Cap. X

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As obras na casa de Rodolffo estavam a terminar.  Tinha reformado o quarto de dona Elsa que agora tinha ligação ao de Valentina.

Juliette e dona Elsa gostaram imediatamente uma da outra e Juliette pode opinar em tudo.  A vontade dela era dormir junto com a menina, mas devido ao facto de ter turnos nocturnos optaram por ela ficar com dona Elsa.

Hoje Juliette e Rodolffo estavam em casa de Juliette para buscar alguns pertences que faltavam.  Nenhum deles reparou que desde que tinham saído do carro, dois olhos vigiavam os seus passos a partir do interior da pastelaria do outro lado da rua.

Rodolffo entrava e saía de casa com diversas sacolas que colocava na bagageira do carro.

- A doutora Juliette está de mudança? - perguntava uma moça à funcionária.

- Não sei.  Esta semana ainda não a vi aqui.

- Pois parece.  Olha o moço está farto de trazer sacolas.

- Já vi.  Lindo homem.  Será que é o novo namorado dela?  Que seja feliz.  Já sofreu tanto com a morte do filho. - disse a funcionária regressando ao seu posto de trabalho.

Desde que eles chegaram, Marta reconheceu logo Rodolffo seu antigo companheiro.  Por esse motivo ficou ali sentada a ver o desenrolar das idas e vindas ao interior da habitação.

Juliette terminou e saiu com a última sacola que enfiou no carro.  Rodolffo fechou a viatura, passou o  braço sobre os ombros dela e atravessaram a rua entrando na pastelaria.

- O que queres, Ju?

- Um croissant com queijo e um ice tea com gelo.

- Para mim igual. - disse  Rodolffo à funcionária e dirigindo-se com Juliette a uma das mesas.

- Só nesse momento reparou na moça perto da janela.  Mesmo estando ela de costas,  ele reconheceu-a.

Sentou-se de modo a ficar de costas para ela e olhando para Juliette fez-lhe sinal.

- A minha ex. - disse ele indicando discretamente para trás.

- Juliette olhou por cima do ombro dele e reconheceu a moça.

- A Marta? - sussurrou ela.

- Ha,  ha. Conheces?

- Sim.  Daqui.  Já nos temos cruzado e conversado. Ela está vindo.

Marta levantou-se, foi ao balcão pagar e ao passar por eles cumprimentou.

- Como está, Doutora?  Rodolffo?  Que surpresa!  Não sabia que conhecias a doutora.  Será que foi no tempo em que me vinhas ver aqui a casa?

- Faz tempo, não é?  Não foi nesse tempo, não,  mas foi no tempo certo.  Espero que esteja tudo bem contigo, Marta.

- Podia estar melhor, mas ha-de melhorar.  Podemos conversar um dia destes?

- Não deixámos nada por dizer quando nos separámos, Marta.  Agora por favor, deixa eu aproveitar este momento com a minha companheira.

- Vocês namoram?

- Não.   Somos casados. - respondeu prontamente Rodolffo.

- Não vejo alianças.   Porque mentes, Rodolffo?

- E quem disse que é necessário alianças para ser casado? - questionou desta vez, Juliette.
Vês, amor!  Eu avisei que ia ser assim.  As pessoas precisam de ver essas tretas de alianças.   Outras precisam de papeis quando na verdade basta os dois estarem na mesma sintonia.
O nosso casamento é só nosso, não precisa de plateia nem de troféus.

Marta engoliu em seco, despediu-se secamente e saiu.

Juliette olhou para Rodolffo e os dois deram uma gargalhada olhando depois à sua volta e dando um selinho.

- És maravilhosa.

- Tu és mais.  Vamos?

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora