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Sofia Clark

North Hills, Califórnia

Eu estava deitada na cama do hospital, observando o teto, tentando imaginar como Emma e Jackson estavam se saindo no jantar. A ideia de juntá-los havia sido quase uma brincadeira entre Lucas e eu, mas, no fundo, eu realmente queria que desse certo. Jackson parecia ser um bom cara, e Emma... bem, ela merecia alguém que a fizesse feliz. Mas eu não sabia se eles teriam muita coisa em comum, afinal, se conheceram naquele mesmo dia.

O tempo passava devagar, e eu me pegava olhando para o relógio, calculando quanto tempo o jantar poderia durar. A ansiedade estava me corroendo, e eu não conseguia parar de pensar no que Lucas estaria fazendo. Ele parecia tão empolgado quanto eu para saber o resultado dessa noite.

Depois de algum tempo, ouvi passos no corredor, seguidos por uma batida suave na porta. Era Emma. Ela entrou com um sorriso, mas havia algo diferente em seu olhar, como se estivesse tentando processar alguma coisa.

— E aí? Como foi? — perguntei, não conseguindo esconder minha curiosidade.

Emma se aproximou, sentando-se ao meu lado na cama. Ela tirou os sapatos, relaxando como se estivesse precisando desabafar.

— Foi... interessante, pra dizer o mínimo — ela começou, sorrindo um pouco. — E sabe o que é mais engraçado?

— O quê? — perguntei, inclinando-me um pouco para mais perto, curiosa com o tom enigmático dela.

— Você não vai acreditar — ela continuou, rindo e balançando a cabeça, como se ainda não conseguisse acreditar.

— O Jackson... ele é o cara da faculdade. Aquele que eu sempre falava para você.
— O meu Jackson.....

Meu queixo caiu. Por um momento, fiquei sem palavras. Jackson? O mesmo Jackson que estava no hospital? O cara por quem Emma tinha sido apaixonada por tanto tempo?

— Não pode ser... — balbuciei, ainda tentando processar a informação. — O Jackson? Aqui? No hospital?

Emma assentiu, seu sorriso se expandindo conforme eu processava tudo.

— Exatamente. Quando vi ele no jantar, foi um choque. No começo, eu nem sabia o que dizer, mas... depois de um tempo, foi como se a gente tivesse voltado no tempo, para a época da faculdade.

Eu me recostei na cama, atordoada. Era muita coincidência para acreditar. Jackson, o amigo de Lucas, era o mesmo cara que Emma nunca havia conseguido esquecer. E nós dois, sem saber de nada, havíamos os colocado frente a frente outra vez.

— E como foi? Vocês conversaram? — perguntei, querendo saber todos os detalhes.

Emma começou a contar tudo, desde o momento em que reconheceu Jackson até as memórias que vieram à tona, as risadas que compartilharam e o nervosismo palpável que permeou o ar. Eu podia ver que, apesar de tudo, Emma ainda sentia algo forte por ele.

— Foi estranho no começo, mas depois... foi como se todos esses anos não tivessem passado. Conversamos como antigamente, como se o tempo não tivesse mudado nada
ela disse, seus olhos brilhando com a lembrança.

— Mas, ao mesmo tempo, mudou. Estamos diferentes, mais maduros...Eu apenas a ouvia, sentindo uma mistura de surpresa e felicidade por ela. Era como se o destino tivesse decidido dar a Emma uma segunda chance, e isso me enchia de esperança.

— E vocês... vão se ver de novo? — perguntei, já imaginando como isso poderia se desenrolar.

Emma sorriu, meio envergonhada, mas com uma faísca de expectativa.

— Ele sugeriu que a gente se encontrasse de novo, sim. E eu... acho que vou aceitar.Eu sorri, feliz por ela. Se alguém merecia uma segunda chance, era Emma. E, de algum modo, sentir a felicidade dela também aquecia meu coração.

— Isso é incrível, Emma! Eu nem sei o que dizer... Quem diria que isso tudo ia acontecer? — comentei, rindo da coincidência.

Ela riu comigo, parecendo aliviada por finalmente ter compartilhado isso. A tensão dos últimos dias parecia ter sumido, substituída por uma nova expectativa.

— Nem eu acredito ainda. Mas, quem sabe, né? Talvez as coisas finalmente estejam indo no caminho certo.

Eu assenti, ainda sorrindo, e me deitei de novo, desta vez mais tranquila.

Eu ainda estava tentando processar toda a coincidência quando Emma, ainda sorrindo, me olhou de lado, com um brilho travesso nos olhos.

— E você, Sofia? — ela começou, com uma voz que indicava que estava prestes a fazer uma daquelas perguntas que me deixariam desconfortável.

— E o Lucas? Vocês dois não vão virar um casal também?

A pergunta me pegou de surpresa. Eu sentia meu rosto esquentar, e tentei disfarçar, mas era difícil esconder o desconforto que ela provocou.

— Eu e o Lucas? — gaguejei, tentando ganhar tempo para formular uma resposta. — A gente... somos só amigos.

Emma riu, mas era uma risada suave, sem julgamento, apenas uma observação.

— Sei... — ela disse, balançando a cabeça. — Mas não é isso o que parece. Vocês têm uma química óbvia, sabia?

Eu tentei rir junto, mas a verdade é que a pergunta dela mexeu comigo de uma forma que eu não esperava. Eu sempre soube que havia algo diferente em Lucas, algo que me atraía, mas nunca me permiti pensar que isso poderia ser mais do que amizade. Não com tudo o que estava acontecendo na minha vida, não com a minha condição.

— A gente se dá bem, claro, mas... — comecei, sem saber exatamente como terminar a frase. — Não sei se eu estou pronta para algo assim, Emma. Não agora.

Ela me olhou com carinho, percebendo o peso da minha voz.

— Eu entendo, Sofia. Mas, às vezes, a gente precisa permitir que as coisas aconteçam, mesmo quando parece que o momento não é o ideal.

Eu sabia que ela estava certa, mas era difícil. Lucas era uma pessoa incrível, e a ideia de me aproximar ainda mais dele, de talvez me apaixonar... parecia tão assustadora quanto reconfortante. Além disso, havia o fato de que ele não sabia da minha condição. Como eu poderia considerar qualquer coisa mais profunda, sabendo que havia esse grande segredo entre nós?

— Eu só... — comecei, mas minha voz falhou. Olhei para Emma, esperando que ela entendesse o que eu não conseguia expressar em palavras.

Ela sorriu, dessa vez de forma mais compreensiva, e pegou minha mão, apertando-a de leve.

— Não precisa se apressar em nada, Sofia. Só... não feche portas antes de ter certeza. O Lucas parece ser uma pessoa que vale a pena, e eu sei que você também é.

Eu assenti, sentindo um misto de alívio e confusão. Emma estava certa, mas ao mesmo tempo, eu não sabia se poderia lidar com algo tão complicado agora.

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