Sob Pressão
Depois de uma noite inquieta ao lado de Fin no hospital, Olivia se permitiu ir para casa apenas para tomar um banho rápido e trocar de roupa. Ela sabia que precisava manter a compostura e estar pronta para qualquer coisa, especialmente com a equipe contando com ela. Mas a preocupação com Fin ainda estava pesada em seu coração, e as poucas horas de sono que conseguiu não foram suficientes para aliviar o cansaço ou a tensão.
Ao chegar à delegacia, Olivia percebeu o vazio que a ausência de Fin deixava. A voz alta e firme dele, sempre trazendo uma energia peculiar ao ambiente, fazia falta. Era estranho como a simples presença dele podia preencher tanto espaço, e agora, sem ele ali, tudo parecia... quieto demais. Ela suspirou enquanto caminhava pelo corredor, o barulho das botas ecoando levemente, e sentiu uma pontada de saudade. O dia estava apenas começando, mas ela já sabia que seria longo.
Carisi e os outros membros da equipe estavam conversando na área comum quando Olivia passou. Carisi, com sua energia habitual, foi o primeiro a se aproximar.
"Capitã, como ele está?" Carisi perguntou, a preocupação evidente em seus olhos.
Olivia parou, forçando um sorriso que não alcançava seus olhos cansados. "Ainda na mesma, mas os médicos estão otimistas. Só precisamos continuar torcendo."
A equipe assentiu em compreensão, expressando seu apoio em pequenos gestos e palavras. Todos estavam claramente preocupados, mas havia trabalho a ser feito. Olivia sabia que eles precisavam dela tanto quanto Fin, e isso lhe dava um propósito, mesmo que seu coração estivesse pesado.
Ela entrou em sua sala e fechou a porta, sentindo-se momentaneamente aliviada por estar sozinha. Mas o alívio foi breve. A dor de cabeça que antes estava tolerável voltou com uma força esmagadora, como se uma faixa estivesse sendo apertada ao redor de sua cabeça. Ela sentiu o enjoo subir em sua garganta, e sua visão começou a embaçar.
Olivia sentou-se pesadamente em sua cadeira, fechando os olhos enquanto respirava fundo, tentando se concentrar. Tinha que trabalhar. Tinha que se focar no que precisava ser feito, mas a dor estava se tornando uma distração impossível de ignorar.
Ana, que estava em sua mesa do lado de fora, notou a expressão tensa de Olivia através do vidro da porta e decidiu que precisava fazer algo. Ela hesitou por um momento, mas vendo que ninguém mais parecia perceber, se levantou e foi até a sala da capitã. Batendo levemente antes de entrar, Ana fechou a porta atrás de si e olhou para Olivia, que estava visivelmente abatida.
"Capitã, você está bem?" Ana perguntou, sua voz carregada de preocupação. "Você não parece nada bem."
Olivia mal conseguia abrir os olhos, a luz da sala era como um punhal em suas têmporas. "Ana, por favor, fecha a janela," pediu, a voz fraca.
Ana obedeceu rapidamente, indo até a janela e fechando as cortinas para bloquear a luz. Assim que o fez, ela se virou para Olivia, apenas para vê-la se inclinar para o lado da cadeira. Antes que pudesse reagir, Olivia vomitou ao lado da mesa, seu corpo cedendo ao mal-estar que vinha tentando ignorar.
Ana correu até ela, pegando um lenço e entregando-o para Olivia, que tentava limpar a boca e recuperar o controle. "Capitã, você não está bem," Ana disse, a preocupação evidente. "Isso é mais do que só uma dor de cabeça."
Olivia respirou fundo, lutando para manter a compostura, apesar do que acabara de acontecer. "É só a dor de cabeça... ela estava forte e acabou me deixando enjoada," explicou, sua voz trêmula. "Vai passar."
Mas Ana não parecia convencida. "Você precisa descansar, ou pelo menos ver um médico. Isso não é normal, Olivia."
Olivia forçou um sorriso, tentando acalmar Ana, mas mesmo esse simples gesto parecia drenar o pouco de energia que lhe restava. "Eu vou ficar bem, Ana. Só preciso de um momento. Preciso continuar aqui, com tudo o que está acontecendo..."
Ana não sabia o que fazer. A lealdade à capitã era forte, mas a preocupação pela saúde dela estava crescendo a cada segundo. "Eu não quero te pressionar, mas por favor, considere ir para casa ou para o hospital. Nós podemos cuidar das coisas aqui por um tempo. Fin precisa de você em boas condições, não assim."
Olivia suspirou, sabendo que Ana estava certa, mas também consciente de que não podia simplesmente se afastar. A pressão era enorme, mas como líder, sentia que era seu dever continuar, independentemente das consequências para si mesma. No entanto, o corpo estava começando a lhe trair, e isso a preocupava mais do que gostaria de admitir.
"Ana, eu prometo que vou descansar um pouco depois," Olivia disse finalmente, em um tom que tentava encerrar a discussão. "Mas agora, eu só preciso de um momento para me recompor. Se eu sentir que não posso continuar, eu paro, está bem?"
Ana hesitou, claramente insatisfeita com a resposta, mas ela sabia que insistir não ajudaria. "Tudo bem," disse, mesmo que a preocupação ainda estivesse estampada em seu rosto. "Mas se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me avise. E, por favor, não force demais."
Olivia assentiu, grata pela compreensão de Ana. "Obrigada. E desculpe por isso."
Ana deu um pequeno sorriso antes de sair da sala, fechando a porta atrás de si. Mas antes de sair completamente, ela se virou para dar uma última olhada em Olivia, ainda preocupada. Havia algo errado, ela podia sentir, mas também sabia que Olivia era teimosa e dedicada demais para se deixar cuidar por completo.
De volta à sua mesa, Ana tentou se concentrar no trabalho, mas sua mente continuava voltando para Olivia. Ela digitava, respondia e-mails, mas estava decidida a ficar de olho na capitã, pronta para agir se a situação piorasse.
Dentro da sala, Olivia se levantou com dificuldade e foi até o pequeno banheiro que havia em sua sala para limpar o que restava do incidente. Ela lavou o rosto, sentindo a água fria como uma forma de acordá-la da dor e do cansaço que estavam lhe consumindo. Ao se olhar no espelho, viu o reflexo de uma mulher exausta, a dor visível em seus olhos.
"Eu consigo passar por isso," murmurou para si mesma, quase como um mantra. "Eu tenho que."
Depois de se recompor, Olivia voltou para sua mesa. A dor de cabeça ainda estava lá, latejando como uma sombra persistente, mas ela tentou ignorá-la enquanto pegava os documentos que precisava revisar. Trabalhar era sua maneira de lidar com a situação, sua forma de tentar manter o controle em meio ao caos.
O dia passou lentamente, com Olivia mergulhada em relatórios e investigações, mas a dor e o mal-estar eram constantes, uma lembrança inescapável de que seu corpo estava perto do limite. Cada vez que Ana passava pela sala, espiava a capitã, preocupada, mas sem querer interferir mais do que já havia feito.
Finalmente, no final do expediente, quando o escritório estava começando a esvaziar, Olivia decidiu que precisava fazer o que Ana havia sugerido. Ela não estava em condições de continuar, e sabia que, se quisesse estar lá para Fin, precisaria cuidar de si mesma primeiro.
Arrumando suas coisas com a lentidão de alguém que estava se arrastando pelo dia, Olivia deixou sua mesa e saiu da delegacia, com a promessa de que descansaria e procuraria ajuda se a dor de cabeça não melhorasse. A última coisa que queria era ser um fardo para sua equipe ou estar incapacitada no momento em que Fin mais precisasse dela.
Enquanto caminhava para fora do prédio, sentiu uma onda de exaustão tão grande que mal conseguia manter os olhos abertos. Mas havia uma determinação silenciosa dentro dela, uma chama que, por mais fraca que estivesse, ainda a impulsionava para frente.
Ela só precisava sobreviver a mais esse dia, e depois... bem, depois ela poderia começar a pensar em si mesma.
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Ruptura Silenciosa
FanfictionSinopse Aos 28 anos, a Capitã Olivia Benson fez história ao se tornar a primeira mulher a alcançar o posto de capitã na polícia, liderando uma equipe de elite composta por Elliot, Amanda, Fin, Carisi e Ana. Respeitada por sua competência e determin...