Cap. XXI

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Juliette havia regressado ao trabalho 6 meses após o nascimento de Camila.  Dona Elsa cuidava das netas agora ajudada por Helena, uma senhora na casa dos 40 anos, emigrada de Peru.  Falava um português perfeitamente aceitável por ter vivido alguns anos em Portugal.

Apareceu por acaso a nossa vida.  Juliette estava no parquinho da cidade com as filhas e dona Elsa quando na sua frente apareceu uma criança de cerca de 3 anos a chorar.

Vi que estava sózinha. Dei-lhe um biscoito e àgua e Valentina começou a interagir com ele.  Perguntei onde estava a mãe e ele disse que ela tinha ido buscar àgua. Não entendi.

Esperei um bom bocado alguém aparecer.  Aparentemente ele estava bem e parecia já não se lembrar da mãe tão embrenhado estava na brincadeira.
Passara cerca de uma hora e eu estava já para chamar a policia quando vejo vir uma senhora a correr.

- Gabriel, seu malandro.  Porque fugiste?  A tua mãe anda doida à tua procura.

Ele ficou assustado pela reprimenda, começou a chorar de novo e a senhora apresentou-se.

- Desculpem.  Meu nome é Helena, sou amiga da mãe deste menino e faz horas que andamos à sua procura.  Não sei como veio aqui parar sózinho. - disse pegando nele ao colo.

- Apareceu aqui a chorar e disse que a mãe foi buscar àgua.

- Verdade.  A mãe estava com ele no jardim de casa, entrou para buscar a garrafa de àgua, de repente atendeu uma chamada e quando voltou já não o encontrou.  Começámos logo à procura.  Da casa dele aqui ainda é uma boa distancia,  não sei como ele cá chegou.

- Com as crianças é preciso sete olhos.

- É o que eu penso.  Cuidei um tempo da minha neta em Portugal.  Vou ligar para a mãe dele a dizer onde está.  Ela já tinha avisado a polícia.

Helena ficou a conversar com Juliette e dona Elsa até a mãe do menino chegar.  Logo a viram acompanhada de um policial.

Ela agradeceu por terem ficado com a criança e depois de conversar com o agente despediram-se e foram embora.

Helena procurava trabalho.  Qualquer dizia ela.  De faxineira, babá, jardineira, empregada na construção,  passear cachorro, ela precisava de trabalhar e por isso aceitava o que aparecesse.

Semanas depois, e aproximando-se o fim da licença de maternidade de Juliette,  em conversa com Rodolffo decidiram arranjar alguém para ajudar dona Elsa.  Ela lembrou-se de Helena e faz um mês e meio que ela está lá em casa.  Ajuda na faxina da casa e a cuidar das meninas, juntamente com a avó.

Ao contrário de quando amamentou Valentina, Juliette não conseguiu amamentar Camila mais que quatro meses.  Por qualquer motivo o leite foi secando e ela precisou recorrer à mamadeira, mas ela aceitou muito bem.  Na última ida ao pediatra,  Camila tinha uma saúde de ferro.  Valentina também foi observada e também estava bem.

Isso deu tranquilidade a Juliette para voltar em pleno ao trabalho.


Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora