Ruptura Silenciosa

capítulo 14

A manhã  de Olivia passou voando e naquela tarde, Olivia estava em casa tentando relaxar. Apesar do tédio e da dor de cabeça persistente, ela ainda se sentia grata pelo jantar e a companhia de Ana e Myrela na noite anterior. Tentou se distrair lendo um livro, mas sua mente constantemente vagava para os pensamentos sobre Fin e sua recuperação. A tensão parecia não a abandonar.

O toque de seu celular a tirou de seus pensamentos. O coração de Olivia deu um salto, temendo o pior, mas ao ver o nome de Carisi na tela, ela atendeu imediatamente.

"Liv, tenho boas notícias," Amanda começou sem rodeios, sua voz carregando um tom de alívio. "Fin acordou, e os médicos dizem que ele está respondendo bem. Ele está perguntando por você."

Olivia fechou os olhos, deixando que um suspiro profundo escapasse. A notícia era tudo o que ela precisava ouvir naquele momento. "Obrigada, Amanda. Estou a caminho," disse ela, já se levantando para se arrumar.

Ao chegar no hospital, Olivia tentou manter sua expressão serena, escondendo o desconforto que a dor de cabeça ainda causava. Encontrou a equipe reunida na entrada da sala de Fin, todos com semblantes mais leves e esperançosos. Elliot, Amanda, Carisi, e até mesmo Ana estavam presentes, ansiosos para ver seu amigo e colega.

"Liv," Elliot foi o primeiro a notá-la, aproximando-se com um sorriso de alívio. "Que bom que você veio. Ele vai adorar te ver."

Olivia sorriu de volta, fazendo o possível para parecer tranquila. "Não perderia isso por nada. Como ele está?" perguntou, tentando focar a atenção em Fin e não em si mesma.

"Está cansado, mas consciente. Está preocupado com você, na verdade," respondeu Amanda, olhando com curiosidade para Olivia, como se tentasse ler o que estava por trás daquele rosto sereno.

"Vou tranquilizá-lo," disse Olivia, sentindo o peso das atenções voltadas para ela. Antes que alguém pudesse insistir, ela se dirigiu ao quarto de Fin.

Ao entrar, encontrou Fin deitado na cama, com um sorriso fraco, mas genuíno, ao vê-la. "Liv... Você veio," ele murmurou, sua voz rouca e baixa.

"Claro que vim, parceiro," respondeu Olivia, aproximando-se e pegando sua mão. "Você me assustou, sabia?"

"Desculpe... não foi minha intenção," brincou Fin, embora seu humor estivesse claramente afetado pela fraqueza.

Olivia riu suavemente, sentindo um alívio imenso ao vê-lo, ainda que enfraquecido, mas vivo e lutando. Eles conversaram um pouco sobre o que aconteceu, Fin perguntando detalhes que ele não lembrava, e Olivia preenchendo as lacunas com cuidado, sem mencionar seus próprios problemas.

"Olivia," Fin começou, olhando-a com mais seriedade. "Todos estão preocupados com você. Você parece exausta... está tudo bem?"

Olivia hesitou por um breve momento, mas logo voltou a usar seu tom tranquilizador. "Estou bem, Fin. Só precisava de um pouco de descanso. Amanhã estou de volta ao trabalho."

Fin a observou com um olhar avaliador, claramente não completamente convencido, mas sabendo que Olivia tinha suas maneiras de lidar com as coisas. "Só não se esqueça de cuidar de si mesma, tá bom?"

Ela sorriu, apertando levemente a mão dele. "Você também."

Pouco depois, a equipe entrou no quarto para ver Fin, e Olivia se afastou, deixando que os outros aproveitassem a presença do amigo. Ficou em um canto, observando, mas a dor de cabeça latejante a lembrava constantemente de seu próprio mal-estar. Ela sabia que precisava descansar, mas não queria preocupar os outros, especialmente quando Fin ainda estava se recuperando.

Depois de um tempo, Olivia decidiu que era hora de deixar o hospital. Ela se despediu de Fin, garantindo que ele estava em boas mãos, e prometeu voltar no dia seguinte. Ao sair do quarto, foi abordada por Ana, que a seguira discretamente.

"Liv, posso falar com você por um segundo?" Ana perguntou, sua voz baixa para que os outros não ouvissem.

Olivia assentiu, acompanhando Ana até um canto mais tranquilo do corredor.

"Por que você não contou a eles sobre as dores de cabeça?" Ana foi direta, sua preocupação evidente.

Olivia suspirou, fechando os olhos por um momento enquanto tentava encontrar as palavras certas. "Eu não queria preocupar ninguém. Fin acabou de acordar, e todos estão tão aliviados... Achei que seria melhor assim."

"Mas você não está bem, Olivia," Ana insistiu, sua voz suave, mas firme. "Você precisa se cuidar também. Esconder isso não vai ajudar ninguém, especialmente você."

Olivia sabia que Ana estava certa, mas ainda assim, a ideia de preocupar sua equipe, especialmente Fin, parecia um fardo desnecessário. "Eu vou lidar com isso, Ana. Eu prometo. Só preciso de um pouco mais de tempo."

Ana a observou por um momento, depois assentiu lentamente. "Eu não vou insistir, mas saiba que estou aqui para ajudar. Qualquer coisa, a qualquer hora."

"Obrigada, Ana. Significa muito para mim," disse Olivia sinceramente, tocando o braço da colega em um gesto de gratidão.

Elas se despediram, e Olivia foi para casa, sentindo o peso das últimas semanas ainda sobre seus ombros, mas determinada a seguir em frente. A dor de cabeça continuava, mas ela sabia que precisava enfrentá-la de alguma forma, assim como fazia com tudo na vida — um passo de cada vez, com a força e a determinação que sempre a caracterizaram.

Naquela noite, enquanto tentava descansar, Olivia pensou em Fin, na recuperação lenta, mas segura, que ele estava tendo. Pensou também em Ana e na pequena Myrela, que haviam trazido um pouco de luz em um período tão sombrio. E, por um breve momento, permitiu-se acreditar que, apesar de todas as dificuldades, as coisas poderiam, eventualmente, voltar ao normal.