capítulo 6

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Noite Silenciosa

Olivia estava no quarto do hospital ao lado da cama de Fin, onde ele estava deitado, ainda inconsciente. O som das máquinas monitorando seus sinais vitais era o único ruído constante, um lembrete cruel da fragilidade da vida. Melinda, irmã de Fin, estava em pé ao lado de Olivia, com uma expressão cansada e preocupada.

"Olivia," começou Melinda, sua voz baixa e um pouco trêmula, "Eu... eu preciso de um favor."

Olivia se virou para ela, o cansaço em seus próprios olhos espelhando o de Melinda. "Claro, Melinda. O que você precisar."

Melinda suspirou, cruzando os braços e olhando para o chão. "Meu marido... ele trabalha à noite e não tem ninguém para ficar com as crianças. Eu preciso ir para casa, mas... eu não quero deixar Fin sozinho."

Olivia imediatamente assentiu. "Não se preocupe, Melinda. Eu fico com ele. Pode ir tranquila e, se precisar de alguma coisa, me avisa."

Os olhos de Melinda se encheram de gratidão. "Obrigada, Olivia. Eu sabia que podia contar com você."

Olivia apenas sorriu de leve, tentando passar confiança, mesmo que por dentro estivesse tão preocupada quanto Melinda. Ela observou enquanto Melinda se aproximava de Fin, segurando sua mão por um momento antes de se inclinar para beijar sua testa. "Eu volto pela manhã, Fin," ela sussurrou, com a voz carregada de emoção. "Você precisa melhorar, tá? A gente precisa de você."

Com um último olhar para o irmão, Melinda se virou para Olivia. "Eu vou indo. Qualquer coisa, me ligue."

"Pode deixar," respondeu Olivia, observando Melinda sair do quarto com um misto de alívio e culpa. Ela entendia o quanto era difícil para Melinda deixar o irmão naquele estado, mas ao mesmo tempo sabia que era necessário.

Agora, sozinha com Fin, Olivia puxou a poltrona para mais perto da cama. Sentou-se, cruzou os braços e soltou um longo suspiro. A dor de cabeça que a acompanhava desde cedo pulsava em suas têmporas, como um lembrete constante da tensão e do estresse que acumulava. Mas isso era irrelevante diante do que estava acontecendo.

Ela pegou o celular, olhou as mensagens e, como se estivesse prevendo, uma mensagem de Amanda apareceu na tela.

Amanda: "Oi, Liv. Como estão você e o Fin?"

Olivia demorou um pouco antes de responder, os dedos pesando sobre a tela. Finalmente, digitou:

Olivia: "Ele está na mesma, ainda inconsciente. Os médicos disseram que o próximo dia será crucial. Eu estou bem, só com uma forte dor de cabeça."

Amanda: "Imagino o quanto deve estar sendo difícil para você. Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me avise."

Olivia: "Obrigada, Amanda. Eu vou dormir aqui com ele essa noite."

Amanda: "Sei que ele vai sair dessa, Liv. Ele é forte. Assim como você."

Olivia sorriu levemente ao ler a última mensagem. Fin sempre foi uma rocha na vida de todos, e ela sabia que ele era forte, mas não conseguia afastar o medo que pairava sobre seu coração. Ela digitou uma última mensagem antes de guardar o celular.

Olivia: "Vamos torcer por isso. Vou tentar descansar um pouco."

Ela se recostou na poltrona, tentando encontrar uma posição confortável, mas a dor de cabeça parecia piorar à medida que a noite avançava. Apesar disso, ela conseguiu manter os olhos abertos por um tempo, observando o rosto tranquilo de Fin, se perguntando se ele estava em algum lugar, consciente do que estava acontecendo.

A exaustão, no entanto, acabou vencendo Olivia. Suas pálpebras ficaram pesadas e, pouco a pouco, ela foi se entregando ao sono, mesmo que inquieto. A última coisa que sentiu antes de adormecer foi a profunda preocupação que tinha por Fin, o medo de perdê-lo, algo que a fazia tremer até o âmago.

Algumas horas se passaram, e o quarto hospitalar permaneceu envolto em um silêncio quase absoluto, interrompido apenas pelos sons rítmicos das máquinas. Então, por volta das 3:30 da madrugada, Olivia acordou subitamente, uma dor lancinante atravessando sua cabeça como se estivesse sendo golpeada. Ela gemeu baixinho, segurando as têmporas enquanto se inclinava para a frente.

"Merda," murmurou para si mesma, fechando os olhos na esperança de que a dor passasse por si só. Mas não passou.

Com dificuldade, Olivia se levantou da poltrona e abriu sua bolsa. Vasculhando rapidamente, encontrou o frasco de analgésicos que sempre levava consigo, especialmente em tempos de estresse. Sem pensar duas vezes, tomou um comprimido, engolindo-o com um gole de água de uma garrafa que havia trazido antes. Ela se recostou novamente na poltrona, esperando que o alívio viesse logo, mas enquanto esperava, seus pensamentos não a deixaram em paz.

Pensamentos Obscuros

Enquanto o analgésico começava a fazer efeito, Olivia se viu contemplando as possíveis consequências do estado de Fin. E se ele não sobrevivesse? Essa pergunta, que vinha rondando sua mente desde que soubera da gravidade de sua condição, a assolava agora com uma força que a fazia se sentir sufocada.

Olivia sabia o quanto Fin era importante para ela. Eles haviam passado por tantas coisas juntos, enfrentado tantos perigos, que ele se tornara não apenas um colega, mas um irmão de coração. Perder Fin seria como perder uma parte dela mesma, uma parte que ela não sabia se conseguiria reconstruir.

"Você não pode morrer, Fin," ela sussurrou, sua voz quebrando o silêncio da sala. "Eu... eu não sei o que faria sem você."

As lágrimas começaram a se formar em seus olhos, mas Olivia as conteve, piscando rapidamente. Não podia se dar ao luxo de fraquejar agora. Fin precisava dela, assim como todos os outros, e ela tinha que ser forte, por mais que a dor emocional e física estivesse tentando derrubá-la.

Ela voltou a se ajeitar na poltrona, tentando encontrar um pouco de conforto. Seus olhos se fecharam novamente, e desta vez, o cansaço foi maior que a dor. Enquanto a mente começava a se desligar, um pensamento a acompanhou até o sono: Fin tinha que sobreviver. Ele simplesmente tinha que.

Amanhecer

Quando Olivia acordou na manhã seguinte, o quarto já estava banhado pela luz do sol. O analgésico havia feito efeito, e a dor de cabeça estava muito mais tolerável, embora uma sombra dela ainda permanecesse. Olivia olhou para Fin, notando que ele ainda estava na mesma, mas parecia um pouco mais tranquilo.

Melinda chegou logo depois, parecendo um pouco mais descansada, mas ainda tensa. Ela agradeceu Olivia por ter ficado a noite inteira, visivelmente aliviada por encontrar o irmão ainda vivo. Olivia se esforçou para sorrir e garantir a Melinda que tudo estava sob controle, mesmo que por dentro ainda estivesse lutando com seus próprios medos.

Enquanto Melinda se acomodava ao lado de Fin, segurando a mão dele e sussurrando palavras de incentivo, Olivia sentiu uma leve onda de esperança. Talvez, apenas talvez, Fin conseguisse sair dessa. E ela sabia que, se ele o fizesse, seria em grande parte por causa do amor e do apoio que ele tinha ao seu redor.

Olivia olhou para Fin uma última vez antes de se despedir de Melinda e sair do quarto. A luz do dia a envolveu enquanto caminhava pelo corredor do hospital, e ela respirou fundo, tentando se livrar dos restos da ansiedade que ainda a acompanhavam.

Ela sabia que a jornada ainda estava longe de acabar, mas pelo menos agora havia um pouco de esperança para se agarrar. E, no fundo de seu coração, Olivia sabia que, enquanto ela e os outros continuassem lutando por Fin, ele também continuaria lutando.

Ruptura SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora