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Lucas Evans

North Hills,Califórnia

Meses depois..

Meses haviam se passado desde que eu pedi Sofia em namoro naquele terraço iluminado por luzes e pétalas de rosas brancas.

Lembro-me como se fosse ontem da emoção em seus olhos, das lágrimas que escorriam por seu rosto enquanto ela me dizia sim.

Era um daqueles momentos que, de tão perfeitos, você quase não acredita que é real. E, desde então, cada dia ao lado dela tinha sido assim: perfeito.

Mas ultimamente, essa perfeição estava sendo manchada por uma sombra que crescia a cada dia.

Sofia estava doente, muito mais do que queria admitir. Claro, ela sempre foi teimosa, sempre achou que podia lidar com tudo sozinha. No começo, acreditei nela quando dizia que era apenas uma infecção, algo leve, nada que merecesse mais atenção. Mas agora... agora eu não conseguia mais ignorar.

A cada dia que passava, ela parecia mais fraca. Os sorrisos continuavam os mesmos, mas a força por trás deles estava desaparecendo. Ela dependia quase totalmente dos cuidados médicos. Estava pálida, magra, e parecia que o menor esforço a deixava exausta.

Por mais que ela tentasse disfarçar, eu percebia as mudanças. Quando me olhava, parecia querer me tranquilizar, me fazer acreditar que estava tudo bem. E eu, por um tempo, tentei acreditar. Talvez porque eu quisesse tanto que fosse verdade, ou porque o medo de perdê-la era mais forte do que qualquer suspeita. Mas agora, não tinha mais como fingir que não estava acontecendo algo muito maior do que uma simples infecção.

Ela insistia, sempre com aquele sorriso cansado, que tudo ficaria bem. "É só uma infecção, Lucas. Vou melhorar logo." Mas eu sabia que não era. Eu sentia. Aquela dor no peito, aquela angústia, algo estava errado. Ela estava se deteriorando diante dos meus olhos, e não havia nada que eu pudesse fazer além de assistir... ou descobrir a verdade.

-Sofia - eu disse, segurando sua mão uma noite enquanto estávamos deitados, o monitor ao lado de sua cama emitindo aquele som constante, quase tranquilizador.

– Você precisa ser honesta comigo. Não é só uma infecção, é?

Ela tentou sorrir, mas o brilho nos olhos dela não era mais o mesmo. Ela parecia cansada, exausta, como se a simples tarefa de respirar estivesse ficando cada vez mais difícil.

-Lucas... eu já te disse, é só uma questão de tempo até eu melhorar. Só preciso de um pouco mais de repouso e de medicação. Você não precisa se preocupar.

Eu me sentei na beira da cama, tentando manter a calma, mas por dentro eu estava em pedaços. Como ela podia continuar fingindo? Como ela podia pensar que eu não estava vendo o que estava acontecendo?

-Sofia, por favor, não me trate como se eu fosse um idiota, - minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.

– Eu sei que tem algo mais acontecendo. Você acha que não percebo o quanto você está piorando? Você acha que não sinto quando você mal consegue levantar da cama?

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. Sabia que eu estava certo, mas, como sempre, estava tentando proteger... quem? A mim? Isso era ridículo. Eu só queria estar ao lado dela, ajudá-la, mas como eu podia fazer isso se ela não me deixava entrar?

-Lucas, eu não quero que você sofra,- ela murmurou, finalmente me encarando de novo, os olhos cheios de lágrimas.

– Eu só... eu só não quero que você me veja como uma pessoa doente o tempo todo.

Aquelas palavras me atingiram como um soco no estômago. Ela estava tentando me poupar de sua dor, de seu sofrimento. Mas o que ela não entendia era que a única coisa que me fazia sofrer era vê-la daquele jeito e não poder fazer nada para ajudá-la.

-Eu te amo, gatinha - eu disse, a voz quebrando.
-E não importa se você está doente, saudável, feliz ou triste. Eu te amo do jeito que você é. Mas eu preciso saber a verdade. Eu preciso saber o que está acontecendo de verdade, porque isso... isso não é só uma infecção.

Ela fechou os olhos, uma lágrima escorrendo por sua bochecha. E naquele momento, eu soube que estava prestes a descobrir algo que mudaria tudo.

Eu me aproximei, segurando seu rosto com delicadeza.

– Você não precisa fazer isso sozinha, amor. Eu estou aqui. Sempre estarei. Mas você precisa me deixar te ajudar.

Ela abriu os olhos, o azul profundo deles tão frágil quanto sua própria saúde. Sua mão tremia levemente quando ela a levantou para segurar a minha.

-Lucas... eu...- ela começou, a voz falhando.

Antes que ela pudesse continuar, o som de passos firmes ecoou no corredor. Dr. Koraick, meu médico, parou na porta, uma expressão grave no rosto.

-Lucas, podemos conversar?

Meu coração deu um salto. Eu sabia que algo estava acontecendo, mas não imaginava que a resposta estaria tão próxima. Me levantei, trocando um último olhar com Sofia antes de seguir Dr. Koraick para fora do quarto.

Eu estava disposto a descobrir o que estava escondido por trás daquele "é só uma infecção", e a verdade estava prestes a ser revelada, quer eu estivesse pronto ou não.

Coração em Colapso Onde histórias criam vida. Descubra agora