Sofia Clark
North Hills, Califórnia.
Naquela semana, a rotina parecia ter um novo sentido. As palavras de Lucas ecoavam na minha mente, e a simples lembrança de seu sorriso trazia uma leveza que há muito eu não sentia. Na manhã ensolarada, recebi uma mensagem dele, convidando-me para um café na cafeteria do hospital.
Desci até o térreo, onde a pequena cafeteria era um refúgio do ambiente hospitalar. Lucas estava lá, esperando com um sorriso acolhedor. Sentamos à mesa perto da janela, onde a luz do sol iluminava nossos rostos.
- Então, Sofia, o que você faz quando não está visitando médicos? - Lucas perguntou, curioso.
Sorri, tentando pensar numa resposta que não revelasse toda a verdade.
- Eu gosto de ler, escrever, e às vezes assisto séries para relaxar. E você?
- Sou engenheiro, mas nas horas vagas gosto de tocar violão. A música é um refúgio para mim - ele respondeu, os olhos brilhando ao falar de sua paixão.
Nossa conversa fluiu naturalmente, e por um momento, esqueci-me das minhas preocupações. Falamos sobre livros, música, sonhos e até planos para o futuro. A conexão que senti no consultório parecia se fortalecer a cada palavra trocada.
Em um determinado momento, Lucas inclinou-se levemente para frente, seu olhar mais sério.
- Sofia, você já deveria ter saído do hospital depois daquela gripe. O que ainda está te mantendo aqui? - ele perguntou, com uma expressão de preocupação.
Meu coração acelerou, e senti a necessidade de ocultar a verdadeira razão.
- Ah, é só uma infecção que não quis ir embora tão rápido. Os médicos querem ter certeza de que estou completamente recuperada - menti, tentando manter minha voz firme.
Lucas pareceu aceitar minha resposta, embora seu olhar demonstrasse uma preocupação persistente. Decidi mudar de assunto, tentando afastar o foco da minha saúde.
- E quanto a você, Lucas? Como tem se sentido?
- Estou melhorando. O tratamento está funcionando, mas ainda há algumas coisas a serem monitoradas - ele respondeu, tranquilizando-me com seu tom calmo.
Senti um nó na garganta ao pensar no que ele estava passando. Resolvi perguntar, mesmo com medo da resposta.
- Lucas, se não se importa de eu perguntar... que tipo de câncer você tem? - perguntei, tentando manter minha voz suave.
Ele suspirou, olhando para sua xícara de café por um momento antes de responder.
- É câncer de pulmão - disse ele, com uma tristeza que era difícil de esconder. - Os médicos estão otimistas, mas é uma luta diária.
Meu coração apertou ao ouvir aquilo. Queria encontrar palavras de conforto, mas tudo que consegui fazer foi segurar sua mão.
- Sinto muito, Lucas. Você é muito corajoso. Não posso imaginar o quanto deve ser difícil - disse, tentando transmitir o máximo de apoio.
Ele sorriu, embora seus olhos ainda estivessem sombrios.
- Obrigado, Sofia. Isso significa muito para mim. Mas, sabe, encontrar alguém como você aqui, que entende o que é passar por isso, faz tudo parecer um pouco mais suportável.
Os dias passaram rapidamente, e nossos encontros na cafeteria se tornaram frequentes. Cada vez mais, Lucas e eu compartilhávamos detalhes de nossas vidas e encontrávamos apoio um no outro. Era como se, juntos, pudéssemos enfrentar qualquer coisa.
Em uma dessas tardes, decidimos dar um passeio pelo jardim do hospital. As árvores ofereciam uma sombra agradável, e os sons do local criava uma trilha sonora tranquila. Lucas levou seu violão e, sentados num banco de madeira, ele começou a tocar uma melodia suave.
- Essa música é linda - comentei, encantada.
- Obrigado - respondeu ele, sorrindo. - Escrevi ela para pessoas que trazem luz à vida dos outros. Pessoas como você, Sofia.
Minhas bochechas coraram, e por um momento, fiquei sem palavras. Era difícil acreditar que alguém via algo especial em mim, especialmente considerando os desafios que enfrentava diariamente.
- Lucas, eu... - comecei, mas ele me interrompeu suavemente.
- Não precisa dizer nada. Eu sei como é difícil. Só quero que saiba que estou aqui, para o que precisar - disse ele, com sinceridade.
Nosso vínculo se tornava cada vez mais forte, e, embora os desafios da cardiomiopatia ainda estivessem presentes, a presença de Lucas trazia uma nova perspectiva à minha vida.
Certa manhã, recebi uma ligação inesperada do consultório do Dr. Sloan. Ele queria marcar uma consulta urgente para discutir os resultados dos meus últimos exames. Meu coração acelerou com a ansiedade, mas uma mensagem de Lucas logo me tranquilizou.
- Estarei lá com você. Sempre - escreveu ele.
Na sala de espera, a presença de Lucas ao meu lado fez toda a diferença. Quando Dr. Sloan me chamou, senti uma onda de coragem me invadir.
- Sofia, os resultados mostram que a função cardíaca teve uma leve piora. Precisamos ajustar seu tratamento e talvez considerar uma intervenção mais agressiva - disse ele, com seriedade.
Saí do consultório com uma mistura de emoções, mas a certeza de que não enfrentaria essa batalha sozinha me dava força. Lucas e eu sabíamos que a jornada não seria fácil, mas com apoio mútuo, estávamos prontos para enfrentar qualquer desafio que viesse.
Por enquanto, manteria minha cardiomiopatia em segredo. Não queria que Lucas se preocupasse mais do que já estava. Sabia que, no fundo, ele faria o mesmo por mim.
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Coração em Colapso
RomanceEm um hospital na Califórnia, duas vidas se cruzam em meio à luta pela sobrevivência. Sofia Clark e Lucas Evans se conectam de forma inesperada, e o que começa como uma amizade se transforma em algo mais profundo e intenso. À medida que seus sentime...