5 | Marina

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Depois que o Roberto saiu, fiquei um tempo pensando no que ele tinha falado sobre o seu relacionamento, mas me esforcei para esquecer o assunto porque não era da minha conta.

Dei uma olhada na geladeira e nos armários para ver o que tinha de ingredientes e decidi fazer um empadão goiano e arroz com pequi para Rosane. Cortei os legumes em cubos pequenos, refoguei a cebola e o alho até dourarem, e adicionei o frango desfiado. O cheiro familiar do tempero me fez sorrir. Preparei a massa com cuidado, misturando farinha e manteiga até formar uma textura lisa, e a estendi sobre a assadeira. Enquanto o empadão assava, comecei a preparar o arroz. O aroma que se espalhava pela casa lembrava os almoços em família.

Para complementar, fiz uma salada, combinando alface, rúcula, espinafre e croutons. Lavei as folhas verdes com cuidado, sentindo a água fria escorrer pelos dedos, e adicionei os croutons crocantes por cima.

Quando a mesa já estava posta, fui chamar a minha irmã. Subi as escadas e bati na porta do seu quarto.

— Fiz nosso almoço, Rose! — avisei, sentindo o calor do vapor da cozinha ainda na pele.

— Não! — Ela abriu a porta com o cenho franzido, os olhos arregalados de surpresa. — Você não tem que fazer nada. Você é visita. Eu tenho que te tratar como uma rainha.

Soltei uma risadinha, puxando-a pela mão com carinho.

— A anfitriã também merece ser mimada.

Ela estava com um pijama confortável, bem diferente das roupas sociais que a vi usando durante o dia desde que cheguei aqui.

— Você não vai trabalhar? — perguntei, notando sua expressão relaxada.

— A Bárbara me deu folga.

É que deve ter tirado até a última gota da sua energia no motel, minha querida.

Fomos para o andar de baixo, passamos pela sala, onde a luz do sol entrava pelas janelas, criando um ambiente acolhedor. Ao chegar na cozinha, Rosane deu um sorriso feliz, seus olhos brilhando.

— Nossa, que saudade da comida goiana!

Sentamos à mesa, nos servimos e começamos a comer. O aroma do empadão e do arroz com pequi preenchia o ar, criando uma sensação de lar.

— Você avisou a nossa mãe que já chegou? — Rosane perguntou de repente, quebrando o silêncio.

— Mandei mensagem enquanto estava no aeroporto... Ela te ligou? — respondi, tentando não mostrar a preocupação na voz.

— Ligou e reclamou que você não faz questão deles.

— Vou ligar para eles mais tarde. Eu tô tão feliz que tô no Rio que acabei esquecendo de manter o contato... — suspirei, tentando esconder a culpa.

— Queria que você ficasse mais tempo aqui, Nina. Tem tanta coisa que você ia amar conhecer.

— Posso vir mais vezes.

— Sua irmã mais velha ficaria muito feliz.

Dei um sorriso singelo para ela e continuamos a comer sem falar mais nada. Tudo era confortável com a Rosane até o silêncio. Sentia uma paz ali, como se todas as preocupações desaparecessem temporariamente.

Após o almoço, Rosane disse que ia dormir um pouco e eu fui para o meu quarto. Aproveitei e liguei para os meus pais para pedir desculpas por ser uma filha desnaturada. Conversamos quase uma hora e de repente me vi desejando que nós três nos mudássemos para cá.

Eu amo Goiânia, mas o Rio de Janeiro tem uma vibração muito mais parecida com o que eu sonho para minha vida, por isso fiz o concurso para começar a trabalhar e morar aqui, mesmo sabendo que muitas vezes o processo é demorado.

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