Um mês depois a criança continuava nos hospital e nem sinal do suposto pai.
- Bom dia. É mais uma vez a dra Juliette. Preciso urgentemente de falar com o dr. Silva Marques.
- Ele está em reunião doutora.
- Pois diga-lhe que vou aí e ele que não ouse não me receber.
- Um momento que eu vou transmitir a sua mensagem ao doutor Miller que é o braço direito do doutor Silva Marques.
Juliette esperou, bufando por todos os lados.
Alguns minutos depois
- Doutora, o doutor Miller diz que vai agora mesmo aí ao hospital inteirar-se da situação.
- Não é a mesma coisa, mas pelo menos alguém tomará conhecimento do assunto. Obrigada. Ele que pergunte por mim. Estarei no berçário.
Juliette alimentava a criança como vinha fazendo desde o primeiro dia.
Uma enfermeira conduziu o doutor até ao berçário e pediu-lhe que esperasse.
Ele ficou a observar através da janela de vidro os vários berços devidamente alinhados. A um canto reparou numa moça amamentando uma das crianças.
Pela indumentária pareceu-lhe ser médica, mas ficou na dúvida.
A enfermeira que o acompanhou chegou perto dela e pela expressão parece que a doutora pediu para eu esperar.
Eu fiquei ali a apreciar a cena, tentando perceber coisa nenhuma.
De seguida ela levantou-se da cadeira depois de compor a roupa e veio colocar o bébé no berço mais próximo da janela onde eu estava.
Trocámos olhares e no momento seguinte ela aparecia junto a mim.
- Bom dia. Sou Juliette, a obstetra deste hospital.
- Muito gosto, Rodolffo Miller.
- Vamos para o meu gabinete. Lá conversaremos mais à vontade.
Rodolffo seguiu lado a lado com Juliette. A sua atenção estava nos longos cabelos dela mas essencialmente no cheiro que dela emanava.
- Sente-se por favor. Porque é que o Dr. Silva Marques decidiu ignorar-me? Este é um assunto muito importante. Está em causa a vida de uma pessoa.
- Ele é muito ocupado.
- Não esteve ocupado quando fez o filho!
- Filho? Que filho?
- Você conheceu a Eugénia?
- Sim. Eles tiveram uma relação, mas há muito que terminaram.
Ele disse que o término tinha partido dela e não mais os vi juntos.
- Pois, mas dessa relação nasceu uma menina que precisa do pai pois a mãe acabou por falecer no parto.
- Lamento pela Eugénia. Pareceu-me boa moça.
- Um tanto perdida no mundo. Já era toxicodependente nessa época em que eles se relacionavam?
- Que eu tivesse conhecimento, não.
- Pois agora era. Por isso a criança precisou ficar aqui este tempo todo. Diga ao seu chefe que é necessário que ele resolva, caso contrário precisamos accionar as entidades de apoio à criança.
- Eu posso ver a bébé?
- Pode. Venha comigo que eu mostro-lhe a menina mais linda do berçário. Tem os olhos claros da mãe.
- A Eugénia tinha os olhos bonitos mesmo.
Rodolffo acompanhou-a ao berçário e chegando em frente do berço ele ficou sem entender nada.
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Deixa-me cantar à Lua
FanfictionA lua. Sempre ela. Grande, linda, sempre lá no alto acolhendo tanto is enamorados, como os tristes solitários. Por isso eu canto para ela.
