Cap. XVIII

58 9 8
                                    

Mais um dia de trabalho no hospital.   Juliette já apresentava uma barriga bem notória para os seus sete meses de gestação.

- Mande entrar a próxima gestante. - pediu ele à sua assistente.

Pela porta entrou quem ela menos esperava.  Uma jovem na casa dos seus 25-30 anos, linda, de cabelo loiro e pele branca, vinha acompanhada do seu ex.

Silvestre entrou e quando Juliette levantou o olhar para lhes dar atenção,  ele parou estático.

- Laura, vamos embora.  Aqui não teremos sorte.

Juliette olhou para a moça e notou a decepção estampada no seu rosto.  Os olhos estavam vermelhos como quem tinha chorado.

- Não precisam ir embora.  Eu posso chamar a minha colega para vos atender.

- Eu não tenho problemas.  Pode ser a doutora mesmo. - disse a moça.

- Eu disse vamos embora. -  Silvestre segurou o braço dela puxando-a da cadeira onde ela já estava sentada.

- Silvestre, deixa de ser marrento.   Estou aqui como médica e não outra coisa. 
For favor chame a doutora Diana, - disse Juliette à assistente.

Juliette sentiu que aquela moça precisava de ajuda.  Em hipótese alguma ela poderia deixá-los irem sem saber  porque vieram.  O olhar dela era como uma súplica.

Abriu a a gaveta da secretária e accionou o gravador.  O bom senso mandava.  Levantou-se para colocar um documento no móvel atrás de si e logo começou o ouvir um monte de  impropérios.

- Buchuda de novo?  Quem é o otário desta vez?  E quem é o pai?  Por certo outro negrinho que caiu na tua rede.

Laura sem perceber nada, olhava para Silvestre com ar de reprovação.

- Nem abras a boca.  É que são todas iguais.  Usam a barriga para fazer de nós trouxas.  Eu disse-te que nunca ia ser pai.  Hoje mesmo resolvemos esse assunto.

- Qual a necessidade de ofender?  Já faz tanto tempo.
Diana, por favor, toma conta do caso deste casal.

- A minha namorada veio aqui para fazer um aborto.  Que seja rápido e deixemos de muita conversa.

- Venham comigo até à minha sala.

Os três saíram e Juliette respirou aliviada.   Fez uma chamada para Diana.

- Finge falar com alguém que não eu.
Tenta ficar a sós com a moça.  Desconfio que está a ser obrigada.

- Muito bem.   O que os trás aqui?

- A minha namorada está grávida de 3 meses e quer abortar.

- E o senhor é o pai?

- Espero que sim, né?

- E concorda?

- Ela sabia que eu não quero ter filhos.   Decidimos em conjunto.

- Vou pedir-lhe que espere na sala pois vou examinar a sua namorada.

- Eu não posso ficar junto?

- Neste exame não.   Vai ser rápido, por favor aguarde na sala de espera até eu o chamar.

Quando ficou a sós com Diana, Laura começou a chorar.

- Por  favor, doutora.  Eu não quero tirar o meu filho.  Ele é que me obriga.

- Fique calma que eu já percebi e vamos resolver isso.  Venha comigo para a outra sala.

Entretanto, Juliette havia saído da sua sala em direcção ao rés do chão onde se encontrava o agente de polícia de serviço.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora