Olivia não pôde deixar de sorrir ao ver Ana e Myrella juntas no jardim. Havia algo de reconfortante na cena, algo que fazia com que seus ombros se relaxassem, mesmo que apenas por um breve momento. Ela se aproximou lentamente, sentindo o vento brincar com seus cabelos enquanto refletia sobre as últimas horas.
"Você voltou rápido," comentou Ana com um sorriso, levantando-se do chão onde estava sentada com Myrella.
"Sim, só precisava de um pouco de ar. O parque estava tranquilo," respondeu Olivia, sua voz calma, mas ainda com uma sombra de cansaço evidente.
Myrella correu até Olivia, estendendo os braços. "Titia Liv, você quer brincar com a gente?"
Olivia olhou para a menina, e por um momento, todo o peso que carregava pareceu desaparecer. Ela se agachou, pegando Myrella no colo. "Claro, pequena. O que vocês estavam fazendo?"
"Brincando de esconde-esconde, mas eu sempre ganho!" Myrella declarou com uma risada alta, cheia de alegria infantil.
Ana observava a interação das duas com um olhar afetuoso. Ver Olivia sorrir, mesmo que por um momento, trazia-lhe uma sensação de alívio, mas também aumentava a confusão que sentia sobre seus próprios sentimentos. Havia uma mistura de desejo de cuidar, de proteger, e algo mais profundo que ela não ousava admitir nem para si mesma.
Depois de brincarem por alguns minutos, Olivia, exausta, sugeriu que voltassem para dentro. "Eu acho que vou me sentar um pouco, o ar livre é ótimo, mas me cansa mais rápido do que eu gostaria," disse, ainda com Myrella em seus braços.
"Claro, vamos entrar. Vou pegar um pouco de água para você," disse Ana, já caminhando em direção à cozinha.
Dentro da casa, Olivia se acomodou no sofá, soltando um suspiro enquanto Myrella se aconchegava ao seu lado. Ana voltou logo depois, trazendo um copo de água e uma expressão séria.
"Liv, você precisa descansar. Sei que você odeia ouvir isso, mas não dá para forçar tanto. Eu sei o quanto você é forte, mas também precisa se cuidar," disse Ana, sentando-se ao lado dela.
Olivia tomou um gole da água, sentindo a preocupação nas palavras de Ana. Ela sabia que Ana tinha razão, mas a frustração de não estar no controle a corroía. "Eu sei, Ana, é só... difícil. Eu odeio me sentir assim, dependente. Nunca foi do meu feitio."
Ana sorriu com simpatia. "Eu sei como é, mas, por favor, Liv, não carregue isso sozinha. Você tem pessoas ao seu redor que se importam, que querem ajudar."
Olivia assentiu, mas seu olhar se desviou para Myrella, que brincava distraidamente com um boneco no chão. As palavras de Ana ecoavam em sua mente. Ter ajuda era uma coisa, mas ela ainda não conseguia aceitar totalmente a vulnerabilidade que vinha junto com isso.
Ana observou a tensão no rosto de Olivia e sentiu a necessidade de suavizar o ambiente. "Sabe, Myrella disse mais cedo que quer dormir aqui hoje de novo. Você acha que aguenta mais uma noite de agitação infantil?"
Olivia riu suavemente, embora ainda cansada. "Claro que sim. Ela sempre é bem-vinda. Na verdade, ela é a distração perfeita que eu preciso."
A tarde passou devagar, com Ana ajudando Olivia a organizar algumas coisas enquanto Myrella, sempre cheia de energia, inventava brincadeiras. Apesar da exaustão que sentia, Olivia não pôde deixar de notar o quão natural era ter Ana e Myrella em sua casa, como se fossem parte de sua família. Aquela dinâmica a fazia questionar suas próprias escolhas e, especialmente, o que estava sentindo.
Quando a noite começou a cair, Ana colocou Myrella para tomar banho, deixando Olivia sentada no sofá, seus pensamentos girando em torno da conversa que tiveram mais cedo. A preocupação de Ana, o carinho em seus gestos, e até mesmo a forma como ela a olhava, tudo estava claro agora. Olivia sabia que havia algo mais ali, mas o que fazer com isso era outra questão.
Assim que Myrella saiu do banho, com o cabelo molhado e vestida em seu pijama rosa, Olivia ajudou a secar os fios bagunçados. Myrella ria enquanto Olivia tentava domar as mechas indisciplinadas. Ana, parada na porta, observava a cena com um sorriso sereno. A simplicidade daquele momento contrastava com as complexidades não ditas entre ela e Olivia, mas, por ora, Ana decidiu deixar as coisas como estavam.
Após colocar Myrella na cama, Ana e Olivia voltaram para a sala. Um silêncio confortável se instalou entre elas, mas ao mesmo tempo, havia uma certa tensão no ar, como se ambas estivessem conscientes das emoções que não eram verbalizadas.
"Obrigada por tudo hoje, Ana. Eu realmente não sei o que faria sem você," disse Olivia, quebrando o silêncio.
Ana olhou para ela com um olhar sério. "Eu faria qualquer coisa por você, Liv. Você sabe disso."
A intensidade das palavras de Ana fez Olivia desviar o olhar por um momento, incapaz de encarar o que estava subentendido. Ela sentia a conexão entre elas, algo que sempre esteve ali, mas que se tornava cada vez mais difícil de ignorar. Contudo, agora não parecia o momento certo para explorar esses sentimentos, não com tudo o que estava acontecendo em sua vida.
"Eu sei," disse Olivia, finalmente olhando para Ana, sua voz suave. "E eu aprecio isso mais do que você pode imaginar."
Ana sorriu, mas o desconforto ainda pairava no ar. Ela sabia que havia muito mais a ser dito, mas também sabia que Olivia estava lidando com muito. O medo de perder a amizade ou de complicar ainda mais a vida de Olivia a fazia hesitar.
"Bem, acho que é melhor eu me preparar para a noite. Vou ficar por aqui no caso de você precisar de algo," disse Ana, levantando-se.
"Você já fez tanto por mim. Não precisa ficar," Olivia disse, mas havia uma parte dela que se sentia aliviada por não ficar sozinha.
Ana balançou a cabeça com um sorriso suave. "Eu quero ficar, Liv. Além disso, Myrella não vai querer ir embora agora, e eu também gosto de estar aqui."
Olivia sorriu, sentindo o calor das palavras de Ana. Era bom saber que, apesar de toda a confusão em sua vida, ela tinha alguém em quem confiar. No entanto, mesmo com essa segurança, as dúvidas sobre o que sentia por Ana começavam a se intensificar.
Ambas subiram para se preparar para dormir. Myrella já estava profundamente adormecida no quarto, e Ana decidiu ficar no quarto de hóspedes, deixando Olivia em sua própria cama. Mas, enquanto deitava, Olivia não conseguia evitar pensar em Ana, no quanto ela significava para ela e no que aquilo tudo poderia significar.
A madrugada passou lentamente, com Olivia acordando algumas vezes, sentindo as dores de sua condição, mas sempre tentando voltar a dormir. Cada vez que fechava os olhos, ela se lembrava das palavras de Ana, da preocupação que ela demonstrava e da forma como ela parecia se importar tanto. Isso a deixava com o coração apertado, mas ao mesmo tempo, sentia-se grata por tê-la ao seu lado.
Pela manhã, o cheiro de café novamente invadiu a casa, acordando Olivia de seus pensamentos agitados. Ela se levantou com mais calma desta vez, indo até a cozinha, onde Ana já estava de pé, preparando o café da manhã, como fizera no dia anterior.
"Bom dia," disse Olivia, sua voz ainda rouca de sono.
"Bom dia," respondeu Ana com um sorriso suave. "Espero que você tenha dormido melhor."
"Foi uma noite tranquila, considerando tudo," Olivia respondeu, sentando-se à mesa.
Enquanto as duas tomavam café juntas, Olivia percebeu que, mais cedo ou mais tarde, precisaria lidar com seus sentimentos. Ana era importante para ela, e talvez fosse hora de entender o que realmente sentia. Mas, por agora, ela estava disposta a aproveitar o momento, sem pressa de definir o futuro. Afinal, a vida já tinha complicações suficientes.
Myrella entrou na cozinha, ainda meio sonolenta, e correu para o colo de Olivia. A sensação de ter a menina ali, junto de Ana, trouxe um conforto inesperado, e por um instante, Olivia se permitiu imaginar como seria ter essa pequena família ao seu lado .
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Ruptura Silenciosa
FanfictionSinopse Aos 28 anos, a Capitã Olivia Benson fez história ao se tornar a primeira mulher a alcançar o posto de capitã na polícia, liderando uma equipe de elite composta por Elliot, Amanda, Fin, Carisi e Ana. Respeitada por sua competência e determin...