Cap. VIII

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Rodolffo chegou ainda antes da hora marcada.  Estava muito ansioso e não queria esperar.
Nervoso apertou a campainha da porta dela e logo ouviu passos vindos do interior.

- Entra.  Aqui não somos médica e bancário.  Aqui somos Juliette e Rodolffo.  - disse prontamente ela já notando o nervosismo dele, chamando-o para um abraço.

- Eu concordo,  Juliette.  - Rodolffo abriu os braços musculados e fechou Juliette entre eles.

- Trouxe vinho e, toma. - entregou-lhe o buquê de flores.

- Obrigada.  Não posso beber ainda por causa da amamentação,  mas as flores são lindas e cheirosas.

- Desculpa.  Que mico.  Porque não me toquei que não podias beber?

- Não faz mal.  Num próximo jantar  quem sabe.

Rodolffo ficou satisfeito ao ouvir ela
falar de uma próxima vez.  Sinal que  tinha chance de dar certo o assunto que o trazia cá.

Olhou em volta e reparou que a casa dela,  não sendo muito grande, era muito acolhedora.   Não havia muitos móveis, mas tudo apresentava o maior bom gosto.   Desde o simples tapete ao objecto de decoração ali num pequeno nicho,  tudo tinha ar de ter sido muito bem escolhido.

- Não repares na simplicidade da casa.  Deves estar habituado a coisas mais sofisticadas.  Anda vou mostrar-te o resto.

Além da sala de jantar e sala de estar a casa possuía apenas dois quartos que Juliette transformou em apenas um.

A parte dela era toda decorada em tons brancos e cinza e o quarto do bébé em tons brancoe azul muito a puxar o cinza também.

Um porta retrato repousava na mesinha de cabeceira dela.  Nele estava ela com o seu bébé acabado de nascer.   Juliette fez questão de pegar nele e mostrá-lo a Rodolffo.

- O meu Filipe é lindo. - disse ela num tom bastante calmo.

- Muito. - respondeu ele um pouco comovido por tamanha maturidade da parte dela.
Porque mantiveste o quarto?

- Não sei.  Fui adiando e até hoje ele está assim.

- Isso não te magoa?  Quer dizer, olhar para  as coisas dele?

- Não.   Traz-me paz.  É aqui que eu me reencontro comigo,  nos momentos em que o trabalho no hospital não corre tão bem.  O facto de estar habituada a que nem sempre a gravidez corre bem, ajudou-me a superar e depois veio a Valentina.

- Foi por isso que eu fiz a proposta.  Ninguém será melhor mãe que tu.

- Vamos jantar e conversar sobre isso.  Não sei se o jantar é do teu agrado.  Abre o vinho.

- Não.   Se tu não bebes, eu também não preciso.  Bebo o que tu beberes.

O jantar decorreu animado.  Os dois parecia que já se conheciam há muito e o diálogo era muito animado.  Juliette quis saber um pouco da vida dele e ele também.   O assunto Valentina havia ficado de lado.

Juliette fez café e decidiu que iam tomá-lo na varandinha anexa à sala de estar.  Estava uma noite muito agradável para respirar o ar da rua.

- Aqui é que eu gosto de ficar à noite.
Gosto de cantar tendo a lua como plateia.  A sorte é que deste lado não tenho vizinhos.

- É muito agradável este espaço.  Tu cantas?  Será que posso ser agraciado com uma canção?

- Hoje não.  Eu cantava para o meu bébé.

- E vais cantar muito para a Valentina, tenho certeza.

- A Valentina,  é verdade.  Foi ela que nos trouxe até aqui.

- Como partilharemos a guarda?  Eu tenho uma sugestão. - disse Rodolffo enquanto pousava a xícara do café e dava um gole no whisky que ela lhe ofereceu.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora