26. moça.

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Moça
Você me deixou pirado
'Tá batendo o desespero
'To cheirando o sabonete do mercado
Pra tentar achar teu cheiro

MoçaVocê me deixou pirado'Tá batendo o desespero'To cheirando o sabonete do mercadoPra tentar achar teu cheiro

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Carol. 🩰

Ouvi a campainha tocar, abrindo e dando de cara com um Gerson apático e com feição cansada. Demos um sorrisinho e eu o abracei, beijando seu peito.

Pela primeira vez nesse tempo que nos conhecemos, trocamos poucas palavras, conversando só pelo olhar. O garoto devia estar faminto, que comeu, repetiu e minha comida tava longe de ser gostosa a ponto disso.

- Veio no dia certo, fiz hoje de manhã. - Voltei pra sala, com o prato de bolo de chocolate na mão, enquanto o olho do bichinho chegava a brilhar, me fazendo rir, o entregando.

- Que isso, até começou a tocar Tá Escrito do Revelação mentalmente. - Deu uma garfada, me fazendo rir. - Quer dividir, pretinha?

- Não, lindo... - Acariciei seu rosto e ele comeu, quietinho novamente, levando o prato na cozinha. - Vem cá. - Segurei sua mão, levando ele pro quarto.

Me aproximei, tirando sua camiseta, enquanto ele tirava o tênis, ficando só de samba canção.

Escovamos os dentes, deixei só o abajur aceso e sentei com perna de borboleta na cama, na frente dele.

- Quer falar sobre o que aconteceu? - Ele exitou um pouco, coçando a barba.

- Tu leu alguma coisa?

- Não, só ouvi a versão do Lorran.

- Certo... Essa versão é quase verdadeira, não menti,mas também não contei tudo. De início, realmente era uma discussão de jogo, mas... Ele fez um comentário de fora e perdi a linha.

- Merda de fora? Da tua vida pessoal, no caso?

- É, meio que isso. - Ele fez uma caretinha. - Na real, ele falou sobre você, pretinha. Quando fui ver, a merda já tava feita. - Arregalei os olhos.

- De mim?? O que??

- Babaquisse. Acredito que no mesmo nível que falou contigo aquela dia na Vitrinni, pelo desconforto que você estava. Enquanto ele tava falando de mim, tudo bem. Mas porra, quando ele falou merda de você, fiquei cego. Foi uma falta de respeito que me pegou, não consegui controlar. Juro que não foi uma tentativa de marcar território, mostrar que estamos juntos, nada do tipo, só...Achei tão nojento a forma que ele se referiu a você que reagi no automático.

- Tu não vai falar o que foi, né?

- Não... Tu não merece ouvir. Passei o jantar todo pensando se devia até falar que o motivo era esse, mas tu é a única pessoa com quem eu tô afim de desabafar sobre isso. Não falei pro Lorran porque seria mais uma briga, e de resto, Gabriel foi o único que ouviu. Também não quero que se sinta culpada, nem pivô de nada. Te defender, você presenciando ou não, ao meu ver era o mínimo, já que estou contigo. Conhecendo a assessoria do time, com certeza vou ter que pedir desculpas publicamente de algum jeito, mas quero deixar claro que não me arrependo. Faria de novo tranquilamente. - Tentei segurar, mas não aguentei, dando risada.

- Obrigada por me defender. Não apoio, deixo claro. - Ele riu. - Mas obrigada.

- No fundo apoia sim. - Gargalhei.

- Mas falando sério, como você ta depois disso?

- Tô bem, pretinha. Como disse, não me arrependo, mesmo sabendo da seriedade disso. Só tô puto porque vazou. Time já tá uma merda em campo, polêmica envolvendo agressão de todo lado, não queria que tivesse saído de lá, vai só manchar mais ainda a imagem do flamengo, torcida não merece isso. - Não aguentei e ri, fazendo ele me olhar risonho. - O que?

-Tu com a mão toda ferrada, com multa pra pagar, certeza que ouviu bronca a tarde toda, e a única preocupação segue sendo o time. Acho maneiro a forma que você ama o Flamengo e respeita a torcida. - Ele deu um sorrisinho.

- Sou alucinado nesse time, preta. Desde novinho. Acho que minha relação com a torcida vem disso até, também sou um deles, entendo o desgosto que tá sendo esses últimos meses. Não sei se posso me considerar ídolo na história do clube, mas mesmo que um dia aconteça, o Flamengo sempre será maior que eu. Penso neles primeiro sempre.

- E tu deixa claro isso sempre que entra em campo, raçudo demais.

- Ainda bem que agora estou em campo, porque assistir jogo comigo é triste, dá uma assustada. Inclusive... Eu fiz essa merda, falei que não me arrependo e realmente, mas não sou um cara agressivo, tá? Não quero que fique com essa visão de mim, nem que tenha receio de lidar comigo. - Me aproximei, acariciando seu rosto.

- Isso nem passou pela minha cabeça, lindo. Vem cá... - Segurei sua mão e ele deitou no meu peito, me abraçando,tal qual uma criança, com aquele tamanho todo.

Acariciei seu cabelo, enquanto ele acariciava minha cintura. Mudei de assunto, falando sobre coisas aleatórias e fazendo ele rir a cada bobagem, na intenção de distrai-lo.

- Vai ser feio eu pegar mais um pedaço de bolo?

- Eu acordando amanhã com a cama vazia e a boleira também. - Ele gargalhou.

- Isso era tudo o que eu precisava. - Voltou a deitar a cabeça no meu peito.

- Meu bolo, né? Sou a Maria da Paz pra você. - Ele puxou o ar, mas não aguentou e riu de novo.

- O bolo também, segue sendo o mais gostoso que comi, mas... Tava me referindo a você mesmo. Quando tenho um dia ruim, tudo o que eu mais quero é meu canto, silêncio, ficar quieto. Mas dessa vez, só conseguia pensar em você. Quando tô contigo parece que sei lá, os problemas sempre ficam lá fora. Obrigado por me escutar. - Senti tanto frio na barriga que nem responder consegui, dando apenas um sorrisinho, beijando sua testa e fazendo minha parte no resto da noite, que no caso, foi dar chamego pra ele até os dois apagarem, um grudado no outro.

 - Senti tanto frio na barriga que nem responder consegui, dando apenas um sorrisinho, beijando sua testa e fazendo minha parte no resto da noite, que no caso, foi dar chamego pra ele até os dois apagarem, um grudado no outro

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CAROLINA | GERSON SANTOS Onde histórias criam vida. Descubra agora