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Lucas Evans

North Hills,Califórnia

Eu já não aguentava mais. Cada vez que Sofia insistia que estava tudo bem, que era só uma infecção, meu peito apertava com a certeza de que ela estava escondendo algo de mim. Eu a conhecia bem demais para acreditar nessa fachada que ela tentava manter. Sua voz tremia, o sorriso forçado, e seu corpo cada vez mais frágil. Não era só uma infecção, e eu sabia disso.

Nos últimos meses, a situação só piorou. Ela dependia dos médicos para quase tudo, mas continuava com aquelas malditas desculpas. Sempre dizendo que era passageiro, que ficaria bem logo. Eu tentava acreditar, tentava ser o namorado que ela merecia, mas a dúvida estava me corroendo por dentro.

Naquele dia, quando o Dr. Sloan entrou no quarto e disse que precisava conversar com ela, senti um frio na espinha. Ele falava com uma calma que não condizia com a situação, e isso só aumentava minha desconfiança. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim sabia que essa era apenas metade da história.

Sofia olhou para mim com os olhos marejados, aquele mesmo olhar que ela me lançava toda vez que não queria que eu me preocupasse. Mas dessa vez, não dava mais. Eu precisava de respostas, e eu sabia que ela não me daria.

— Lucas… — ela começou, a voz fraca. — Preciso que você saia do quarto por um tempo.

Aquilo foi a gota d'água. Eu soltei sua mão lentamente, meu coração batendo acelerado. O que estava acontecendo? Por que ela estava me afastando? Minha mente fervilhava de perguntas e suspeitas que eu não conseguia mais ignorar.

— O quê? — perguntei, tentando manter a calma, mas falhando miseravelmente.

— Sofia, eu não vou a lugar nenhum. Não dessa vez.

Ela olhou para o Dr. Sloan, como se estivesse pedindo ajuda para esconder a verdade. E então, percebi. Eles estavam me escondendo algo. O que quer que fosse, eu não ia ficar sentado esperando. Eu sabia que precisava descobrir por conta própria.

— Eu volto depois — disse, sem olhar para ela, minha voz mais dura do que eu pretendia.

Saí do quarto sem olhar para trás, meu peito apertado, e me encostei na parede do corredor. Tudo em mim estava gritando para fazer algo, para descobrir o que realmente estava acontecendo. E foi aí que tomei uma decisão.

Eu sabia que o hospital mantinha registros de todos os pacientes, e também sabia como acessá-los. Não era exatamente correto, mas eu não podia mais ficar no escuro. Fui até o andar administrativo, onde algumas enfermeiras estavam ocupadas com outros assuntos. Passei sem ser notado, respirando fundo, e entrei na sala de prontuários.

Encontrei o nome de Sofia em um dos arquivos digitais e abri sua ficha. Meus olhos correram rapidamente pelas informações, e o que vi me deixou paralisado.

Cardiomiopatia dilatada. Condição terminal. Aguardando transplante de coração há meses.

Minha cabeça girou. Tudo aquilo que ela vinha escondendo… todo o tempo que ela me dizia que estava "bem"... era mentira. Não era uma infecção. Ela estava morrendo. A verdade desabou sobre mim como um peso insuportável.

Como ela pôde esconder isso de mim? Como o Dr. Sloan, sabendo o que eu significava para ela, pôde omitir algo tão sério? O ar parecia ter sido sugado do meu corpo, e eu senti o chão desaparecer debaixo dos meus pés.

Minha mente estava em turbilhão. Ela estava à beira da morte esse tempo todo, e eu não fazia ideia da gravidade da situação. As desculpas, o afastamento... tudo fazia sentido agora. Ela estava com medo. Medo de me perder, medo de que eu não pudesse suportar. Mas o que mais doía era que ela não confiou em mim o suficiente para compartilhar essa dor. Para me deixar estar ao lado dela, como eu sempre quis.

Com a ficha de Sofia ainda aberta na minha frente, eu me segurei para não gritar, para não deixar que a raiva e a tristeza tomassem conta. Eu tinha que ser forte. Por ela.

Respirei fundo, fechei o prontuário e saí da sala, meus passos pesados ecoando pelo corredor. Voltei para o quarto onde ela estava, sabendo que, a partir daquele momento, as coisas mudariam. Eu sabia de tudo agora, e não ia permitir que ela me afastasse mais. Eu iria enfrentá-la com a verdade, e ela não teria outra escolha senão ser honesta comigo.

Quando entrei no quarto, ela me olhou com aquele olhar de sempre, como se ainda estivesse tentando me proteger de uma dor que eu já sentia. Mas dessa vez, ela não conseguiria se esconder.

Eu sei, Sofia — soltei as palavras, sem rodeios. — Eu sei de tudo.

Coração em Colapso Onde histórias criam vida. Descubra agora