E vocês acharam mesmo que tinha acabado, fácil assim?
Megan Johnson...
O silêncio na sala da médica, me deixava levemente desconfortável.
Fazia uns bons minutos que ela havia saído, e me deixado ali, esperando pelo o meu resultado.
Exames de sangue. Nunca suportei agulhas, mas para essa missão em especial, eu fiz um esforço para aguentar.
Minha menstruação estava atrasada, há duas semanas. E fazia dois dias que eu estava acordando enjoada, sem conseguir me alimentar corretamente. Se você é mulher, entende bem esses sinais, e sabe bem o que pode estar por vim.
Para algumas, esse sinal seria uma tragédia. Para outras, o melhor dia de suas vidas. Para mim? Se confirmado, será minha segurança de poder.
A porta foi aberta, e a médica entrou, segurando uma pasta em mãos.
— Desculpe a demora. Acidente de carros, sempre causa um alvoroço na emergência. — Diz ela, se sentando na cadeira à minha frente, do outro lado da mesa. — Estou com seus exames. Vou dar uma olhada nos resultados, pra te passar as respostas corretamente. — Acrescenta, e eu apenas balanço a cabeça, esperando que ela acelerasse com aquilo.
Eu acredito que a sorte esteve comigo, não porque ela quisesse estar, mas sim, porque eu sempre corri atrás do que eu queria. Não importa o que fosse, eu estava disposta a tudo.
Meus pais, Brady Johnson e Marry Johnson, me criaram numa cidade pequena do Texas, dentro de igrejas, todo domingo, numa comunidade que detestava quem não seguia os princípios.
Para alguns, aquilo poderia ser um inferno, com tantas regras a seguir. Eu considerava uma diversão.
Perdi a virgindade aos quinze anos, com um garoto da minha igreja, no banheiro, enquanto aconteciam as preces do domingo de manhã.
Cometer um pecado mortal, embaixo da casa de Deus, fez eu me sentir... poderosa. E quando eu percebi que pecar era bem mais divertido do que viver de forma infeliz seguindo as regras, eu continuei pecando.
Meu pai era um pastor, devoto e amado pela comunidade. E ser filha do pastor, deixava as coisas ainda mais divertidas.
Ser bonita ajudava muito a conquistar os garotos, mas saber manipula-los, era melhor ainda.
Chegava a ser engraçado. Transar com algum deles, enquanto meu pai pregava para uma comunidade inteira sobre o amor de Deus. Os garotos sempre ficavam com medo do castigo divino, mas quando começavam... não se lembravam de mais nada.
Durante um tempo, essa foi uma diversão e tanto. Mas, quando Lívia chegou na minha casa, acolhida pela minha família, depois de ser encontrada largada numa estrada, eu precisei ser mais cuidadosa.
Admito, ter Lívia embaixo do meu teto era bom. Eu a tinha como minha irmã. Uma irmã, com quem eu poderia brincar de forma errada, e ela não deduraria.
Me lembro de quando ela chegou na minha casa, com tantos hematomas pelo corpo, que os meus pais acharam que ela nunca voltaria ao normal. Mas, depois de ser cuidada embaixo do nosso teto, Lívia foi melhorando... e a beleza dela começou a me incomodar.
Durante noites a fio, eu pensava em maneiras de diminuir a beleza dela, de forma acidental, logicamente. No entanto, quando os sinais do transtorno de Lívia começou a dar indícios, eu percebi que a sua loucura seria suficiente para deixa-la feia.
Não me lembro de quantas vezes, diminuía Lívia, somente para me sentir melhor. Os garotos gostavam dela, mas ela nunca teve coragem de seguir em frente com nenhum.
Mas, teve um em especial. Ela achou que ele gostasse dela, e até que o cara gostava. Na época, Lívia me perguntou como seria perder a virgindade, e eu contei, traumatizando sua versão mais jovem, de uma forma tão engraçada. Ela acabou desistindo da ideia, e eu decidi aproveita-la.
Então, durante uma festa da igreja, na fazenda dos meus pais, eu me escondi num celeiro com esse garoto que gostava de Lívia.
Ele achou que eu ia levá-lo para ver ela. Mas, quando eu tirei meu vestido, ele também se esqueceu de tudo no mundo.
Mas, não ficamos a sós por muito tempo.
Lívia foi me procurar, por alguma razão, e depois de muita procura, ela nos encontrou nos fundos do celeiro, com o seu "crush" me comendo tão fundo, que me deixou dolorida por dias.
Depois daquilo, eu acreditei que Lívia iria se vingar. Que iria me humilhar e me deletar para os meus pais. Durante dias, eu esperei por isso, com a adrenalina correndo em minhas veias.
No entanto, Lívia Trainor não fez nada.
Esperei durante dias, até confronta-la a respeito, e quando fiz isso, percebi que ela realmente era uma boa garota. Lívia não fingia ser uma.
Ela cresceu num lar tão fodido, que quando ouvi tudo, tive vontade de vomitar. Isso, e o seu transtorno, eram realmente as únicas coisas prejudiciais que marcavam ela.
Mas, Lívia era uma boa pessoa. Uma pessoa melhor do que eu, devo admitir.
Sim, eu a fiz criar algumas inseguranças, mas por favor! Nunca fiz nada com que ela não conseguisse lidar. E bem... nunca me arrependi de nada, e não vou começar por agora.
Onde eu quero chegar com isso, no fim das contas? Vou explicar.
Lívia Trainor é a prova de que eu tenho sorte comigo. Ela poderia ter me destruído, mas não o fez. E graças a ela, Igor Lorev não me matou, depois do que fiz com ele.
Eu implorei para não ser morta, dizendo que Lívia ficaria sem ninguém, se eu morresse. E isso poderia afetar seu psicológico ruim, mais ainda.
Igor Lorev teve compaixão de mim. E me mandou embora, logo depois, mas nunca vou reclamar disso.
Ela era a prova de que eu precisava, de que meus pecados valiam o preço. E eu agradecia por ela ter entrado no meu caminho.
Agora, estou cometendo meu maior risco, por uma razão maior. E dessa vez. Eu preciso que a sorte se agarre a mim.
— Bom, senhorita Johnson... — Murmura a médica, chamando a minha atenção. Arrumando minha postura, a encaro ansiosa, esperando pelo que ela tinha a me dizer. — Seus exames estão normais, exceto por um detalhe.
Um frio na barriga me atingiu, e estranhamente, eu senti como se... estivesse cercada pelo frio. Como se eu estivesse sendo congelada, de fora para dentro.
O sorriso da médica surgiu, e ela finalmente pronunciou as palavras que eu queria ouvir.
— Meus parabéns, senhorita Johnson. Você está grávida. — Anunciou a médica, e eu relaxei na cadeira.
E no fim das contas, eu, Megan Johnson, ainda sou uma vadia sortuda.
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Dúvidas no Amor [ Segunda temporada ] CONCLUÍDO
Romance[ Advogados ] [ Máfias ] [ Romance ] [ +18 ] [ Segredos Obscuros ] Dizem que as grandes histórias de amor, são super parecidas com contos de fadas ou os típicos clichês que amamos. Bom, para nossa Alessandra Beltrano, não será bem assim. Agora, co...