20

4 2 0
                                    

Sofia Clark

North Hills, Califórnia

A sensação de estar novamente desperta, após dias mergulhada em um vazio profundo, era quase surreal. Cada movimento parecia exigir um esforço monumental, e a luz suave que entrava pela janela do quarto de hospital era ao mesmo tempo reconfortante e dolorosa. Pisquei lentamente, tentando reunir forças para me orientar na realidade que me aguardava.

Minha primeira pergunta, e talvez a única que importava naquele momento, era sobre Lucas. Onde ele estava? Por que não estava ao meu lado? A ansiedade começou a crescer no meu peito, e foi nesse momento que percebi que minha mãe, Helena, estava sentada na cadeira ao lado da cama. Seu rosto mostrava sinais de cansaço, com olheiras profundas e um ar de preocupação que parecia tê-la envelhecido.

― Mãe... onde está o Lucas? ― perguntei com a voz fraca, quase como se não tivesse certeza se ela me ouviria.

Helena hesitou por um segundo, e isso foi o suficiente para que eu soubesse que algo estava errado. Ela me olhou com um misto de tristeza e compaixão antes de responder.

― Sofia, seu pai achou melhor que o Lucas não viesse te ver agora... ― disse ela, tentando soar calma, mas sua voz estava impregnada de tensão.

Meu coração afundou. Aquilo não fazia sentido. Lucas era a pessoa que eu mais precisava naquele momento, o único que conseguia me dar forças. Antes que eu pudesse protestar, a porta do quarto se abriu, e meu pai, Roberto, entrou, com o rosto sério e preocupado.

― Pai, por que você fez isso? ― perguntei, sentindo minha voz vacilar entre a raiva e a dor. ― Eu preciso do Lucas, não pode me afastar dele assim.

Roberto suspirou, sentando-se ao lado da cama. Ele parecia cansado, como se tivesse carregado o peso do mundo nos últimos dias.

― Sofia, eu só quero te proteger ― respondeu ele, a voz grave e cheia de emoções. ― Depois do que aconteceu... você não faz ideia do quanto foi difícil ver você naquela situação, quase sem vida. Eu não quero te sobrecarregar, e achei que manter Lucas longe, por enquanto, seria o melhor.

A raiva crescia dentro de mim. Eu entendia o medo do meu pai, mas aquilo estava errado. Lucas não era uma carga, ele era a única pessoa que me fazia sentir que eu podia superar qualquer coisa.

― Pai, você não entende ― retruquei, minha voz se tornando mais firme. ― Lucas é o que me dá forças. Eu preciso dele mais do que nunca. Mantê-lo longe só vai me fazer piorar.

Antes que meu pai pudesse responder, a porta do quarto se abriu novamente, e o Dr. Sloan entrou. Sua expressão era séria, como sempre, mas havia uma certa gravidade em seus olhos que me deixou apreensiva. Ele cumprimentou meus pais com um aceno e veio até minha cama, verificando rapidamente os monitores antes de se virar para nós.

― Sofia, Roberto, Helena... precisamos conversar sobre o que aconteceu e sobre o estado atual da Sofia ― começou ele, com sua voz calma, mas firme.

Eu me preparei para o que viria a seguir. Sabia que não seria fácil ouvir o que ele tinha a dizer, mas precisava saber. Dr. Sloan nos olhou por um momento, avaliando a situação, antes de continuar.

― Sofia, você passou por uma crise grave. Sua condição piorou rapidamente, e houve um momento em que tememos pelo pior. Fizemos tudo o que podíamos para estabilizar você, mas a verdade é que a situação agora é mais delicada do que nunca.

Coração em Colapso Onde histórias criam vida. Descubra agora