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Sofia Clark

North Hills, Califórnia

O silêncio do quarto é interrompido pelo som suave de passos se aproximando. Eu estava perdida em pensamentos, refletindo sobre os últimos acontecimentos, quando a porta se abre, revelando Lucas. Há uma sombra de cansaço em seu rosto, algo que vai além da fadiga física. É quase como se ele estivesse carregando um fardo invisível, um peso que não posso ver, mas que sinto profundamente.

Ele entra, hesitante, como se não soubesse se deveria estar aqui ou não. O coração aperta no meu peito ao vê-lo dessa forma. Lucas sempre foi aquele que tentava me manter otimista, que trazia um raio de luz mesmo nos momentos mais sombrios. Mas hoje, a luz em seus olhos parece mais fraca.

— Oi, gatinha — diz ele, tentando sorrir, mas o sorriso não chega aos olhos.

— Oi — respondo, forçando um sorriso em troca. — Está tudo bem?

Lucas se aproxima da cama, puxando uma cadeira e sentando-se ao meu lado. Ele segura minha mão, mas há uma rigidez em seus dedos, uma tensão que ele não consegue disfarçar.

— Eu... eu queria ter certeza de que você está bem — começa ele, mas logo desvia o olhar. — Sinto muito pelo que aconteceu. Sinto que... — Ele hesita, as palavras parecendo fugir dele.

— Lucas, não precisa se desculpar. Eu estou aqui, e isso é o que importa. — Aperto sua mão, tentando transmitir força, mas é difícil quando o vejo tão abatido.

Ele respira fundo, finalmente olhando para mim, seus olhos azuis sombrios e cheios de culpa. — Mas eu devia ter sido mais cuidadoso. Devia ter percebido que você estava se esforçando demais.

— Ei, não foi culpa sua. Foi uma escolha minha também. Eu quis estar com você, fazer algo fora dessas paredes brancas.
Minha voz é suave, mas firme.

— E eu faria de novo.

Por um momento, o quarto fica em silêncio, apenas nossos corações batendo em uníssono. É quando noto um detalhe que havia passado despercebido antes. Uma data que não me dei conta, talvez pelo caos dos últimos dias. Lucas sempre foi reservado quanto a isso, mas lembro vagamente de uma conversa onde ele mencionou que seu aniversário estava próximo.

— Lucas, seu aniversário... — digo, quase num sussurro. Ele não reage de imediato, mas vejo que a informação o atingiu. — Está perto, não é?

Ele suspira, finalmente soltando minha mão e passando a mão pelos cabelos, como se quisesse afastar um pensamento incômodo.

— Eu... não estava pensando muito nisso. Com tudo o que aconteceu, não faz sentido comemorar, não é?

— Faz sentido sim — respondo imediatamente. — Você merece celebrar sua vida, independentemente de qualquer coisa.

Ele solta uma risada amarga. — Celebrar o quê, Sofia? Mais um ano enfrentando tudo isso? Mais um ano tentando fingir que está tudo bem quando não está?

— Celebrar a nós, Lucas. Celebrar que estamos aqui, juntos, mesmo que as coisas não estejam perfeitas. — Toco seu rosto, forçando-o a olhar para mim. — Você não está sozinho. E eu também não.

Ele fecha os olhos por um momento, inclinando-se no meu toque. — Você sempre foi tão forte, Sofia. Eu não sei como você faz isso.

— Eu sou forte porque você está ao meu lado. Porque nós nos apoiamos. E eu quero que você saiba que não importa o que aconteça, eu vou estar aqui para você.

Lucas abre os olhos, e há uma nova determinação em seu olhar. — Você tem razão. Não devemos deixar que esses momentos passem despercebidos. Mesmo que seja difícil, mesmo que seja doloroso... precisamos encontrar uma forma de celebrar a vida.

— Então, vamos começar com o seu aniversário. — Sorrio, tentando iluminar o clima. — Mesmo que seja algo simples, algo que possamos fazer aqui, no hospital.

Ele balança a cabeça, um pequeno sorriso finalmente aparecendo. — Eu vou pensar em algo. Talvez não seja a comemoração mais grandiosa, mas se eu tiver você ao meu lado, já será o suficiente.

— Sempre, Lucas. Eu sempre estarei ao seu lado.

O silêncio que se segue é reconfortante, não mais pesado ou cheio de culpa. É um silêncio que carrega esperança, uma promessa de que, mesmo com todas as adversidades, ainda podemos encontrar momentos para sorrir, para celebrar.

Lucas olha para mim com uma intensidade que faz meu coração acelerar. Seus olhos encontram os meus, e de repente, há uma urgência entre nós, algo que precisa ser expresso, algo que palavras não conseguem transmitir. Ele se inclina lentamente, seus olhos não desviam dos meus. Sinto sua respiração se misturar com a minha, o mundo ao nosso redor parece parar.

Quando nossos lábios finalmente se encontram, é como se uma corrente elétrica passasse por nós dois. O beijo começa suave, exploratório, mas rapidamente se aprofunda. Há uma intensidade, uma paixão que não havíamos expressado antes. É como se todo o amor, o medo, a esperança que compartilhamos nos últimos dias estivesse sendo derramado nesse momento.

Meus dedos se entrelaçam nos cabelos de Lucas, puxando-o mais perto. Sinto sua mão na minha cintura, me puxando para mais perto dele, enquanto o beijo se torna mais profundo, mais apaixonado. É um beijo que diz tudo o que não conseguimos colocar em palavras. É um beijo que promete estar ao lado um do outro, não importa o que aconteça.

Finalmente, quando o ar se torna escasso, nos separamos, mas ele mantém sua testa colada na minha, nossas respirações ainda descompassadas. Seus olhos azuis brilham com uma mistura de emoções, e vejo que ele sente o mesmo que eu: uma conexão inquebrável, um amor que só cresce, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

— Eu te amo, Clark — ele sussurra.

— Eu te amo, Lucas.

Coração em Colapso Onde histórias criam vida. Descubra agora