Capítulo 27

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Aviso de gatilho

Eu acordei com a movimentação no outro quarto. Apesar de terem ficado acordados até tarde, no meio da manhã as Raposas já estavam se dedicando a seus afazeres. Aquele era o dia em que o time saía para as férias de inverno, e a maioria deles tinha voos
longos o suficiente para dormir. Allison, Renee e Dan iriam juntas para Bismarck na hora do almoço e chegando lá cada uma seguiria seu caminho. Quando já estivessem há duas horas no avião, o restante das Raposas estaria a caminho do aeroporto de LaGuardia.

Eu tinha compartilhado o convite que Matt fizera na semana anterior às provas e deixado Nicky encarregado das coisas a partir de então. Os planos originais de Nicky de ir para a Alemanha no Natal foram frustrados pela internação de Andrew; não queria ficar tão longe assim de Aaron. Infelizmente, Erik não teria tempo para vir aos Estados Unidos. Isso significava que Matt era a única chance de Nicky conseguir ter férias divertidas.

Nenhum dos chamados monstros da equipe sabia exatamente por que Matt estava sendo legal com eles, mas Nicky estava tão animado em passar o Ano-Novo na Times Square que não se importava. Wymack afirmou estar mais feliz do que Nicky com esse esquema, já que a ausência deles significava que ele poderia finalmente ter um pouco de paz e sossego. Aaron precisou da permissão de seu advogado para poder sair do estado, mas isso foi resolvido com facilidade.

Eu já sabia qual desculpa eu usaria com eles, já que eles me viram falando com meu irmão bastante nos últimos tempo e até mesmo questionam se estava tudo bem. Mesmo assim, eu os ouvia falar de Nova York com brilho nos olhos, o que fazia meu peito arder de forma estranha, como se eu quisesse compartilhar aquela experiência, mesmo que não fosse a minha primeira vez na Times Square.

Eu colocou os cobertores para o lado e me sentou. Levantei o travesseiro para pegar o celular, mas hesitei quando vi as faixas de Andrew. A voz de Nicky na sala afastou seus pensamentos. Eu recolhi o travesseiro no lugar e peguei meu telefone, o colocando no ouvido exatamente quando Nicky abriu a porta e fiz uma expressão de preocupado.

— você tem certeza? como isso foi acontecer? — pergunto no telefone, passando a mão pelo meu rosto, olhando para Nicky para indicar que estava ciente da sua presença.

Nicky abriu a boca para me cumprimentar, mas ficou quieto quando percebeu que eu estava ao telefone. Em vez de sair, se encostou no batente da porta, esperando-o terminar a ligação. Eu já estava contando com a curiosidade de Nicky. Desde que deram o
celular a mim, meses atrás, nunca o tinham visto fazer uma ligação. Eu sinalizei para Nicky que estava quase terminando e se virou.

— você disse que tinha tudo em controle... — eu parei de falar, como se tivesse escutando algo do outro lado da linha. — ...como assim Japão? irmão, é Natal, como você espera que eu vá para lá de uma hora para outra? — esperei mais um tempo, respirando fundo como se estivesse irritado. — ...vou ver o que eu faço, tchau.

Por um minuto, o silêncio reinou. Então Nicky entrou no quarto e fechou a porta. Eu me encostei na parede enquanto Nicky subia até a metade da escada para minha cama no beliche. Ele cruzou os braços sobre o meu travesseiro e me encarou.

— Tudo certo aí? — perguntou Nicky.
— Estou bem.

Nicky só olhou para mim.

— Já tem um tempo que a gente se conhece. Em algum momento você vai ter que parar de mentir na minha cara. Não pareceu uma conversa boa e você não parece bem. Então o que está rolando, de verdade?

Mentirosa Raposa - AndrielOnde histórias criam vida. Descubra agora