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Lucas Evans

North Hills, Califórnia

O silêncio do meu quarto no hospital é quase opressor. O barulho das máquinas ao meu redor, que antes eram apenas ruídos de fundo, agora parecem gritar a realidade que tento ignorar. Minha respiração soa pesada, e o leve zumbido no meu ouvido parece sincronizado com a batida do meu coração. Fico ali, deitado, encarando o teto, perdido em pensamentos que não consigo controlar.

Hoje foi diferente. Hoje, quando Dr. Koraick entrou no quarto, não era só mais uma consulta. Não era só mais uma daquelas conversas sobre quimioterapia, sobre os próximos passos, sobre o que esperar. Hoje foi diferente porque, pela primeira vez, eu me vi confrontado com algo que não posso evitar: o futuro.

— Lucas?

Dr. Koraick começou, a voz calma, mas com um peso que não dava para ignorar.

— Seus pais chegaram. Eles estão na sala de espera, querendo vê-lo. Mas antes, achei melhor conversarmos a sós.

Minha mente correu com todas as possibilidades, mas a verdade é que, no fundo, eu sabia o que ele ia dizer.

— Doutor, só diga logo. Sem rodeios, por favor.

Ele respirou fundo, sentando-se na cadeira ao lado da minha cama.

— O tratamento atual não está sendo tão eficaz quanto esperávamos. No entanto, temos uma nova opção: um tratamento experimental. Não posso garantir o resultado, mas ele pode oferecer uma chance real de melhora. É um passo importante, e pode fazer a diferença.

A palavra "chance" ficou ecoando na minha cabeça como um sino, uma coisa que deveria soar esperançosa, mas que, de alguma forma, parecia uma sentença.

— O que quer dizer com isso, doutor? O que exatamente estamos enfrentando aqui?

Ele me olhou diretamente nos olhos, e ali, naquela troca silenciosa, eu senti a gravidade da situação.

— Lucas, o tratamento experimental tem mostrado resultados promissores em casos semelhantes. Pode não ser a solução definitiva, mas é uma oportunidade para um novo caminho. Eu quero que você esteja preparado para todas as possibilidades, mas quero que saiba que ainda há esperança.

— E meus pais? — perguntei finalmente, minha voz rouca.
— Eles sabem?

Dr. Koraick assentiu lentamente.

— Sim, eles sabem da nova abordagem. Eles estão aqui para te apoiar e enfrentar isso com você. Sugiro que você converse com eles e veja o que acham da proposta. É importante que você pense sobre isso com calma.

Ele me deu um sorriso encorajador e levantou-se.

— Vou deixá-lo sozinho por um momento. Estarei por perto se precisar de mais informações.

As palavras caíram sobre mim como
um peso enorme. Minha garganta secou, e por um momento, todo o ar parecia ter sido sugado do quarto. Eu sabia que esse momento chegaria, sabia que estava cada vez mais perto, mas ouvi-lo em voz alta era como uma facada no peito.

Fiquei em silêncio, apenas assentindo enquanto ele me deixava sozinho com meus pensamentos. Não sei quanto tempo se passou desde que ele saiu, mas sei que fiquei ali, sem conseguir me mexer, sem saber o que fazer.

Minha mente começou a vagar, e inevitavelmente, ela foi parar em Sofia. Desde que nos conhecemos, ela tem sido uma constante na minha vida, alguém que entende o que estou passando de uma forma que ninguém mais poderia. Ela é a única pessoa com quem consigo ser realmente honesto sobre o medo que sinto, sobre a incerteza que me consome. E agora, tudo isso está prestes a mudar.

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