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Sofia Clark

North Hills, Califórnia

O som  das máquinas no meu quarto de hospital tinha se tornado parte do pano de fundo da minha vida nos últimos meses. Eu havia me acostumado com o cheiro do antisséptico, com a iluminação fria e com a sensação constante de estar em uma espécie de limbo, esperando que algo mudasse, para melhor ou para pior.

Naquela manhã, o Dr. Sloan havia marcado uma consulta de rotina. Ele era um homem sério, de cabelos grisalhos, mas sempre carregava uma expressão calma, que me transmitia uma estranha sensação de segurança. Quando ele entrou no quarto, trazendo consigo a prancheta com meus exames mais recentes, eu soube que seria uma daquelas conversas importantes.

— Bom dia, Sofia — ele cumprimentou, com um leve sorriso. — Como você está se sentindo hoje?

Eu sorri de volta, tentando esconder a ansiedade que estava começando a crescer em mim. — Estou me sentindo bem, doutor. Talvez um pouco cansada, mas acho que isso já virou parte do meu cotidiano.

Ele assentiu, sentando-se na cadeira ao lado da minha cama. — Eu estive analisando seus últimos exames, e acho que é hora de termos uma conversa honesta sobre a sua condição.

O tom em sua voz não era alarmista, mas também não era tranquilizador. Meu coração começou a bater mais rápido enquanto eu esperava que ele continuasse.

— Sofia, sua cardiomiopatia tem se mantido estável nas últimas semanas, o que é bom, mas ainda há sinais de que o seu coração está sob muito estresse. A medicação está ajudando, mas não podemos depender apenas dela a longo prazo. Precisamos continuar monitorando de perto, e, em breve, pode ser necessário considerar outras opções de tratamento.

Minha garganta ficou seca, e eu tive que engolir em seco antes de conseguir responder. — Outras opções? Como... como um transplante?

Ele hesitou antes de responder, o que só fez meu coração bater mais forte.

— Sim, um transplante é algo que pode estar no horizonte, mas isso depende de muitos fatores. O que precisamos agora é continuar focando em mantê-la estável, enquanto exploramos todas as possibilidades.

Eu tentei processar a informação, mas tudo parecia um borrão. A ideia de um transplante era algo que eu sabia que poderia ser inevitável, mas ouvir isso em palavras claras era outra coisa completamente diferente.

— O que eu posso fazer, doutor? — perguntei, minha voz saindo mais fraca do que eu pretendia.

Ele me olhou com uma expressão de compreensão, o tipo de olhar que só alguém que viu muitos pacientes em situações difíceis poderia dar.

— Continue seguindo as recomendações médicas, descanse o quanto puder e, acima de tudo, mantenha uma atitude positiva. A mente tem um papel crucial na forma como o corpo responde a esses desafios.

Eu assenti, tentando manter a compostura. Dr. Sloan ficou em silêncio por um momento, como se me desse tempo para absorver tudo.

— E quanto ao estresse emocional? — perguntei, hesitante. — Isso pode piorar minha condição?

Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se estivesse pensando a melhor forma de responder.

— O estresse pode ter um impacto, sim. Por isso, é importante que você evite situações que possam gerar muita tensão. Mas, ao mesmo tempo, não se feche para o que a vida tem a oferecer. Às vezes, a felicidade que vem de certas conexões pode fazer toda a diferença.

Eu sabia do que ele estava falando, mesmo que não dissesse diretamente. Lucas. O pensamento dele me trouxe uma mistura de conforto e ansiedade. Eu sabia que havia algo crescendo entre nós, algo que eu não estava pronta para admitir, nem para mim mesma.

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