capítulo 8

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O Alívio que Nunca Vem

Depois de um dia exaustivo na delegacia, Olivia finalmente se permitiu ir para casa, sabendo que Carisi ficaria com Fin no hospital naquela noite. Isso lhe dava algum alívio, mas o peso da preocupação ainda estava lá, pressionando contra seu peito.

Ao chegar em casa, Olivia olhou ao redor, vendo o ambiente familiar, mas sentindo-se distante de tudo. Sua cabeça doía intensamente, como se cada pulsação do coração enviasse uma nova onda de dor pelo crânio. Mesmo assim, ela sabia que precisava comer algo, então foi até a cozinha e preparou algo leve, uma simples sopa. Mas, ao tentar comer, sentiu o estômago se revirar. Cada colherada parecia uma batalha que ela estava perdendo.

Depois de algumas tentativas frustradas, Olivia empurrou a tigela para longe, resignada. Seu corpo estava rejeitando qualquer coisa que não fosse descanso. Decidida a tentar se recompor, ela foi tomar um banho, esperando que a água quente pudesse, de alguma forma, aliviar a tensão acumulada em seus músculos e na sua mente.

O banheiro estava envolto em vapor, o que proporcionava uma sensação de conforto momentâneo. A água escorrendo pelo corpo trouxe uma pequena sensação de alívio, mas a dor de cabeça persistia, latejando sem parar. Quando Olivia finalmente saiu do chuveiro, enxugou-se lentamente, sentindo cada movimento pesar como se estivesse lutando contra uma maré invisível.

Assim que deu alguns passos em direção ao quarto, uma onda de tontura a atingiu. Ela teve que se segurar na parede para não cair. O mundo parecia girar ao seu redor, e tudo que ela conseguia pensar era em chegar até a cama. Com esforço, ela conseguiu dar mais alguns passos trôpegos e finalmente se deitou, sentindo o colchão acolhê-la, mas a dor de cabeça, em vez de diminuir, apenas piorou. Fechou os olhos, tentando encontrar algum conforto na escuridão.

Nesse estado de vulnerabilidade, Olivia sentiu um desejo quase instintivo de ligar para Fin, como se a voz dele pudesse, de alguma forma, acalmá-la. Mas, ao pegar o celular, a realidade a atingiu com força. Fin não estava disponível. Ele estava no hospital, lutando contra seus próprios demônios, e ela não podia perturbá-lo.

Desesperada, Olivia rolou a lista de contatos até encontrar o nome de Ana. Ela hesitou por um momento, sentindo-se culpada por incomodar alguém tão tarde da noite, mas a dor estava insuportável. Sem pensar muito, apertou o botão para ligar.

Ana atendeu quase que imediatamente, e sua voz soou preocupada do outro lado da linha. "Capitã? Está tudo bem?"

"Eu... eu preciso de ajuda," Olivia conseguiu dizer, sua voz fraca e tremendo de dor. "Por favor..."

Houve uma pausa curta, mas logo Ana respondeu com determinação. "Estou a caminho. Estarei aí em cinco minutos, aguente firme, tá?"

Olivia desligou, sentindo uma mistura de alívio e vergonha. Ela odiava sentir-se fraca, odiava ter que depender de outros, mas agora não havia outra opção. A dor estava ofuscando tudo, e o simples ato de respirar parecia exaustivo.

Ela fechou os olhos, tentando se acalmar até Ana chegar. Cada minuto parecia uma eternidade, e a sensação de impotência só aumentava. O que ela mais queria naquele momento era apagar essa dor, esquecer, mesmo que por algumas horas, a realidade que estava lhe consumindo.

Quando Ana chegou, alguns minutos depois, entrou rapidamente com a chave reserva que Olivia havia dado a equipe em um momento de necessidade, então todos da equipe tinham uma chave reserva da casa de cada um. Ao ver Olivia deitada, claramente abatida, Ana se aproximou com cuidado, sentando-se ao lado da cama.

"Olivia, estou aqui," disse Ana suavemente, segurando a mão dela. "Vamos dar um jeito nisso, ok?"

Olivia apenas assentiu, incapaz de formular uma resposta mais elaborada. O toque de Ana, quente e firme, era um pequeno consolo em meio à tempestade de dor e ansiedade que a dominava.

Ana rapidamente pegou o celular de Olivia e ligou para o médico, explicando a situação enquanto observava atentamente a amiga. O médico recomendou que Olivia tomasse um analgésico mais forte e fosse monitorada de perto, sugerindo que, se a dor não passasse ou piorasse, uma ida ao hospital seria necessária.

Ana correu até o armário de remédios de Olivia, procurando por algo que pudesse ajudar. Quando voltou, ajudou Olivia a tomar o remédio, e então, ficou ao lado dela, segurando sua mão e murmurando palavras de conforto. "Eu vou ficar aqui até você melhorar," prometeu Ana, vendo a agonia nos olhos da amiga.

Olivia tentou protestar, dizer que Ana não precisava ficar, mas o cansaço e a dor a silenciaram. Ela estava exausta demais para discutir, exausta demais para resistir à ajuda que tanto precisava. E, embora não quisesse admitir, sentir alguém ao seu lado naquele momento era exatamente o que ela precisava.

Minutos se passaram, e Olivia começou a sentir os efeitos do remédio, a dor lentamente diminuindo. Ainda estava lá, uma presença incômoda, mas já não era a onda avassaladora que a havia paralisado antes. Com Ana ali, segurando sua mão e garantindo que ela estava segura, Olivia finalmente conseguiu fechar os olhos e deixar o cansaço levar a melhor.

Enquanto a capitã adormecia, Ana suspirou aliviada, mas a preocupação ainda estava presente. Ela sabia que Olivia era forte, talvez a pessoa mais forte que conhecia, mas mesmo as pessoas mais fortes precisavam de ajuda de vez em quando. E Ana estava determinada a garantir que Olivia recebesse todo o cuidado e apoio que merecia.

Ana ajeitou-se melhor na cadeira ao lado da cama, decidida a passar a noite ali, cuidando da capitã como ela faria por qualquer membro da sua equipe. Afinal, elas não eram apenas colegas de trabalho; eram família, e isso significava estar lá nos momentos mais difíceis, mesmo que Olivia não quisesse admitir que precisava.

E assim, com Ana velando seu sono, Olivia finalmente conseguiu descansar, o corpo e a mente entregando-se à exaustão que vinha sendo acumulada por dias. O caminho para a recuperação ainda seria longo, mas naquele momento, com a ajuda de Ana, ela estava em paz.

Ruptura SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora