Cap. XIX

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- Porque é que não o denunciou?

- Ele controla tudo.  Eu não tenho acesso nem ao meu telefone nem ao meu cartão de crédito.

- Não tem família?

- Moram no interior.  Não tenho como contactá-los.

- Como é que se envolveu com um tipo destes?

- Ele não era assim.  Ficou agressivo quando soube da gravidez.

- Tal como fez comigo quando eu engravidei. - disse Juliette entrando naquele momento.

- A doutora engravidou dele?

- Sim, mas eu não deixei que ele mandasse em mim.  Separámo-nos e eu tive o meu filho sózinha.   Infelizmente não sobreviveu, mas nunca me arrependi de o ter.

- Eu também quero o meu bébé, mas sei que se ele me apanhar, não vai deixar ele nascer.

Uma enfermeira veio avisar que Silvestre estava agitado na sala de espera e provocando algum tumulto.

- A Laura quer apresentar queixa?
Nós podemos ajudá-la.

- Quero, mas não tenho para onde ir, não tenho nada.

- Fale com a sua família.   Talvez alguém a ajude.  Pode usar o meu telefone.

Laura ligou para os pais que ficaram felizes por terem notícias da filha.  Pediram para ela regressar imediatamente e que teria o apoio necessário.

- Pai, eu estou grávida.

- Volta, minha filha.  Nunca aqui te faltou nada e nada faltará ao meu neto.

- Eu vou voltar, pai.

A esta hora já Silvestre era conduzido à delegacia por causa do tumulto causado na sala de espera.  Laura foi observada e constatando que estava tudo bem, apresentou queixa na policia do hospital que enviou um agente para a acompanhar até casa, recolher algumas roupas e seguir para a rodoviária onde ele ficou até ela partir.

Juliette foi quem lhe deu algum dinheiro para a viagem.  Laura agradeceu e prometeu retribuir.  Foi aconselhada a cancelar o cartão bancário assim que pudesse.

- Tens noção que estás em perigo, Ju?

- Tenho, mas não podia deixar que mais uma vez ele se safasse.  É a segunda queixa que eu apresento contra ele, mas eu sei o quanto estes processos demoram e por vezes não dão em nada.  O meu único medo é cruzar-me com ele sozinha ou com os meus filhos na rua.

À noite, Juliette contou o episódio a Rodolffo.   Também ele deveria ficar alerta.
Apreensivo quanto ao assunto, no entanto ele deu-lhe o seu apoio e disse que ele faria exactamente o mesmo.

No dia seguinte Juliette estava de folga.  Dona Elsa veio chamá-la.  As notícias davam conta de tiroteio no hospital onde trabalhava.   Ela veio até à cozinha inteirar-se do sucedido.

Silvestre foi solto e de regresso a casa e constactar que Laura tinha levado a roupa, pegou numa arma e dirigiu-se ao hospital.

Ali chegando tentou entrar na maternidade, mas foi impedido pela segurança. Sacou da  arma e ameaçou a segurança.  Uma jovem vinha a sair e ele segurou-a transformando-a em escudo e ameaçando matá-la.

Um policial num ponto estratégico não exitou e disparou um tiro certeiro que o fez cair e largar a jovem.

Juliette respirou aliviada e desligou a TV.  É pena uma pessoa chegar a este estado de loucura, mas não havia nada a fazer.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora