capítulo 37

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Com Fin💭

Fin estava sentado em sua cadeira, fitando a tela do computador, mas sua mente estava longe, perdida em pensamentos sobre Olivia. A mulher mais forte que ele conhecia, a capitã que enfrentava os maiores monstros com coragem e determinação, agora estava travando a luta mais difícil de sua vida. Ele sabia que o câncer era uma batalha cruel, uma que desgastava o corpo e a alma, mas se havia alguém capaz de vencê-la, era Olivia. Ainda assim, o pensamento de vê-la sofrendo, de vê-la vulnerável, apertava seu coração. Ele sempre a enxergara como uma irmã, e agora, mais do que nunca, ele desejava poder tomar para si um pouco do peso que ela carregava.

"Minha pequena guerreira", pensava ele, uma expressão que nunca verbalizara, mas que sempre ecoava em sua mente quando pensava em Olivia. Ela não era pequena em tamanho até porque 1.98 de altura não era pra qualquer um kkkk, nem em espírito, mas era assim que ele a via, uma força colossal em um corpo que ele sentia a necessidade de proteger, mesmo sabendo que ela odiaria esse tipo de pensamento. Olivia não era alguém que gostava de ser protegida. Ela era a protetora, sempre colocando os outros à frente de si mesma. Agora, porém, ele sabia que ela precisava de todos ao seu lado.

Olhando pela janela, Fin lembrou-se da última vez que a viu antes de mais uma sessão de quimioterapia. Olivia estava mais cansada, mais frágil, mas ainda com aquele olhar determinado que ele tanto admirava. Ela tentava não demonstrar o quanto tudo isso estava pesando, mas Fin a conhecia bem demais. Ele via a dor nos olhos dela, o cansaço que nenhum sorriso conseguia esconder. E, ainda assim, lá estava ela, indo ao trabalho, fazendo o possível para manter sua rotina. "Isso é a Liv", pensou. "Ela nunca desiste, nunca baixa a cabeça." Mas, por dentro, ele sabia que ela estava se desgastando, e isso o deixava com o coração apertado.

A doença o fazia sentir-se impotente. Ele estava acostumado a agir, a resolver as coisas de maneira prática. Mas como ele poderia ajudá-la a superar isso? Não havia vilão a ser derrotado, não havia caso a ser resolvido com sua habitual astúcia. Era algo que estava além de seu controle, e essa sensação de incapacidade o corroía por dentro. Ele sabia que tudo o que podia fazer era estar ali, disponível, pronto para ajudar no que fosse preciso, mas isso parecia tão pouco comparado ao que Olivia estava enfrentando.

E, nesse turbilhão de pensamentos, outra coisa começava a se formar na mente de Fin. Ele não conseguia deixar de notar como Ana estava presente na vida de Olivia ultimamente. A conexão entre as duas era inegável, algo que ele via claramente, mesmo que nenhuma delas admitisse. Fin sorria internamente toda vez que pensava nisso. “Essas duas têm o molho”, pensava ele, uma expressão que usava para descrever casais que pareciam ter algo especial, algo que exalava química e atração de longe.

Ele sempre foi bom em perceber essas coisas, e com Olivia e Ana não era diferente. Desde que Ana começou a passar mais tempo ao lado de Olivia, a atmosfera entre elas havia mudado. Não era só o cuidado, não era só a amizade profunda. Havia algo mais, algo que pairava no ar sempre que as duas estavam juntas. Ele via os olhares trocados, os sorrisos cúmplices, a forma como Ana parecia sempre saber exatamente o que Olivia precisava. Era como se Ana estivesse curando partes de Olivia que nem o melhor dos tratamentos médicos conseguia tocar. E vice-versa. Olivia parecia mais leve quando Ana estava por perto, como se a presença dela a ajudasse a esquecer, por alguns momentos, o peso da doença.

Fin balançou a cabeça com um sorriso discreto. Ele sabia como essas coisas funcionavam. Elas podiam não admitir agora, podiam até estar confusas com o que estavam sentindo, mas ele tinha certeza de que as duas estavam no caminho de algo maior. “Elas formariam um casal lindo,” pensou. Ele podia sentir o tesão, a química entre elas, algo inegável, mas que elas, por algum motivo, ainda tentavam suprimir. Ele conhecia aquele olhar, aquele brilho nos olhos, aquele toque casual que sempre parecia durar um segundo a mais do que o necessário.

E então havia Myrela. Ah, a pequena Myrela, que trazia uma alegria e leveza para a vida de Olivia e de Ana que nenhum dos dois adultos poderia proporcionar sozinha. A menina era um raio de luz, sempre correndo pela casa, rindo e fazendo piadas. Ela havia se apegado tanto a Olivia, e era fácil ver por quê. Olivia, com sua paciência e carinho, era quase uma figura materna para Myrela agora, e Fin não podia deixar de sorrir quando pensava nisso. Na verdade, a pequena já havia mencionado várias vezes que gostaria que Olivia fosse sua mãe também. Era algo que Ana tinha contado para ele em uma das conversas que tiveram, e, de alguma forma, Fin sabia que a ideia já havia cruzado a mente de Olivia também, ainda que ela não estivesse pronta para admitir.

"Elas já são uma família," pensou Fin, deixando escapar um suspiro pesado. "Só falta elas perceberem." Era engraçado, de certa forma, como a vida funcionava. Em meio à dor e à incerteza de uma doença tão grave, algo tão bonito como o amor parecia estar florescendo. E não era só o amor entre Olivia e Ana, mas o amor de uma família que estava se formando ali, quase como se fosse o destino delas. E Myrela... Ah, essa menina tinha um dom. Ela conseguia trazer um sorriso ao rosto de Olivia mesmo nos dias mais difíceis, conseguia fazer Ana relaxar e esquecer suas preocupações por um tempo.

Fin não tinha dúvidas de que, com o tempo, Olivia e Ana iriam se dar conta do que estava acontecendo entre elas. E quando isso acontecesse, ele estaria lá para apoiá-las, assim como sempre esteve. Ele sabia que Olivia era forte, mais forte do que qualquer outra pessoa que conhecia, e que ela venceria essa luta. Mas sabia também que a presença de Ana, e o amor que estava crescendo ali, seriam partes essenciais dessa vitória.

Pensando em tudo isso, Fin sentiu uma paz interior que há tempos não sentia. Era uma mistura de alívio e esperança, uma crença inabalável de que, apesar das dificuldades, tudo acabaria bem. Ele não podia prever o futuro, mas tinha certeza de uma coisa: Olivia, Ana e Myrela formariam uma família, e ele estava feliz por poder testemunhar isso, por estar presente nesse momento tão importante da vida delas.

"Elas têm o molho", ele repetiu em voz baixa, com um sorriso nos lábios, antes de voltar sua atenção para o trabalho. Sabia que, apesar de todas as dificuldades, o futuro ainda guardava algo bonito para as três. E ele, como irmão de coração de Olivia, estaria ali, torcendo por elas, pronto para apoiar essa nova fase que ele sentia estar prestes a começar.

Ruptura SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora