capítulo 11

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Olivia acordou com a luz do sol invadindo a sala através das cortinas entreabertas. Os músculos do seu corpo estavam doloridos, resultado de uma noite passada no sofá, e sua cabeça ainda latejava, embora de forma mais branda. Ela piscou algumas vezes, tentando se situar, antes de lentamente se levantar e alongar o corpo. Seu celular estava ao lado dela, e ela pegou o aparelho para verificar as horas: 10h15. Mais tarde do que pretendia acordar, mas considerando tudo, ela se deu um passe livre por ter dormido um pouco mais.

As palavras do Dr. Bernstein sobre priorizar sua saúde ainda ecoavam na mente de Olivia. Sabia que deveria aproveitar o dia de folga para descansar, mas algo dentro dela a impelia a se manter ocupada, a não se entregar completamente ao medo e à ansiedade que a cercavam. Talvez fosse o hábito de sempre estar em movimento, de sempre ter algo a fazer, mas a ideia de ficar em casa, sozinha com seus pensamentos, não lhe parecia nada atraente.

Enquanto tomava um banho quente, Olivia se pegou pensando em Fin novamente. A ausência dele pesava mais do que ela gostaria de admitir. Aquele sentimento de perda iminente era algo com o qual ela nunca aprendera a lidar, mesmo depois de tantos anos no trabalho. Ela estava acostumada a enfrentar o perigo de frente, mas quando se tratava das pessoas que amava, a vulnerabilidade era devastadora.

Após o banho, Olivia vestiu algo confortável, mas não se deu ao trabalho de arrumar o cabelo ou se maquiar. Afinal, planejava ficar em casa, e a última coisa que precisava era se preocupar com a aparência. Ela se dirigiu para a cozinha, onde encontrou a cesta de frutas que Ana havia deixado na noite anterior. Pegou uma maçã, mordendo-a distraidamente enquanto vagava pelo apartamento. Cada canto do lugar parecia mais vazio do que o habitual, mais frio e distante.

Determinada a não ficar ociosa, Olivia pegou uma pilha de documentos que havia trazido do trabalho na semana anterior, antes que tudo começasse a desmoronar. Ela se sentou à mesa da cozinha e começou a revisar os papéis, tentando se concentrar no conteúdo. Eram relatórios de casos recentes, análises preliminares, e um ou outro memorando administrativo. Mas por mais que tentasse, seu foco continuava a desviar. As palavras nos documentos perdiam o sentido conforme sua mente vagava de volta para as últimas semanas, para Fin e para as incertezas que ainda pairavam sobre ela.

Com um suspiro, Olivia largou os papéis, passando as mãos pelo rosto. A exaustão mental era quase tão forte quanto a física. Ela sabia que precisava relaxar, mas como? Deixar de lado o controle não era algo que ela fazia facilmente. E, no fundo, sabia que seu desejo de permanecer ocupada era apenas uma forma de evitar enfrentar o medo que se instalara em seu coração.

O som de uma batida leve na porta a tirou de seus pensamentos. Olivia levantou-se rapidamente, surpreendida, e foi até a porta, espiando pelo olho mágico antes de abrir. Para sua surpresa, viu Ana do outro lado, segurando um saco de papel que parecia conter comida.

"Eu trouxe almoço", disse Ana com um sorriso, assim que Olivia abriu a porta.

Olivia ficou momentaneamente sem palavras. "Ana... você não precisava fazer isso. Você já fez tanto por mim."

"Eu sei, mas queria ver como você estava. Além disso, a comida está ótima, e eu não queria que você passasse o dia comendo maçãs", Ana respondeu, levantando o saco de papel como prova.

Olivia não pôde deixar de rir. "Entre, por favor."

Ana entrou, deixando o saco sobre a mesa da cozinha. "Você parece melhor", ela observou, olhando Olivia de cima a baixo.

"Estou me sentindo um pouco melhor", Olivia admitiu, embora soubesse que ainda estava longe de se sentir completamente bem.

"Ótimo, porque eu trouxe comida suficiente para um pequeno exército", Ana brincou, começando a tirar os recipientes do saco. "Tem sopa, salada, e um pouco de macarrão com molho caseiro. Você precisa se alimentar bem."

Ruptura SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora