Cap. XVI

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Amor

Há quase dois anos embarcámos na aventura de ser país da nossa filha sem ao menos nos conhecermos.
Deu certo.  Foi nossa escolha.  Ela foi a minha terapia num momento tão difícil para mim e tu vieste ajudar e muito.
Podia ter dado errado como tantas outras coisas dão errado, mas nós fizemos dar certo.
Apaixonámo-nos e hoje somos uma linda família.

Uma linda família que vai crescer.  Se lá atrás fomos nós que escolhemos ficar com a Valentina, agora vem aí uma outra criança que nos escolheu para sermos seus papais.
Sim,  vamos ser papais de novo e este almoço foi só para te dizer o quanto te amo e o quanto estou feliz por estar a gerar o nosso filho.

Eu te amo, papai lindo

Juliette levantou a tampa da cloche porque Rodolffo não sabia o que fazer.
Sobre o tiramissu, o chefe havia colocado um par de botinhas brancas esculpidas em biskuit.

No momento em que Juliette retirou a tampa, o staff do restaurante bateram palmas fazendo Rodolffo corar de vergonha.  Ele levantou-se, ajoelhou na frente de Juliette e beijou-lhe a barriga. Depois deu-lhe um beijo e voltou a sentar-se.

- Matas-me de vergonha, mas amei a surpresa.  Podia ser a sós, podia,  mas não era a minha Juliette.

Felizmente naquele dia o restaurante não estava lotado, mas os poucos clientes sorriam e enviavam parabéns.

- Quando soubeste, amor?

- Desconfiava, mas a certeza só tive hoje depois de fazer um ultrassom.

- Vamos passar a tarde juntos?  Eu desmarco tudo.

- Não dá, Rodolffo.   Eu tenho consultas marcadas.  Vou chegar um pouco mais tarde, nas devo ir.  Devo sair pelas 16 - 17 horas.

- É como eu.  Volto a correr para casa.  Quero ver a cara da minha mãe.

- Eu acho que ela já desconfiou.  Mãe sempre sabe primeiro.
Vamos embora.   Quanto mais cedo chegar, mais cedo vou para casa.

Rodolffo pagou a conta, deixou boa gorjeta, Juliette agradeceu e saíram abraçadinhos debaixo dos olhares dos demais clientes.

Ele acompanhou-a até à porta do gabinete.  Ao passarem pela sala de espera logo foi dizendo:

- Vou ser papai de novo.  Desculpem a demora dela.

Os pacientes sorriam e davam os parabéns.

Ele despediu-se com um beijo e saiu porta fora quase dançando.
Voltou para o banco e não cabia em si de contente.

Enquanto isso, Juliette recebia os parabéns de cada paciente que entrava no consultório.

Hoje já não são só vocês, buchudinhas.   Agora estamos todas no mesmo barco.   Umas mais adiantadas outras menos.

Juliette terminou as consultas e regressou a casa.  Rodolffo ainda não tinha chegado.  Ela ia esperar por ele para contar à mãe, mas também queria receber a famosa massagem que só ele fazia tão bem.

Deixa-me cantar à LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora