Por um motivo que ele não conseguia explicar, Rodolffo não gostava de Helena.
Podia ser cisma dele, mas algo nela não lhe agradava.- É impressão tua, amor. Ela é dedicada, atenciosa. Pergunta à tua mãe. Ela está satisfeita e ela é que convive mais com ela.
- Ok. Pode ser, mas fico atento.
Algum tempo depois, num outro lugar, à noite.
- Já estás lá há tanto tempo, dava para fazeres muito mais.
- Não vou fazer isso. Eu gosto deles, tratam-me bem, tenho um óptimo salário. Gosto de lá.
- Sabes o que te pode acontecer se não fizeres o que eu quero?
- Por favor, isso já faz tanto tempo. Esquece esse assunto.
- Não esqueço, Helena. Eu quero que essa família sofra. Fui humilhada por aquela doutora, não vai ficar sem resposta.
- Mas eu não consigo. Amanhã mesmo vou despedir-me.
- E eu entrego o vídeo à polícia. Aquele homem morreu por tua culpa. Tu é que o agrediste e abandonaste o corpo na lixeira.
- Com a tua ajuda.
- Prova que eu ajudei. Foi na tua casa que ele morreu.
- Porque me agrediu, mas estava vivo quando o deixámos. Depois voltaste para verificar e confirmaste a morte.
- Estava bem morto. Agora vê se fazes o que pedi. Quero aquela menina fora daquela casa.
- O que vais fazer com a bébé.
- Vendê-la. Tenho até um comprador em vista. Vem ao Brasil dentro de 15 dias. É esse o tempo que tens para fazeres o trabalhinho.
- Não. Não vou fazer. Não vou cometer outro crime. Não quero passar o resto da vida na prisão.
- E para onde pensas que vais se eu entregar o video? É um homicídio.
Já arranjei um lugar onde a criança e o comprador vão ficar dois dias depois da transacção. A seguir tão escondido como veio, regressarão aos Estados Unidos.- Vão ser apanhados no aeroporto.
- Não te preocupes. O dinheiro paga um jatinho particular.
- Desiste, Marta.
Conheci a Marta há dois anos. Ambas frequentavamos um certo tipo de bares. Chegámos a morar juntas durante uns meses em que o dinheiro não abundava e então decidimos partilhar a casa que eu alugara.
Numa dessas noites permiti que um cliente me acompanhasse a casa. Era um homem meio grosseiro. Nunca o tinha feito e ainda não entendi porque o fiz naquela noite. Eu era iniciante nessa vida e estava por fora de certos perigos apesar da Marta já me ter alertado.
Ela era esperta. Mulher estudada, sempre seleccionava os bons clientes para ela.
Nessa noite em casa, o homem tomou umas bebidas e quis sexo. Eu neguei por ele estar bastante alcoolizado e fui logo agredida com um murro no rosto.
Caí junto à lareira da casa e peguei num dos acessórios da mesma desferido um golpe nele que caiu redondo. Nem vi onde acertei. Entrei em pânico assim que vi bastante sangue junto dele.Marta chegou junto a mim naquele momento, mas a verdade é que ela já havia chegado antes, presenciado e gravado tudo.
Ajudou-me a levar o homem até uma lixeira distante. Deixámos o homem ali, voltámos para casa, eu limpei tudo e no dia seguinte ela saiu de minha casa para ir morar sózinha.
Agora diz que eu devo sequestrar uma criança, mas eu não quero fazer isso.
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Deixa-me cantar à Lua
Hayran KurguA lua. Sempre ela. Grande, linda, sempre lá no alto acolhendo tanto is enamorados, como os tristes solitários. Por isso eu canto para ela.