Cap. IX

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Juliette acomodou-se num dos cadeirões que ladeava a pequena mesa, deixando o outro para Rodolffo.  Por ser pequena conseguia aninhar-se no mesmo, dobrando as pernas debaixo do corpo.

- Tenho inveja de quem consegue fazer isso.  Deve ser tão confortável- disse Rodolffo depois que ela se acomodou.

- É a minha posição favorita.  Quando está frio com uma manta fica muito gostoso.

- Então,  quanto a Valentina.   Eu acho que ela deve ficar lá em casa pois tem a minha mãe para cuidar dela.  No teu dia de folga ela pode ficar aqui ou quando tu achares que podes.

- É. - foi o que ela respondeu.

Rodolffo olhou e notou uma mudança na expressão dela.

- O que foi Juliette?  Estou aberto a outras soluções.   Isto é novo tanto para mim como para ti.

- Sim.  Tens razão.   Só estava a pensar que tenho que fazê-la aceitar a mamadeira.

- Vais deixar de amamentá-la?

- É o certo.  Eu não vou ter acesso a ela diáriamente. Lá no hospital é mais fácil.

Rodolffo ficou calado.  Durante uns minutos nenhum deles disse uma palavra.  Então,  como que impelido por uma mola, Rodolffo abaixou-se na frente dela e pediu.

- Vem morar connosco.  Lá em casa há espaço suficiente para todos e garanto que terás toda a privacidade do mundo.

- Tu és doido?  Conhecemo-nos há três dias, Rodolffo!

- E depois?  Eu acredito em almas gémeas, no entanto não tem a ver connosco e sim com a nossa filha.

- E a tua mãe?  O que ela pensará de tudo isto?

- Dona Elsa vai gostar de ti, isso eu posso garantir porque a conheço bem.

- Não sei.  Aqui tenho o meu cantinho.  As minhas lembranças.

- Levamos as lembranças também.   Levamos o quarto do teu bébé se quiseres.

- Isso não.   Posso dar a maioria das coisas para a Valentina, mas eu tinha ideia de doar isto tudo.  Estava a aguardar a hora certa.

- A hora é agora, Juliette  - Rodolffo disse isto segurando nas mãos dela.
Vem comigo nesta caminhada.

- Tu estás muito emotivo.  Vamos pensar bem no assunto.  Eu vou lá conhecer a tua mãe e depois decidimos o que fazer.

Ele apoiou a cabeça nas mãos dela e depois beijou-as.
Ela soltou uma das mãos e afagou-lhe o cabelo.

- Isto está a ir depressa demais, Rodolffo.

- Eu sei, mas acredito em amor à primeira vista.

- Também eu, mas tenho medo de ser apenas por causa de Valentina.   Não quero que um dia nos odiemos e ela sofra.

- Isso não vai acontecer.  Se por algum motivo não der certo, ainda teremos a nossa filha para nos manter unidos nem que seja como amigos.

Juliette tomou a iniciativa e deu-lhe um selinho que ele logo transformou num beijo de lingua bem intenso.  Separaram-se para respirar, Rodolffo sentou-se e colocou-a no seu colo.  Juliette encostou a cabeça no peito dele e assim ficaram em silêncio.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora