mencionei seu nome, pois já havia visto ela. Tentando disfarçar para evitar um de seus sermões, joguei o fumo no chão e pisei em cima, ela abanava o rosto e o nariz com a mão para afastar a fumaça que subiu inevitavelmente. -- O que você quer?

Ayra: -- Eu quem deveria te fazer essa pergunta, Sheik. O que você quer aqui tão tarde? -- Perguntou com um olhar de reprovação, suas mãos em sua cintura mas depois usou seus braços para gesticular enquanto continuava a me repreender. -- Quantas vezes vou ter que mandar você parar de fumar aqui? Não tem respeito?

Sheik: -- "Mandar"? Haha. Não haja como se ambos não fossemos adultos, eu não sigo suas ordens.

Ayra: -- Se é um adulto, comece a agir como um. Já deve ter noção do que é ético e o que não é.

O Despertar - The Legend of Zelda FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora