capítulo 22

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Olivia chegou ao café onde combinara de se encontrar com Ana. Era um local tranquilo, com poucas pessoas, ideal para a conversa que ela sabia que precisava ter. O ambiente era aconchegante, com luzes suaves e o cheiro agradável de café recém-passado. Ela se sentou em uma mesa perto da janela, tentando acalmar os nervos enquanto esperava por Ana. Seu coração estava acelerado, e a cada segundo que passava, ela se sentia mais dividida entre falar e manter tudo em segredo.

Minutos depois, Ana entrou no café, sorrindo ao avistar Olivia. Ela se aproximou da mesa e cumprimentou Olivia com um abraço caloroso, que a fez sentir um pouco mais à vontade.

“Bom te ver, Liv. Você parece cansada. Está tudo bem?” Ana perguntou, sentando-se à frente dela. Havia uma preocupação genuína em sua voz, e Olivia sabia que era hora de contar a verdade, mesmo que uma parte dela ainda hesitasse.

Olivia sorriu de volta, mas o sorriso não alcançou seus olhos. “Ana, eu... preciso falar com você sobre algo importante.” Sua voz estava um pouco trêmula, mas ela sabia que não podia mais adiar.

Ana percebeu o tom sério na voz de Olivia e inclinou-se ligeiramente para frente, ficando mais atenta. “Claro, Liv. O que aconteceu?”

Olivia respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas. “Eu... fui ao médico, pegar os resultados dos exames por causa das dores de cabeça que venho tendo. Eu achei que fosse apenas estresse, ou algo do tipo, mas...” Ela pausou, sentindo um nó na garganta. “Eu fui diagnosticada com câncer.”

O silêncio que se seguiu foi quase palpável. Ana ficou sem palavras por um momento, claramente chocada com a revelação. “Câncer?” ela repetiu, quase como se estivesse tentando processar o que Olivia acabara de dizer.

Olivia assentiu, sentindo os olhos marejarem. “É, em estágio dois. O médico quer fazer uma biópsia para determinar se o tumor é benigno ou maligno, mas... só de ouvir aquela palavra já foi um choque.”

Ana segurou a mão de Olivia sobre a mesa, apertando-a levemente. “Liv, meu Deus... Sinto muito. Você deve estar apavorada.” Havia uma mistura de tristeza e empatia na voz de Ana, mas também uma firmeza, como se estivesse pronta para apoiar Olivia de qualquer forma necessária.

“Estou... Estou assustada, mas... Eu ainda não contei a ninguém, além de você. Não sei como fazer isso. Não sei como seguir em frente com tudo isso.” Olivia admitiu, sentindo-se vulnerável como poucas vezes antes. Ela sempre foi a rocha para os outros, mas agora parecia que o mundo estava desmoronando ao seu redor.

Ana fez uma pausa, pensando no que dizer. “Liv, você não precisa enfrentar isso sozinha. Sei que não é fácil, mas deixar as pessoas saberem o que você está passando pode te ajudar a lidar com isso. Todos nós nos preocupamos com você, e sei que Fin, Amanda, Carisi, e até mesmo Elliot fariam qualquer coisa para te ajudar.”

Olivia assentiu novamente, mas uma lágrima solitária escapou de seus olhos. “Eu sei... Mas é difícil. Eu sempre fui aquela que cuida dos outros, que mantém tudo sob controle. Agora sinto que estou perdendo isso, que estou perdendo o controle.”

Ana apertou a mão de Olivia com mais força. “Você não está perdendo o controle, Liv. Você está lidando com algo incrivelmente difícil, e só porque precisa de ajuda, não significa que é menos forte. Na verdade, pedir ajuda é um sinal de força.”

Olivia respirou fundo, absorvendo as palavras de Ana. Ela sabia que sua amiga estava certa, mas ainda havia uma parte dela que se recusava a aceitar a ideia de ser vulnerável diante dos outros. No entanto, a conversa com Ana lhe deu uma nova perspectiva. Talvez fosse o momento de começar a abrir um pouco das suas emoções para aqueles que realmente importavam.

“Obrigada, Ana. Eu realmente precisava ouvir isso. Não sei se estou pronta para contar a todos, mas... Vou pensar nisso.” Olivia disse, enxugando as lágrimas que ameaçavam cair.

Ana sorriu de maneira encorajadora. “Não se apresse, Liv. Você tem o tempo que precisar. Só saiba que estamos todos aqui por você, quando estiver pronta.”

Elas passaram o restante da manhã conversando, com Olivia se sentindo um pouco mais leve por ter finalmente compartilhado seu segredo com alguém. Ana foi cuidadosa em não pressioná-la a contar a mais pessoas, mas deixou claro que estava ali para apoiá-la em cada passo do caminho.

Na manhã seguinte, Olivia acordou com um pouco mais de clareza. Ela havia passado a noite pensando na conversa com Ana e sabia que, eventualmente, teria que contar para os outros. Mas, por enquanto, ela se concentrou em suas próximas ações. Tinha a biópsia marcada para a próxima semana, e até lá, decidiu que manteria a rotina o mais normal possível.

Ela se preparou para ir à delegacia, tentando focar no trabalho e manter a mente ocupada. Quando chegou, Fin já estava lá, mexendo em alguns papéis em sua mesa. Ele olhou para ela quando entrou e deu um meio sorriso. “Bom dia, capitã.”

Olivia sorriu de volta, mas sabia que Fin estava observando-a atentamente. “Bom dia, Fin. Como está se sentindo?”

“Estou bem, só quero voltar logo ao trabalho em tempo integral.” Fin respondeu, mas Olivia podia ver que ele ainda não estava 100%. Ela assentiu, sabendo que ele compartilhava do mesmo sentimento—o desejo de voltar ao normal, mesmo que as coisas nunca fossem completamente normais novamente.

Ao longo do dia, Olivia tentou manter o foco, mas a realidade de sua situação continuava pesando em sua mente. Quando finalmente chegou a hora de ir para casa, ela se sentiu exausta, tanto física quanto emocionalmente. Mas, pelo menos, sabia que não estava completamente sozinha.

Naquela noite, Olivia decidiu que não iria se isolar. Ela mandou uma mensagem para Ana, agradecendo por tudo, e depois, enviou uma mensagem para Fin, perguntando como ele estava. Fin respondeu rapidamente, dizendo que estava bem, mas que sentia falta do trabalho. Olivia sorriu ao ler a mensagem, percebendo que, mesmo em momentos difíceis, eles ainda estavam lá um para o outro.

Ela decidiu preparar um jantar simples para si mesma, algo que a distraísse e a mantivesse ocupada. Enquanto cortava os legumes, pensou em como contar a verdade para Fin e os outros, mas ainda não encontrou as palavras certas. Tudo ainda parecia muito recente, muito assustador.

Após o jantar, Olivia se acomodou no sofá com um livro, mas sua mente continuava vagando. Pensava na biópsia, no que os resultados poderiam significar, e no impacto que isso teria em sua vida. Mesmo sabendo que tinha o apoio de seus amigos, a ideia de enfrentar isso ainda era incrivelmente intimidante.

Antes de ir para a cama, Olivia olhou-se no espelho do banheiro e viu o cansaço refletido em seus olhos. “Você vai superar isso,” ela sussurrou para si mesma. Era uma promessa, uma afirmação, e, ao mesmo tempo, uma tentativa de acalmar os medos que a assombravam.

Com esse pensamento, ela finalmente se deitou, decidida a enfrentar cada dia de cada vez. Ela sabia que o caminho à frente seria difícil, mas também sabia que era mais forte do que qualquer desafio que pudesse enfrentar. E, quando o momento certo chegasse, ela estaria pronta para compartilhar sua luta com aqueles que mais se importavam com ela. Até lá, ela encontraria força em si mesma e no apoio silencioso de seus amigos mais próximos.

Ruptura SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora