3 | Marina

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Quando chegamos ao destino, nos despedimos do motorista e ele pediu meu número para passar para o filho dele. Minha irmã deu, porque, segundo ela, ele poderia ser o amor da minha vida e eu tinha que arriscar. Fiquei sem jeito, mas não era algo tão ruim. Gostava de fazer novas amizades.

Entramos na estação e eu fotografei cada momento. Teria muito para postar quando a viagem terminasse. Enquanto esperávamos o trem, uma mulher loira, vestindo calça social, camisa estampada e óculos de sol, com jeito de rica, chegou e cumprimentou Rosane com intimidade. Franzi o cenho, e ela me deu um sorriso amigável.

— Ela é a Nina? — a mulher perguntou, me abraçando como se me conhecesse há anos. — Sua irmã fala muito de você.

— Sim, sou eu! Prazer... — respondi, soltando-a devagar para não parecer mal-educada.

— Eu me chamo Bárbara, trabalho com a Rosane.

— Ah, eu não sabia que você ia com a gente — falei, surpresa.

— Nem eu, Nina — Rosane olhou para Bárbara um pouco assustada.

Rosane parecia tão desconfortável quanto eu, mas não cortou o barato da mulher e ela foi com a gente.

Enquanto o trem subia o Corcovado em direção ao Cristo Redentor, eu olhava pela janela e fui imediatamente cativada pela vista deslumbrante. Lá embaixo, via a Lagoa Rodrigo de Freitas brilhando em um azul intenso, cercada pela cidade que se estendia como um mosaico vibrante de edifícios. A vegetação densa, com árvores e arbustos verdes, estava tão perto que quase podia tocá-la. À medida que subíamos, as montanhas apareciam ao fundo, criando um horizonte impressionante. O céu estava parcialmente nublado, com nuvens suaves que contrastavam lindamente com o azul do céu e da água. A mistura da beleza natural com a vida urbana do Rio de Janeiro era simplesmente de tirar o fôlego.

— É realmente incrível, não é? — Rosane comentou, sentindo minha admiração.

— Sim, é maravilhoso — respondi, ainda absorta na paisagem.

— Espero que essa seja uma das muitas memórias incríveis que você levará daqui — ela disse, me abraçando de lado.

Sorri, sentindo-me grata por essa experiência e pela companhia da minha irmã.

Eu não tinha superado a vista quando saímos do trem e começamos a subir a escada para o Cristo Redentor, mas tudo lá de cima era mil vezes mais lindo. A estátua, gigantesca e serena, parecia acolher a cidade inteira em seu abraço. O lugar estava lotado e fiquei triste porque seria difícil fazer uma foto decente, mas a paisagem dali já fazia tudo valer a pena.

Rosane e Bárbara estavam discutindo atrás de mim e eu fiquei curiosa para saber o que acontecia entre as duas, mas não o suficiente para deixar de aproveitar a minha ida no Cristo Redentor. Enquanto caminhava, a brisa leve trazia um aroma salgado do mar misturado com o cheiro da vegetação tropical ao redor. O sol brilhava alto, aquecendo minha pele e intensificando as cores ao meu redor.

— Eu já disse que não queria que você viesse! — Rosane sussurrou, claramente tentando manter a conversa discreta.

— E eu já disse que não me importo com o que você quer! — Bárbara retrucou, a voz carregada de desafio.

Dei um meio sorriso, intrigada com a dinâmica entre as duas. Parecia haver uma história ali que eu desconhecia. Continuei subindo os degraus, o calor começando a fazer efeito, e cada passo parecia um pequeno triunfo.

Chegamos ao topo, e a vista me deixou sem fôlego. O Pão de Açúcar destacava-se no horizonte, e a Baía de Guanabara brilhava como uma joia líquida. Podia ver as praias ao longe, as ondas quebrando suavemente na areia dourada. A cidade abaixo parecia tão pequena, um contraste fascinante com a grandiosidade do monumento acima de nós.

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