1 | Marina

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Faroeste Caboclo tocava nos meus fones de ouvido quando avistei minha irmã entrando no aeroporto, olhando para os lados. Abaixei o volume da música e tirei os fones. Um sorriso se formou nos meus lábios enquanto eu me levantava e ia em sua direção, o coração acelerando com a expectativa do reencontro.

Quando estávamos próximas, ela passou por mim sem me notar, e eu franzi o cenho, surpresa.

— Rosane? — chamei-a, e ela olhou para trás, parecendo mais confusa que eu. — Sou eu, Marina!

— NINA! — Ela me examinou dos pés à cabeça, e eu fiz uma pose exagerada, como se estivesse posando para uma foto. — Nossa, você está tão diferente!

Finalmente, ela veio até mim e me abraçou apertado. O calor do seu abraço trouxe à tona uma onda de emoções, lembranças da última vez que a vi, há oito anos, no seu casamento. O cheiro familiar de seu perfume encheu meus sentidos, e por um momento, esqueci todos os anos que nos separaram.

Depois que o marido dela a trouxe para morar definitivamente no Rio de Janeiro, não tivemos a oportunidade de nos reunir novamente. Minha mãe sentia saudades, mas a relação delas sempre foi um pouco conturbada. O meu pai não é o mesmo que o dela, e ela sempre se sentiu rejeitada dentro da nossa família, por mais que meus pais tentassem melhorar a relação. Esse distanciamento entre os três sempre foi incomodo na nossa relação de irmãs.

— Rose? — Ouvi uma voz masculina e me afastei da minha irmã. Ao olhar para o lado, meu coração disparou ao ver meu cunhado. Ele estava com uma expressão impaciente, as sobrancelhas franzidas. — Vamos logo, eu tenho compromissos.

Puta merda, que homem gostoso!

Roberto estava mais atraente do que eu lembrava. Seus olhos penetrantes e a postura firme me deixaram desconcertada. Respirei fundo, tentando disfarçar a bagunça que ele causou em mim, e dei um sorriso sem jeito. Ele apenas assentiu, mantendo sua postura rígida e autoritária, como sempre. Senti um arrepio percorrer minha espinha ao imaginar passar mais tempo ao lado dele.

— Vamos? — Rosane perguntou, interrompendo meus pensamentos. — Roberto está com o tempo contado.

— Claro, vamos — respondi, tentando manter a voz firme enquanto pegava minha bagagem.

Com o coração ainda acelerado, segui-os para o carro, uma mistura de nervosismo e empolgação me acompanhando a cada passo.

***

No carro, seguimos em silêncio. Eu estava no banco de trás, enquanto minha irmã e meu cunhado iam na frente, conversando sobre coisas da casa que estavam faltando. O som baixo do rádio e o murmúrio das conversas entre eles me davam uma sensação de familiaridade, apesar do desconforto inicial de estar na presença de Roberto.

Olhei a paisagem pela janela, observando os prédios, comércios e casas que passavam rapidamente. Nada de praia à vista. Acho que o trajeto que pegamos não passa perto do mar, mas a simples ideia de estar no Rio de Janeiro me deixava empolgada. Era a primeira vez que saia de Goiás.

— Pronta para a prova domingo? — Rosane puxou assunto, virando-se parcialmente para mim. Sua voz carregava um tom de preocupação e incentivo.

— Espero que eu me saia bem — respondi, tentando esconder a ansiedade que sentia.

— Você vai se sair ótima, sempre foi muito estudiosa. — Ela esticou o braço e tocou minha mão, seu toque quente e reconfortante. Retribuí o gesto e dei um sorriso agradecido, sentindo um pouco do nervosismo se dissipar.

Ia passar uns dias no Rio de Janeiro para realizar uma prova de um concurso importante. A princípio, tinha pensado em ficar em um hotel barato por dois ou três dias, mas minha irmã insistiu para eu ficar na casa dela por pelo menos uma semana e eu aceitei. Achei que dez dias seriam o tempo ideal para conhecer a cidade conhecida como maravilhosa e prestar o concurso.

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