27 | Marina

8.2K 727 459
                                    

Terminei de revisar o conteúdo do concurso, fechei o notebook e me espreguicei, sentindo o corpo pedir uma pausa. Estava sozinha em casa, o silêncio pairava como uma companhia inesperada. Aproveitei a solidão para me desligar um pouco de tudo. Levantei da cadeira, caminhando em direção ao banheiro. Precisava de um banho relaxante, algo para limpar a mente e o corpo depois de horas estudando.

Ao entrar no banheiro, senti o piso frio sob os meus pés descalços. Peguei o celular, deslizando os dedos pela tela até encontrar a playlist que queria, e coloquei para tocar. Deixei o som começar a preencher o ambiente, enquanto o vapor do chuveiro já começava a se formar. Me despia lentamente, sentindo o tecido da roupa deslizar pela pele, deixando meu corpo exposto ao ar levemente frio do banheiro. O contraste era revigorante. Já me sentia aliviada por estar ali, à beira de mergulhar na água quente.

Assim que o som da primeira música ecoou no espaço, sorri automaticamente. Era "Malandragem", da Cássia Eller, uma das minhas favoritas. A melodia me envolveu ao mesmo tempo que girava a torneira do chuveiro, e, enquanto a água caía, deixei que o calor invadisse meu corpo, lavando o cansaço do dia. O jato quente escorria pela minha pele, relaxando meus músculos tensos. Fechei os olhos e inclinei a cabeça para trás, deixando que a água encharcasse meu cabelo.

— Quem sabe eu ainda sou uma garotinha... — cantei baixinho, deixando a água lavar o estresse do dia.

Passei shampoo no cabelo, massageando o couro cabeludo devagar, aproveitando cada momento. Depois de enxaguar, apliquei um creme de hidratação, seguindo as instruções da embalagem. Desliguei o chuveiro e me encostei na parede do box, esperando os minutos recomendados para que o produto fizesse efeito.

A música na playlist mudou, e, de repente, o som de um funk pesadão invadiu o banheiro. O ritmo forte me contagiou. Comecei a mexer o corpo, de leve no início, só sentindo o beat. Mas, logo, a batida tomou conta de mim. Me peguei dançando de verdade, sentindo a liberdade de estar sozinha. Coloquei a mão nos joelhos, rebolando, fazendo quadradinho com a bunda, me divertindo sem pensar em nada além da música.

E foi aí que o inesperado aconteceu.

O vidro do box se abriu, e antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, vi o Roberto parado ali, com aquele sorriso malandro no rosto. Meus olhos se arregalaram, e o coração acelerou na hora.

— Quero ser recebido todos os dias assim — ele disse, a voz carregada de uma mistura de humor e desejo.

Senti o rosto queimar, a vergonha me atingindo em cheio. Estava vulnerável, pegando no flagra em um momento que eu jamais imaginaria que ele presenciaria. Me encolhi um pouco, tentando disfarçar a surpresa.

— Não se esconde do seu homem não — ele brincou, rindo enquanto se aproximava.

O jeito relaxado de Roberto logo me fez baixar a guarda.

— Idiota — murmurei, sem conseguir segurar o riso.

O constrangimento começava a passar, e eu voltei a respirar normalmente.

Foi então que notei que ele estava fardado. A farda preta do BOPE realçava seu corpo de um jeito que me fazia perder o fôlego. Eu sempre achei um tesão homens fardados, e com o Roberto não era diferente. Só de olhar para ele, me peguei mordendo o lábio, quase sem perceber. Ele estava irresistível.

Roberto percebeu meu olhar e, sem perder tempo, perguntou com aquele tom despretensioso que só ele sabia usar:

— Posso tomar banho com você?

Senti um arrepio percorrer minha espinha. A ideia de ter ele ali, no box comigo, fez meu coração bater mais forte.

— Claro que pode — respondi, tentando soar casual, mas minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, denunciando o efeito que ele tinha sobre mim.

Conexão ObscenaOnde histórias criam vida. Descubra agora