Cap. XXVI

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A tensão era grande.  A polícia sabendo a localização onde ia ser feita a transacção bem cedo se posicionou nas imediações.   Era uma pista de aviação clandestina no meio do mato.

Em casa de Rodolffo os nervos estavam à flor da pele.  Helena não parava de chorar.

Precisas estar calma se ela telefonar.  Se perceber algo na tua voz tudo estará perdido.

- Eu sei doutor.   Vou ficar calma.

Eram cerca das 13,30  horas quando o telefone de Helena tocou.  Dois policiais e Rodolffo estavam presentes.

- Atenda o mais natural possivel. - disse um dos policiais.

- Alô, Marta?

- Claro que sou eu.  Quem deveria ser?  Está tudo como combinado?

- Sim.  Todo o mundo subiu para tirar um cochilo após  o remédio que coloquei no suco.

- Vão dormir por algumas horas. Daqui a cerca de 30 minutos podes sair.  Creio que não deves demorar mais que 45 minutos a chegar.

- Sabes que eu conduzo devagar!

- Então hoje trata de pisar no acelerador e vê se não te enganas no caminho.

- Não queres desistir?

- É brincadeira, não?   Nunca desisti dos meus objectivos.  Faz o que combinámos e todos ficam bem.

- Sim. - respondeu Helena querendo encerrar a conversa.

De seguida foram preparar a alcofa com um bébé reborn semelhante à Camila.  Isso iludiria qualquer um à primeira vista.

Rodolffo e um dos policiais seguiram atrás do carro de Helena, a uma distância razoável em um carro descaracterizado.  O outro policial ficou com dona Elsa e as crianças.

Quando Helena estacionou ficou dentro do carro conforme combinado.  Os policiais no local já haviam comunicado que estava tudo a postos.  Tinham presenciado a chegada do pequeno jacto e também de Marta.

O telefone de Helena tocou.  Ela atendeu.

- Porque não sais?

- Vou já sair.  Estou a juntar os pertences da criança.

- Trás só a criança.   Deixa o resto.

Helena saiu, pegou na alcofa e dirigiu-se aos dois.  O homem estava com uma mala na mão que se presume fosse o dinheiro.

Helena tinha colocado uma touca no boneco que lhe cobria grande parte do rosto.  Marta olhou de relance e nem percebeu a troca.  Sorriu para o homem segurando as alças da alcofa e estendendo a outra mão para segurar a mala.

Foi neste momento que do meio do mato surgiram os policiais armados dando-lhes voz de prisão.

- Desgraçada! Traidora! Gritava Marta dirigindo-se a Helena.

Rodolffo chegou logo a seguir e sem se conter socou a cara dela. 

- Puta de merda!  Vou fazer com que apodreças na prisão.

- Rodolffo,  foi ideia da Helena. Ela é que arquitectou o plano.

Helena não disse nada, mas aproveitou e deu-lhe um estalo numa das faces.  Um dos policiais afastou-a dali.

- A minha vontade era desfigurar essa cara toda.

Rodolffo pediu que Helena se contivesse.  O assunto agora era com a justiça.

A pedido das forças policiais ambos regressaram a casa.  Rodolffo conduzia o carro de Helena e nenhum deles falou até entrarem em casa.

Rodolffo abraçou a mãe e foi a correr ver as filhas.  Juliette já tinha regressado e estava com elas no quarto, mas não  estava com boa cara.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora