capítulo 12

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Olivia ficou ali, sentada no braço do sofá, com o telefone ainda em suas mãos, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade. Saber que Fin estava estável era um consolo, mas a incerteza do futuro ainda pesava sobre ela como uma nuvem escura e densa. Ela se levantou e começou a andar pelo apartamento, uma necessidade quase compulsiva de se manter em movimento tomando conta dela. Era como se a quietude da manhã, combinada com a solidão que se seguiu à partida de Ana, trouxesse à tona todos os medos e preocupações que ela tentava evitar.

A mente de Olivia voltou ao hospital, a imagem de Fin deitado na cama, conectado a tubos e máquinas, presa em seus pensamentos. A ideia de perdê-lo era insuportável. Fin era mais do que apenas um colega; ele era como um irmão, alguém que sempre esteve ao lado dela nos momentos mais difíceis, alguém em quem ela podia confiar sem reservas. Perder Fin significaria perder uma parte essencial de sua vida, uma parte que ela sabia que jamais poderia substituir.

Olivia sabia que precisava encontrar uma forma de acalmar seus pensamentos. Talvez fazer alguma coisa prática ajudasse, algo que a distraísse da ansiedade crescente. Ela decidiu arrumar o apartamento, uma tarefa mundana que, esperava, a ajudaria a se concentrar em algo concreto, em vez de se perder em suas preocupações. Começou pela sala, recolhendo os papéis que estavam espalhados sobre a mesa, organizando-os em pilhas ordenadas. Depois, passou para a cozinha, onde lavou a louça do almoço que Ana havia trazido. As tarefas simples tinham um efeito quase terapêutico, permitindo que ela se desconectasse, pelo menos temporariamente, da montanha-russa emocional em que estava.

No entanto, por mais que tentasse, a dor de cabeça persistia, um lembrete constante de que algo não estava certo. Olivia tentou ignorá-la, se convencendo de que era apenas o estresse acumulado, mas sabia que não podia continuar assim indefinidamente. Sentia-se exausta, tanto física quanto emocionalmente, e o esforço para manter uma fachada de normalidade estava começando a cobrar seu preço.

Após terminar de arrumar o apartamento, Olivia se viu sem mais nada para fazer. Ela considerou ligar para Ana, talvez para agradecer novamente pela visita ou simplesmente para conversar, mas desistiu da ideia. Ana já tinha feito muito, e Olivia não queria sobrecarregá-la com suas preocupações. Em vez disso, decidiu sair para dar uma volta. Precisava de ar fresco, de se afastar das quatro paredes que pareciam estar se fechando ao seu redor.

Vestiu um casaco leve e saiu do apartamento, descendo as escadas em direção à rua. O ar fresco da manhã, agora se transformando em uma tarde amena, a envolveu, trazendo um alívio imediato. Olivia começou a caminhar sem destino certo, permitindo que seus pés a guiassem pelas ruas conhecidas. Não havia um plano, apenas a necessidade de se mover, de se sentir viva em meio à confusão de emoções que a consumia.

Enquanto caminhava, Olivia se pegou observando as pessoas ao seu redor, cada uma delas seguindo suas próprias rotinas, imersas em suas vidas. A cidade estava cheia de vida, mas, ao mesmo tempo, ela se sentia desconectada, como se estivesse observando tudo de fora, uma espectadora em sua própria vida. A sensação de solidão voltou com força total, e, por um momento, ela considerou voltar para casa, onde pelo menos poderia se esconder em sua solidão sem a sensação de estar à margem.

Mas, ao invés disso, Olivia continuou a caminhar, deixando seus pensamentos vagarem. Acabou se encontrando em frente ao parque onde costumava correr nos dias de folga. O parque estava relativamente calmo, com algumas crianças brincando ao longe e casais caminhando de mãos dadas. Ela decidiu entrar, encontrando um banco vazio próximo a um dos lagos. Sentou-se, observando a água calma e o reflexo do sol que criava brilhos sobre a superfície.

Sentada ali, em meio ao som suave do vento nas árvores e dos pássaros cantando, Olivia finalmente permitiu que seus ombros relaxassem. Havia algo reconfortante na natureza, uma serenidade que parecia acalmar a tempestade dentro dela. No entanto, a dor de cabeça persistia, embora mais distante, como um zumbido constante no fundo de sua mente.

Ela ficou ali por um tempo, sem prestar atenção ao passar das horas, apenas se permitindo existir no momento. O mundo parecia menos assustador sob o céu aberto, e, por um breve instante, Olivia conseguiu se desligar das preocupações. Mas, como sempre, a realidade logo voltou a invadi-la. Sua mente retornou ao hospital, a Fin, e à incerteza do que o futuro reservava para ambos.

Finalmente, Olivia decidiu que era hora de voltar para casa. Levantou-se do banco e começou a caminhar de volta pela mesma rota que havia feito anteriormente. A caminhada de volta foi tranquila, e ela se sentiu um pouco mais centrada, um pouco mais em controle. No entanto, a dor de cabeça estava começando a incomodar mais uma vez, um sinal de que o estresse estava novamente tomando conta.

Ao chegar em casa, Olivia se deu conta de que ainda havia muito do dia pela frente. Era difícil acreditar que tantas horas haviam passado desde que Ana havia saído, mas o relógio não mentia. Ela precisava encontrar algo para fazer, algo que a mantivesse ocupada até que pudesse descansar novamente.

Decidiu tentar assistir a algum programa de TV, algo leve que não exigisse muito de sua atenção. Encontrou um antigo programa que costumava assistir, uma comédia que, em tempos normais, sempre a fazia rir. Mas, por mais que tentasse, a leveza do programa parecia artificial, distante de suas emoções atuais. Ela assistiu a alguns episódios, mas sua mente continuava a vagar, incapaz de se concentrar no que estava acontecendo na tela.

Eventualmente, Olivia desistiu de assistir TV e foi para o quarto, onde se jogou na cama, esperando que o sono a alcançasse mais cedo do que o habitual. Estava exausta, tanto mental quanto fisicamente, e o simples ato de se deitar na cama trouxe uma sensação de alívio. Fechou os olhos, tentando se desligar do mundo exterior, mas, como tantas vezes antes, seus pensamentos continuaram a rodopiar em sua mente, dificultando o descanso.

O tempo parecia passar devagar, e Olivia não conseguia se lembrar da última vez que se sentira tão desgastada. Sabia que o Dr. Bernstein estava certo, que precisava de repouso e de tempo para se recuperar, mas parte dela sentia que não podia se dar ao luxo de parar. Havia tanto em jogo, tanto que dependia dela, que a ideia de se permitir descansar parecia quase uma traição.

Mas, eventualmente, o cansaço venceu. Olivia se viu sucumbindo ao sono, seus pensamentos se dissipando conforme a exaustão tomava conta de seu corpo. Finalmente, ela caiu em um sono profundo, um sono sem sonhos, onde pelo menos por algumas horas, ela poderia se esquecer de todas as preocupações que a assombravam.

***

Na manhã seguinte, Olivia acordou com o som suave de pássaros cantando do lado de fora da janela. O relógio ao lado da cama marcava 8h30. Ela se espreguiçou, sentindo os músculos ainda um pouco rígidos, mas a dor de cabeça havia diminuído, e ela se sentia um pouco mais descansada do que na noite anterior.

Olivia levantou-se lentamente, indo até a cozinha para preparar um café. O ritual da manhã, com seu aroma familiar, trouxe uma sensação de normalidade, algo que ela desesperadamente precisava. Enquanto o café coava, ela pensou sobre o que faria naquele dia. Havia pouco a fazer, a não ser esperar pelos resultados dos exames e aguardar notícias do hospital sobre o estado de Fin.

Enquanto tomava seu café, Olivia ouviu seu telefone vibrar sobre a mesa. Ela o pegou e viu uma mensagem de Ana.

“Bom dia, Liv. Como você está se sentindo hoje? Eu posso passar aí depois do trabalho, se você quiser.”

Olivia sorriu ao ler a mensagem. A preocupação e o cuidado de Ana eram reconfortantes, e ela se sentia grata por ter alguém como ela em sua vida. Respondeu rapidamente, dizendo que estava se sentindo melhor e agradecendo pela oferta, mas que ela poderia descansar depois do trabalho, sem precisar se preocupar com ela.

Depois de responder à mensagem, Olivia decidiu que iria tirar o dia para realmente descansar, como o Dr. Bernstein havia recomendado. Não iria ao trabalho, não iria se sobrecarregar. Ela iria tentar, pelo menos por um dia, se colocar em primeiro lugar, cuidar de si mesma como cuidaria de qualquer outra pessoa que estivesse na mesma situação.

Olivia passou o resto do dia em um ritmo mais lento, alternando entre ler um livro que havia começado há semanas e assistir a alguns filmes que sempre traziam conforto. Ela fez pequenas caminhadas pelo apartamento, tentando manter seu corpo em movimento, mas sem forçar demais. Aos poucos, foi se permitindo relaxar, a tensão em seus ombros diminuindo conforme o dia avançava.

Quando a noite finalmente chegou, Olivia se sentia mais em paz do que havia se sentido em semanas. A dor de cabeça estava sob controle, e, embora ainda houvesse uma sensação de cansaço, era diferente daquela exaustão esmagadora que havia

Ruptura SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora