- Quem é a moça? - questionei a equipe que aguardava.
- Foi trazida e largada à porta do hospital. Não tem identificação e está desacordada. Numa primeira avaliação parece tratar-se de uma toxicodependente.
Juliette observou a moça. Estava grávida e a julgar pela barriga, devia estar em fim de tempo.
- Coloquem a moça a soro. A criança está posicionada para nascer.
Juliette observava o rosto e braços da jovem. Ela começou a despertar.
Nos braços eram visíveis as marcas causadas pelas agulhas com que se injectava.- Como se chama? Quem podemos avisar?
- A jovem abriu os olhos. E que olhos! Azuis esverdeados, brilhavam como cristais.
- Chamo-me Eugénia. Por favor tira esta coisa de dentro de mim.
- Esta coisa é o seu filho. Vou fazê-lo nascer de imediato.
- Não me interessa. O pai que tome conta dele. Eu não o quero, nunca quis.
- Não diga isso. Um filho é uma bênção. Quem é o pai?
- Um ricaço metido a besta. Por causa dele eu estou assim. Deixou-me e ainda por cima buchuda.
- Ainda não me disse o nome dele. Quem fez estes cortes na sua barriga?
- Eu. Ontem à noite, depois de me drogar. Fiquei doidona. Queria tirar dela tudo o que me lembrasse o Banqueiro Silva Marques.
- É ele o pai?
- Ela assentiu com a cabeça e gritou no momento seguinte depois de uma contracção.
Minutos depois nascia uma criança do sexo feminino e Eugénia após uma hemorragia intensa acabou por morrer.
Por ser filha de toxicodependente, a bébé precisou efectuar os mais diversos exames e teria que permanecer internada.
Mandei a minha enfermeira assistente procurar o número de telefone do banco onde o suposto pai trabalha.
- Bom dia. Peço desculpas o doutor Silva Marques está ausente a trabalho. Regressa dentro de 15 dias.
- Posso deixar um pedido para que me contacte logo que possa.
- Com certeza. Vou anotar.
Juliette deixou recado e voltou ao berçário. A bébé já tinha sido sujeita a vários exames e agora preparavam-se para lhe dar a mamadeira.
- Deixe que eu dou. - disse Juliette segurando a bébé. Ela colocou o bico da mamadeira na boca da criança, trocaram vários bicos e nada. Ela não pegava em nenhum.
- Precisas de comer, bébé. Vá lá, ao menos um pouco.
Nada a fazia pegar na mamadeira e nesta altura já começava a chorar.
Juliette olhou ao redor. A responsável do berçário estava bastante distante e ela direccionou a criança para o seu peito. Foi como magia, ela sentiu o mamilo e de imediato abocanhou-o, começando a sugar.
Juliette estava emocionada e apesar de saber que não era correcto, agora só precisava de alimentar a criança.
Foi surpreendida pela responsável do berçário que viu a cena, mas não teve coragem de dizer nada.
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Deixa-me cantar à Lua
FanfictionA lua. Sempre ela. Grande, linda, sempre lá no alto acolhendo tanto is enamorados, como os tristes solitários. Por isso eu canto para ela.