Cap. XXIII

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Na manhã seguinte, Helena chegou para trabalhar e perguntou a Elsa qual era a agenda dos patrões.

- A doutora está no turno da tarde, Rodolffo vai sair dentro de momentos.

- Eu preciso conversar com os dois agora mesmo.

- O que aconteceu? A doutora ainda não acordou.

- Por favor, dona Elsa. Vá avisá-los. É muito urgente.

Rodolffo foi acordar Juliette e pouco tempo depois estavam reunidos com Helena.

- Desculpem o transtorno. Dr. a conversa vai ser longa. Vai chegar atrasado ao trabalho.

- Não tem importância. Podes começar a falar.

- Eu amo o meu trabalho aqui e gosto muito desta família. Doutora, a minha abordagem lá na pracinha não teve má intenção. Eu pedi emprego e eu precisava mesmo.

O que vou revelar é muito grave e estou disposta a sofrer as consequências.

- Já estou nervosa, Helena.

- É para estar mesmo porque se eu não fiz, talvez alguém faça por mim.

Helena contou todo o esquema armado por Marta sem omitir nenhum pormenor.

Rodolffo e Juliette ouviam com os olhos esbugalhados e sem querer acreditar no que ouviam.

- A Marta? - questionou Rodolffo. Garota de programa? Desde quando?

- Ela diz que no início frequentava o bar uma ou duas vezes por semana, depois que se separou de si passou a ir sempre.

- Então eram essas as horas extraordinárias que duravam até às tantas!

- Eu nunca faria mal à vossa menina. Quando eu aceitei o emprego pensei que ela já tinha esquecido o assunto, mas assim que ela descobriu voltou com a chantagem.
Daqui eu vou à polícia e vou denunciá-la. Se tiver que ser presa pelo meu crime, que seja, mas não farei mal a uma inocente.

Juliette estava de lágrimas nos olhos e Helena também. Rodolffo segurava a mão de Juliette que largou para fazer uma chamada para o banco a dizer que não iria trabalhar.

Depois de terminar a chamada, tomou café e saiu com Helena em direcção à delegacia. Juliette ficou sentada no mesmo sítio. Elsa serviu-lhe o café, mas ela não conseguiu comer nada. Não entendia como o ser humano conseguia ser tão mau.

- Não estejas assim. Vamos estar atentas e não vamos deixar as meninas sózinhas.

- Essa gente quando quer, sempre dá um jeito. Só vou ficar descansada quando essa Marta for presa.

- Como pode, uma pessoa ser tão falsa. Parecia um anjo quando vivia aqui.

- Mas ela não foi embora porque não queria filhos? Qual é a raiva que ela pode ter de mim ou do Rodolffo?

- Também não entendo. Espero que a polícia tome medidas.

- Hoje nem vou conseguir trabalhar como deve ser. Acho que vou ligar e pedir dispensa também.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora