Cap. XXV

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Os dias passavam cada vez mais angustiantes.  Juliette ia trabalhar, mas não estava concentrada.
Rodolffo não saía de casa nem deixava sair as filhas. Quando muito iam ao jardim da casa.

Helena também não estava bem por conta da falta de confiança dos patrões.  Tido o mundo vivia sob tensão.

As conversas que foi tendo com Marta estavam a ser monitoradas pela polícia.  A cada telefonema,  Rodolffo contactava o agente e o advogado para pedir instruções.

Parece que havia chegado o dia D. Helena chegou a casa e à porta estava Marta.  Antes de sair do carro Helena pôs o telefone a gravar e deixou-o no bolso da jaqueta.

- Que fazes aqui?

- Esclarecer umas coisas.   Amanhã é o dia.  Preciso que me entregues a criança pelas  15 horas.

- Como?  Elas não têm estado bem, nem saem de casa, como vou trazê-la.

- Já foste bem mais esperta, Helena! 
Bolas!!!!  Droga todo o mundo e depois sais com a miúda.

- Como não pensei nisso?

- Depois é só desapareceres.   Volta para Portugal.
Aqui tens a morada onde me entregarás a criança.  Cuida em cumprir o horário.  15 horas, nem um minuto a mais nem a menos.

- Vais lá estar?

- Claro, até porque o pagamento é feito com a entrega da mercadoria e eu não confio tanto dinheiro a ninguém.

- E eu ganho o quê com isto tudo?  Dizes que eu volte para Portugal, mas vou viver de quê?  Pagas a passagem?

- Se tudo correr bem terás uma comissão.   Nada volumoso, mas vai dar para saíres daqui.
Agora, vamos lá no bar?

- Há muito que deixei essa vida, Marta.  Não quero mais isso.

- Azar o teu.  Tem uns gringos por lá cheios de dinheiro.  Uns trouxas fáceis de levar na conversa.

- Para ti que falas inglês,  agora se fosse eu dizia o quê?

- Com eles não precisa de muitas palavras.  É mais acção.

- Não.   Essa vida para mim já deu. E estou conhecendo uma pessoa.

- Sério?  Eu conheço?

- Não.   Chegou há pouco à cidade.  É do interior.

- Já vi tudo.   Em vez de voltares para Portugal, vais enfiar-te na roça.

- Sou bem capaz disso.

Tu é que perdes.  Estamos conversadas.  15 horas sem falta com a desmelinguida da criança nessa morada.  Se faltares o vídeo será entregue imediatamente e depois adeus menino de roça.

Marta saiu.  Helena  veio acompanhá-lá à porta e esperou até ver o carro dela desaparecer no final da estrada.  Ligou para Rodolffo e enviou-lhe a gravação e a morada que Marta lhe deu.

Ele agradeceu e disse que falariam na manhã do dia seguinte.

Rodolffo acordou  quando sua mãe lhe comunicou a chegada do advogado e de dois policiais.
Mandou servir-lhes café e já descia.

- Helena já chegou?

- Sim.  Está a conversar com eles.

Preparou-se com rapidez e minutos depois já estavam todos reunidos.  Juliette tinha saído bem cedo para o hospital.  Rodolffo não lhe disse que hoje era o dia. Ela regressava para almoçar e isso era tudo o que ele queria.  Que ela estivesse com as filhas pois ele pretendia estar lá quando do Marta fosse presa.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora