Oito meses depois
Hoje foi lida a sentença do julgamento de Marta. Por ter ficado provado que foi ela que matou o homem que Helena agrediu e ainda o crime de sequestro e tráfico de crianças, foi condenada a 35 anos de reclusão.
Ficou provado que após deixarem o homem na lixeira, Marta voltou atrás e cravou-lhe uma faca no peito. Foi ingénua ao deixar as suas impressões digitais na faca.
O advogado prometeu apresentar recurso, mas ela não aceitou. Disse que estava exausta com o julgamento e não passaria por outro.Helena foi condenada a pagar uma quantia a uma qualquer instituição de solidariedade pelo crime de abandono de pessoa ferida. Apesar de tudo estava satisfeita.
O comprador da criança por ser pessoa rica, conseguiu escapar da prisão preventiva e até hoje desconhecesse o seu paradeiro. Foi julgado à revelia e condenado a sete anos de prisão.
Fez-se justiça, concluíram os demais interessados.
...
Muitos anos passaram e os nossos personagens hoje vivem uma vida totalmente diferente.
Valentina fazia a ronda pelos doentes quando um nome despertou a sua atenção. Abel Silva Marques.
Desde que completou dez anos a mãe e pai contaram-lhe a história do seu nascimento. Foi em mais um dos seus questionamentos sobre a cor da pele dela ser diferente dos irmãos.
Já havia perguntado outras vezes, mas desta vez acharam que eram horas de contar. A princípio fez algumas perguntas, mas depressa deixou o assunto morrer.Agora ao ver o nome na lista dos seus pacientes sentiu uma certa curiosidade. Juntamente com a enfermeira foi junto à cama onde estava o tal senhor.
- Bom dia. Como se sente?
Ele não respondeu. Quando olhou para ela abriu os olhos o máximo que pode.
- Que se passa, senhor Abel? Sente-se bem?
- Faz-me lembrar uma pessoa que conheci há muito tempo. Tem tantos traços dela.
- A Eugénia? Sou parecida com ela?
- Sim. Conheceu-a?
- Não. Nem poderia, já que ela faleceu quando me teve.
- É a filha da Eugénia?
- Sim. Fui gerada por ela mas cresci com uns pais maravilhosos.
Abel estava de lágrimas nos olhos. Havia dois anos que tinha regressado da Alemanha. Estava sózinho e doente.
- Doutora, eu sou o seu progenitor. Tenho pena de tudo aquilo em que me tornei. Sei que de pouco adianta mas queria pedir perdão por não ter sido um pai para si.
- Não se esforce agora. Está doente e o que está feito, está feito. Felizmente apareceu papai Miller que me deu muito amor.
- Miller? Rodolffo Miller?
- Sim. Foi esse homem que me educou e me fez ser o que sou hoje. A ele a a mamãe eu devo tudo o que sou hoje.
- Posso pedir-lhe um único favor?
- Se for possível atender.
- Peça ao Miller que venha ver-me, por favor.
- Vou dizer-lhe. Se ele vem ou não, não sei.
Agora vou deixá-lo. Tenho outros pacientes para ver.Valentina saiu dali e realmente aquele homem não lhe dizia nada. Era mais um paciente e iria tratá-lo como tal.
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Deixa-me cantar à Lua
FanfictionA lua. Sempre ela. Grande, linda, sempre lá no alto acolhendo tanto is enamorados, como os tristes solitários. Por isso eu canto para ela.